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Natalense gasta mais com dívidas

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Andrielle Mendes – repórter

O natalense foi o que mais comprometeu a renda com pagamento de dívidas no país em 2011, segundo a Radiografia do Endividamento das Famílias das Capitais Brasileiras, divulgada ontem pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo (Fecomércio/SP). A taxa de comprometimento de renda na capital potiguar avançou mais de dois pontos porcentuais, entre 2010 e 2011, passando de 36,47% para 38,8%. No país, a taxa ficou em torno de 29,4%. De acordo com economistas mais conservadores, o índice não poderia ser superior a um terço da renda das famílias, ou seja, 33,33%.

#SAIBAMAIS#A capital potiguar também registrou alta na taxa de endividamento, no valor da dívida por famílias e no valor total da dívida das famílias, que subiu 22,3%, passando de R$ 212 milhões para R$ 249 milhões, no período. O número de famílias endividadas também subiu em Natal, passando de 153.047, em 2010, para 172. 857, em 2011 – um incremento de 12,9%, a segunda maior alta no Nordeste. Para Júlia Ximenes, economista e analista técnica da Fecomércio/SP, a taxa de endividamento continuará subindo, de forma ‘saudável’, em todo o país.

Um estudo divulgado no início do mês pelo Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene) – vinculado ao Banco do Nordeste (BNB) – e pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Norte (FCDL/RN) mostrou que os índices de consumidores endividados, com dívidas atrasadas, e de comprometimento da renda familiar em Natal atingiram a maior alta do ano em maio de 2012. Entre janeiro e maio, o percentual de consumidores que possuíam dívidas vencidas e não pagas na data do vencimento havia avançado 2,2% em Natal.

Vários fatores estariam por trás do avanço do endividamento no país, segundo Júlia Ximenes, da Fecomércio/SP. Crescimento do número de pessoas empregadas e aumento da capacidade de pagamento seriam alguns deles. Para William Pereira, doutor em Ciências Sociais, professor do departamento de Economia e coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Espaço, Trabalho, Inovação e Sustentabilidade da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), perfil dos consumidores e  características das economias locais também ajudariam a explicar os números. “Quanto mais ativa a economia, menor o volume de dívidas atrasadas”, afirma.

Para William,  os dados revelados pela pesquisa não chegam a preocupar. “O natalense está conseguindo pagar as dívidas”, observa. Segundo o estudo, o número de famílias com dívidas em atraso caiu 16% em Natal, entre 2010 e 2011 – queda muito mais acentuada do que a observada no país (-8,1%). Um bom sinal, para o professor. Ximenes concorda. Endividamento maior nem sempre significa inadimplência maior, afirma. A economista acredita que a taxa de inadimplência deve fechar o ano no mesmo patamar que no ano anterior ou com um leve recuo. William segue a mesma linha. “Acredito que encerraremos o ano com uma taxa entre 6 e 8% para pessoa física”. A redução das taxas de juros, segundo ele, favorece o pagamento dos débitos. “O cenário como um  todo é positivo”, encerra Júlia Ximenes, analista técnica da Fecomércio/SP.

A região Nordeste foi a única onde houve redução do número de famílias endividadas entre 2010 e 2011. Ainda assim, a Região abriga as capitais com os maiores níveis de inadimplência e maior parcela de renda comprometida com o pagamento das dívidas do país.

Efeitos no mercado são sentidos em curto prazo

Para William Pereira, doutor em Ciências Sociais, professor do departamento de Economia e coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Espaço, Trabalho, Inovação e Sustentabilidade da UFRN, os efeitos do endividamento são sentidos a curto prazo. “As pessoas reduzem o consumo e só voltam a comprar mais quando pagam as dívidas”. Esse comportamento, segundo ele, é o que estaria por trás do avanço do comprometimento da renda com dívidas e da queda no número de famílias com dívidas em atraso, em Natal.

O comércio local já sente os efeitos do avanço do endividamento. Nos supermercados, as vendas que deveriam subir entre 4% e 5% em junho, em relação ao mesmo período do ano passado, permaneceram estagnadas, segundo dados da Associação dos Supermercados no Rio Grande do Norte (Assurn).

Pesquisa recém-divulgada pela Serasa Experian já havia revelado tendência de estabilização das vendas dos supermercados em 2011. A explicação é simples. Com o crescimento dos níveis de endividamento, a demanda se retrai, porque uma proporção maior de consumidores perde sua capacidade de compra.

A Proteste (Associação dos Consumidores) orienta ao consumidor pagar à vista, com desconto; controlar o cartão de crédito; substituir empréstimos por outros com juros menores e não usar o limite do cheque especial, para manter as contas no azul.

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