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Noruega: uma viagem pelos fiordes

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Nadjara Martins
*Repórter especial  (Da Noruega)

Pequeno e incrustado no extremo norte Europeu, na região da Escandinávia, a Noruega poderia passar despercebida no quesito turismo internacional. Entretanto, nos últimos anos, o país tem aumentado a representação entre os destinos internacionais: em 2014, sete milhões de turistas estrangeiros visitaram o país, um crescimento de 3% se comparado ao ano anterior. Apesar de ainda ser considerado um destino caro, comparado aos tradicionais, como França e Itália, o país se destaca pelo que tem de mais forte: as belezas naturais preservadas, além da infraestrutura turística e os altos índices de qualidade de vida da população.
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Para os brasileiros, a Noruega é um destino ainda recém descoberto. Não há, por exemplo, vôos diretos para o país — as conexões são feitas em Amsterdã (Holanda) ou Frankfurt (Alemanha). Partindo do Rio de Janeiro, a viagem é de até 15 horas. Pela dificuldade e os preços, a presença brasileira ainda é mínima: de acordo com dados da Inovation Norway, entidade que reúne o turismo e o desenvolvimento econômico dentro do governo norueguês, o número de pernoites de brasileiros foi de 37.879 mil em 2014. No primeiro semestre deste ano, o aumento foi de 22,6% no número de pernoites de brasileiros, comparado ao mesmo período do ano passado. Mas, como o controle de imigração acontece nos aeroportos da Holanda ou da Alemanha, é possível que o número de brasileiros que, de fato, viajaram até a Noruega seja maior.

Os preços dos pacotes de viagem permanecem caros. A paulista aposentada Neusa Moschini, 60 anos, pagou oito mil euros para custear uma viagem de 22 dias para a região da Escandinávia. Para melhorar as condições do pacote, resolveu também visitar a Dinamarca. Ela estava em um grupo de 20 brasileiros que resolveram conhecer a região. No último dia 15 de agosto, o grupo saiu de Bergen para um tour de barco entre os fiordes noruegueses, em direção ao povoado de Flåm.

“Achei a Noruega (com um preço) mais forte do que a Dinamarca”, comentou a aposentada. Para Neusa, o país é ideal para ser visitado por aqueles que já conhecem os destinos tradicionais europeus. “Estou apaixonada. Eu já esperava algo muito lindo, e até agora está correspondendo”, emendou a funcionária pública carioca Ana Trajano, 63 anos.

História
As viagens estão arraigadas nas tradições norueguesas, impulsionado os primórdios do país através do comércio do peixe. A tradição de salga e secagem do pescado – o conhecido bacalhau —, foi algo iniciado pelos vikings, para que o alimento resistisse por mais tempo durante as viagens pelo mar. Com o tempo, o peixe passou a ser comercializado com outros países, como a Alemanha, e algumas cidades, como Bergen – hoje a segunda maior do país – tornaram-se rota do comércio e turismo internacional. Embora a pesca seja uma atividade econômica por si só, é também um dos símbolos da Noruega.

#SAIBAMAIS#Os fiordes — entradas de mar entre grandes rochedos, formados pela erosão de montanhas – são o cartão postal conhecido pelo mundo. Encantam pelas belezas naturais praticamente intocadas. As águas são límpidas e convidativas, mas chegam a temperaturas de até 13 ºC.  O país possui o segundo maior fiorde do mundo: o Sognefjorden, com 1,3 mil metros de profundidade e 204 quilômetros de extensão. É também nestas áreas que se concentram o cultivo e pesca de bacalhau e salmão do país.

“A consolidação do turismo é algo relativamente novo, começou no final do século 19, quando lordes ingleses vieram pescar nos fiordes”, conta o guia turístico Salvador Scoffano, 60 anos. Scoffano é brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, mas migrou há 17 anos para a Noruega, e reside em Bergen.

Com apenas cinco milhões de habitantes – em população, é menor que a Região Metropolitana de Recife (PE) —, o país tem investido na atração de turistas. Hoje, o maior percentual de visitantes é da Alemanha, seguido por Suíça e Dinamarca. O turismo é mais forte durante o verão, de abril a setembro.
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Além das paisagens naturais, a Noruega é conhecida por ter o segundo maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Europa, com oferta de saúde pública e alto nível de educação da população. A violência também é baixa: em 2014, foram registrados apenas 50 homicídios no país. Hoje, o salário mínimo gira em torno de R$7 mil, ou quase 15 mil NOK (coroas norueguesas). Considerado também um dos países mais ricos da Europa, principalmente após a descoberta do petróleo, na década de 1960, o governo norueguês, hoje de centro-direita, não incentivou o consumismo. Pelo contrário: um dos pontos que pesam para o viajante são os preços salgados em alimentação e hotelaria.

Formado em engenharia elétrica, mas atuando como guia turístico, Salvador Scoffano não se arrepende em ter deixado o Brasil. “O custo de vida é alto, mas a vida é previsível. Você tem educação pública para o seu filho, e a saúde é razoavelmente boa”, avaliou. De acordo com ele, o boom turístico que acometeu o país também exige que o turista se planeje mais com relação aos vôos e hospedagem.

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