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Natalenses ocupam Parnamirim

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Sílvia Ribeiro Dantas – Repórter de Economia

Com uma formatação natural que apresenta limitações ambientais, com o mar, dunas, rios e áreas de preservação, a população de Natal está passando a buscar moradia nas cidades vizinhas. Com isso, cada vez mais pessoas que trabalham em Natal tem buscado os bairros de Parnamirim mais próximos da capital, que são Emaús e Nova Parnamirim, fazendo com que esses municípios apresentem um processo de conurbação e as população não mais perceba uma divisão entre elas.

Apesar de a expansão ter sido iniciada no final da década de 1980, com a construção de conjuntos habitacionais nesses bairros, o interesse ficou mais forte ao longo dos últimos seis anos. Em grande parte, isso ocorreu pelas avenidas Abel Cabral e Maria Lacerda Montenegro, que cortam o bairro de Nova Parnamirim, ligarem a BR 101 à avenida Ayrton Senna. Assim, o fácil acesso viário entre Parnamirim e os bairros da Zona Sul da capital potiguar fez com que  parte da população natalense migrasse para o município vizinho.

Percebendo esse movimento, o mercado imobiliário passou a construir grandes empreendimentos na área, fazendo com que aumentasse o valor do metro quadrado. De acordo com os empresários do setor imobiliário Ricardo Abreu e Caio Fernandes, o metro quadrado hoje na região varia entre R$ 2,7 mil e R$ 3,5 mil, enquanto há três anos o valor pago pelo mesmo espaço variava entre R$ 2 mil  e R$ 2,2 mil.

O diretor da Abreu Imóveis, Ricardo Abreu, diz que atualmente, a procura mais forte por empreendimentos em Natal é pela área e ele estima que 95% dos lançamentos concentrem-se na região de Nova Parnamirim e Emaús. “Com esse crescimento todo, o Salesiano, um colégio tradicional na cidade, abriu uma unidade em Nova Parnamirim recentemente e menos de três meses após a abertura das matrículas não havia mais vagas disponíveis”, exemplifica.

Pelo crescimento recente, a maioria dos empreendimentos na região é residencial. Entretanto, começam a surgir bastante estabelecimentos comerciais, para dar suporte a toda a população da região. “Natal hoje apresenta deficiência de áreas para empreendimentos grandes e na região entre a capital e Parnamirim ainda é possível encontrar terrenos bons. Mas os novos moradores exigirão bons serviços e os empresários estão atentos a isso”, avalia Caio Fernandes, diretor da imobiliária de mesmo nome.

Meio ambiente

Apesar de comemorar a expansão da área, o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico de Parnamirim, Jorge Cunha, revela preocupação com o aumento no fluxo de veículos circulando e afirma que investimentos na estrutura viária da região precisam ser feitos com urgência. “Na realidade, Parnamirim foi vítima da falta de planejamento, porque ninguém previu que a cidade iria crescer tanto em cerca de 10 anos. Em 2001, Parnamirim tinha uma população de 123 mil habitantes e agora está com cerca de 200 mil”, diz.

Para Cunha, é necessário continuar ocupando urbanisticamente a cidade, com cuidado e responsabilidade ambiental. Ele destaca a existência de um ecossistema na região, composto de pequenos rios e da bacia do Pitimbu, que está extremamente fragilizada. “Além disso, dentro deste ativo ambiental, há outros detalhes importantes, como a Barreia do Inferno e a Base Aérea, que valorizam o entorno da cidade, concentrando vegetação. E se esses elementos não forem considerados na ocupação da região, a conta ambiental será muito cara”, reforça o secretário.

Uma década de intensas  mudanças

O bairro de Nova Parnamirim, perfeito exemplo de conurbação urbana, é um dos mais procurados atualmente na Região Metropolitana de Natal e vem se destacando ao longo dos últimos anos, pela crescente quantidade de novos empreendimentos imobiliários e comerciais.

No final da década de 1980, o bairro abrigou alguns conjuntos habitacionais, como Portal do Jiqui, Jardim das Flores e Parque dos Eucaliptos. Mas a região passou a crescer com maior rapidez, adquirindo novas características, no final da década seguinte, quando começou a abrigar condomínios horizontais voltados para a classe média da vizinha cidade do Natal.

Até o início da atual década, Nova Parnamirim era uma espécie de território indefinido, conhecido como “Nem”, definição para “Nem Natal, Nem Parnamirim”. Com o aumento no interesse imobiliário na área, os órgãos públicos passaram a investir na infraestrutura da região e hoje o bairro é bastante procurado pela classe média natalense.

Avenidas

Com uma extensão territorial de sete mil quilômetros quadrados, mais de 300 ruas e uma população de aproximadamente 60 mil habitantes, as duas principais vias de Nova Parnamirim são a Abel Cabral e a Maria Lacerda Montenegro. Essas avenidas ligam a avenida Ayrton Senna à BR 101, formando dois grandes corredores ao longo do bairro e contam cada vez mais com empreendimentos comerciais.

Grandes construtoras apostam na região entre as cidades

Com as mudanças vistas em Natal durante esta década, diversas construtoras voltaram parte de suas atenções para a área. A gerente regional da Cyrela Plano & Plano, Renée Silveira, explica que o crescimento do interesse ocorreu por uma nova formatação de Natal, uma vez que os bairros mais centrais estão bastante adensados e apresentam trânsito complicado, com dificuldade até de encontrar vagas de estacionamento. “Assim, não há grandes espaços para empreendimentos e, naturalmente, o mercado imobiliário buscou áreas disponíveis, criando novos centros de moradias”, analisa.

De acordo com Renée, a região é procurada principalmente por casais jovens, deixando de pagar aluguel e procurando apartamentos com dois ou três dormitórios. Para ela, a infraestrutura atual atende à população, com supermercados, escolas e um planejamento urbano por parte do poder público, construindo ruas e avenidas. “A área hoje é bastante favorável para os investimentos. Em um dos nossos empreendimentos, houve uma valorização de 30% entre o lançamento e a entrega. Por isso, é um grande negócio, inclusive pela possibilidade de locar”, exemplifica.

A possibilidade de fazer bons investimentos na região é confirmada pelo Diretor da construtora G5, Sami Elali. Na avaliação da empresa, o entorno das avenidas Abel Cabral e Maria Lacerda Montenegro, bem como as imediações da BR 101, formam um grande corredor de expansão imobiliária, que deverá ser ampliado em pouco tempo, com a ampliação da avenida Omar O’Grady (conhecida como prolongamento da Prudente de Morais).

Minha Casa Minha Vida

Empreendimentos que se enquadram no programa habitacional do Governo Federal, Minha Casa Minha Vida são o carro-chefe da construtora MRV na área. “Já lançamos cinco empreendimentos e temos mais dois com lançamentos previstos para o primeiro semestre do próximo ano. Destes, apenas um não é voltado para o programa habitacional”, diz o diretor comercial da MRV na regional Nordeste, Yuri Chain.

Bate-papo

Jorge Cunha » Sec.  Planejamento de Parnamirim

Por que aumentou o interesse pelos bairros de Nova Parnamirim e Emaús, ao longo dos últimos anos?

O que favoreceu o crescimento dessas regiões foi a proximidade com Natal. Podemos ver que Parnamirim hoje está mais próxima de bairros importantes de Natal, como Lagoa Nova, do que a Zona Norte da própria capital.

Com mais pessoas optando por residir nessa área, começam a ser abertos novos negócios na região?

Na hora em que há aumento na densidade demográfica, é gerado um novo mercado, com a atração natural de novos empreendimentos comerciais. Para ilustrar, podemos ver que no bairro de Nova Parnamirim, há 10 anos deveria existir uma ou duas lanchonetes apenas, enquanto hoje são dezenas de lanchonetes, restaurantes, sorveterias, bares e  estabelecimentos dessa natureza.

Que tipo de investimento vem sendo feito, em relação à infraestrutura nessa área?

Esses investimentos tiveram início no ano de 2001, quando foram pensadas a construção do viaduto Trampolim da Vitória e a duplicação da estrada para Macaíba. Adicionado a isso, também pelo crescimento da cidade, é necessário investir nas áreas de educação, saúde e  assistência social. Isso deu uma nova amplitude à cidade e o prefeito Maurício Marques vem olhando para locais como Nova Parnamirim, fazendo investimentos como a lagoa de contenção de enchentes que vai abrigar a bacia da Petra Kelly, cuja obra deverá ser concluída ainda este ano, bem como a pavimentação de diversas ruas.

Daqui para a frente, o que ainda falta ser feito, em termos de infraestrutura?

Em relação a Nova Parnamirim, podemos perceber que faltam escolas de segundo grau da rede pública, pois ainda não há instituições desse tipo no bairro. Também é preciso criar mais equipamentos de entretenimento e lazer. Além disso, é importantíssimo dar um direcionamento à questão do trânsito no local.

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