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Novas regras restringem direitos de cardíacos

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São Paulo (AE) – Deve ser publicada ainda nesta semana a primeira diretriz brasileira para orientar em que condições pacientes com arritmias cardíacas e portadores de dispositivos cardíacos implantáveis, como marca-passos, desfibriladores e ressincronizadores cardíacos, poderão dirigir veículos, tirar ou renovar a carteira de motorista. Estima-se que aproximadamente 37 mil brasileiros possuam esses aparelhos. “A tendência é que, após a publicação oficial, isso vire uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que tem força de lei. O processo é semelhante ao que tornou obrigatório o uso de cadeirinhas para transporte de crianças de até 7 anos”, conta Flávio Adura, diretor científico da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet).

A entidade elaborou as recomendações em parceria com a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac). O texto será apresentado sábado no Congresso Brasileiro de Arritmias Cardíacas, em Brasília. Adura revela que cerca de 4% dos acidentes fatais são causados por doenças do motorista. “Os problemas cardiológicos são uma das principais causas de mal súbito”, afirma.

As novas regras vão determinar, por exemplo, quanto tempo uma pessoa submetida a uma cirurgia para implante de marca-passo ou para a troca do gerador do aparelho deve esperar para voltar a dirigir. Silvana Nishioka, uma das coordenadoras das diretrizes na Sobrac, explica que esse tempo aumenta de acordo com o risco do procedimento. “Quando você troca um fio do marca-passo, por exemplo, leva um tempo até ele ficar bem fixado ao músculo cardíaco. Durante esse período, os pacientes devem evitar todo tipo de esforço, pois há risco de hemorragia.”

Embora não exista nenhuma restrição absoluta à direção de veículos particulares, os portadores de desfibriladores cardíacos, aparelhos que tratam um tipo de arritmia que pode causar morte súbita, e ressincronizadores cardíacos, usados em alguns tipos de insuficiência cardíaca, ficam impedidos de dirigir profissionalmente.

De acordo com Adura, enquanto um motorista de um carro de passeio dirige em média 250 horas por ano, um motorista profissional pode chegar a 3 mil horas. “O risco de ter um mal súbito, portanto, é 12 vezes maior. Além disso, as consequências do acidente também costumam ser mais graves, pois envolvem veículos de alta tonelagem, como caminhões e ônibus, e muitos passageiros.” Mas, segundo Silvana, os riscos de acidente não são altos o suficiente para impedir que os pacientes dirijam carros particulares. “Os principais problemas costumam ocorrer nos primeiros três ou quatro meses após a cirurgia”, afirma.

O coordenador de Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Iran Castro, diz que o texto deve estar no site da revista Arquivos Brasileiros de Cardiologia na próxima semana. Também deve ser publicada em breve na revista da Abramet.

Adura revela que a Abramet pretende criar diretrizes semelhantes para outras áreas da medicina, como neurologia e oftalmologia. “Doenças neurológicas são a outra causa importante de mal súbito. Além disso, precisamos orientar os médicos sobre como proceder, por exemplo, com pacientes com Alzheimer.”

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