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Neurastenia (Parte 2)

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Hilton Marcos Villas-Boas [ psiquiatra ]

Dando continuidade à abordagem sobre neurastenia, o que nos chama a atenção, nesse transtorno, é que a sua prevalência na população geral, não é tão insignificante, chegando a atingir em torno de 3% da população, sem distinção em relação ao gênero.  Com relação a sua etiopatogênia (Causas ou origem), trata-se de uma combinação entre o resultado de fatores de predisposição genética (principalmente para ansiedade, depressão e alterações hormonais), e alterações psicossociais (situações traumáticas e frustrantes, excesso de trabalho, conflitos familiares e outros).

Hoje sabemos que além dos fatores causais, acima descritos, a manifestação da Neurastenia, esta diretamente ligada a um déficit de dopamina, que é um neurotransmissor.

Para que se possa obter o diagnóstico da Neurastenia, antes de tudo é importante descartar uma série de outras patologias, que possuem uma sintomatologia semelhante à mesma, ou seja, fazer o diagnóstico diferencial. O diagnóstico diferencial deve ser feito principalmente avaliando a possibilidade de existência de outras patologias que cursam com fadiga crônica (principal sintoma da Neurastenia). Entre estas, podemos citar como principais: a – os distúrbios metabólicos (diabetes, doença celíaca, entre outras); b – doenças infecciosas (HIV, hepatite C, mononucleose) e c – doenças imunológicas (miastenia grave, lúpus sistêmico).

A título de ilustração, Freud em seus estudos, acreditava que a Neurastenia poderia estar relacionada ao excesso de masturbação e a um aumento da pressão intracraniana.                    A Neurastenia tem um aspecto interessante, de como ela é encarada em alguns lugares do mundo, por exemplo, na Ásia e America do Norte, o uso deste termo é muito comum, justamente pela crença de que este diagnóstico não é tão estigmatizante, e nem tem uma conotação tão negativa quantas outras doenças mentais. Assim, de certa forma o termo é utilizado, como que um disfarce para outros transtornos mentais mais graves, tais como: esquizofrenia, depressão, transtorno afetivo bipolar e outros. Chegando ao ponto de especificamente nos Estados Unidos, ser conhecida também como “American nervousness” (Neurose americana) ou apenas “Americanitis” (síndrome característica dos americanos).                     A Neurastenia, que pode acometer a pessoa em qualquer idade da vida, sendo o seu principal sintoma a fadiga constante. São considerados além da fadiga constante, também sintomas importantes da Neurastenia: dor de cabeça (cefaléia); dor na coluna (raquialgia); dores pelo corpo não muito bem definidas; fraqueza neuromuscular (astenia); alteração do ciclo do sono; desconforto gastrointestinal (Dispepsia); dificuldade para alimentar-se; dormências localizadas; dificuldade de concentração; alteração da memória; medos inexplicáveis; inquietação; alterações na esfera sexual e sintomas depressivos.   

O tratamento recomendado para os portadores de Neurastenia vai além do uso de psicofármacos, na verdade deve-se propor ao indivíduo uma mudança na sua qualidade de sua vida.      Quanto à parte farmacológica, pode estar indicado o uso de reposição de alguns elementos que possam estar em deficiência no organismo (sais minerais, vitaminas e proteínas), assim como ansiolíticos e antidepressivos.               

Já objetivando a mudança de qualidade de vida, do portador de Neurastenia, devemos propor outras formas de tratamento, como:     a- psicoterapia, que é uma importante ferramenta no auxílio do indivíduo para buscar maneiras mais saudáveis de trabalhar com seus fatores estressores, melhorar a sua organização, a partir de novas prioridades para a sua qualidade de vida, bem como propiciar um melhor conhecimento de si mesmo, recuperando desta maneira a sua motivação e auto-estima; b- nutricional, que o indivíduo procure uma nutricionista, objetivando fazer uma dieta balanceada, onde possa ser contemplada a valorização de alimentos como: cereais; legumes; verduras; frutas e etc., em contrapartida, que a sua dieta seja isenta de substâncias como álcool; frituras; gorduras; excesso de carne gorda e vermelha; café; chás (preto, mate, verde e boldo); c- aproveitar para enfatizar bem, a necessidade de não fazer uso de cigarro; drogas ilícitas e lícitas sem recomendação médica.  d- outra ação importante e fundamental é incentivar o indivíduo a prática de exercícios físicos, com ênfase principalmente na atividade aeróbica e alongamento; e- para finalizar, podemos citar ainda algumas alternativas de tratamentos complementares como: massagem, acupuntura e hidroterapia. Um bom final de semana a todos, e até a próxima.

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