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Novos horizontes para assentados

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Renata Moura e Cledivânia Pereira
Repórteres e editoras

A criação em cativeiro de tilápias, atividade cujas vendas renderam 96% do valor de produção de peixes no Rio Grande do Norte, no ano passado, virou impulso à agricultura irrigada e base de um projeto de industrialização que promete mais  ganhos e mercados na região Mato Grande – uma das que amargam os mais baixos índices de desenvolvimento humano do estado.
Trabalhador assentado alimenta tilápias no RN: Atividade gera água para irrigação e  tem planos de alcançar novos mercados
Desde 2006, pequenos produtores que atuam em assentamentos da região investem na criação da espécie e aproveitam a água dos viveiros para irrigar áreas plantadas com frutas e outros produtos. Agora, eles se preparam para um novo passo: implantar um projeto de beneficiamento que possa absorver e transformar a produção em novas opções de alimentos e também em acessórios de moda, para o “mercado de luxo”.

 “Oito assentamentos produzem tilápia no Mato Grande. Mas ela é vendida in natura em feiras e a atravessadores. Agregar valor é a melhor opção porque tudo se aproveita no peixe, melhora a renda do produtor e se obtém um produto com maior durabilidade”, diz a assentada e membro da cooperativa dos produtores de Canudos, Livânia Frizon. Apenas no assentamento Rosário, sede da agrovila Canudos, onde vive – a 28 Km da capital, no município de Ceará Mirim – 17 famílias, de um total de 120, aplicaram dinheiro de forma coletiva para produzir peixes e fazer irrigação. O sistema de produção engloba 40 hectares irrigados, com mamão, banana, macaxeira, entre outros produtos. Em meio a eles estão oito viveiros de criação dos pescados.

#SAIBAMAIS#“O peixe dá água fertilizada para jogar no pé da planta. Atualmente temos 5 dos 40 hectares irrigados com essa água, mas devemos ampliar para 15 hectares no próximo ano”, diz Livânia.

O assentamento possui oito viveiros, com capacidade para produzir 48 toneladas por ano, mas, atualmente, por restrições de mercado – ainda não processa o pescado nem vende para supermercados – apenas quatro estão ativos. A tilápia é vendida inteira, em feiras livres, a atravessadores e, na Semana Santa, também a prefeituras da região.

O projeto de beneficiamento que promete abrir novos horizontes aos negócios está pronto e deve ser apresentado ao governo federal no próximo ano, em busca de recursos.

Beneficiamento
Por meio do processo, a ideia é extrair o filé da tilápia e produzir também nuggets, almôndegas e lingüiças a partir do pescado. Com cabeça,  escamas, nadadeiras e espinhas, os assentados querem fabricar farinha para adubo ou ração. Já o couro seria transformado em artigos como bolsas, bonés, capas de CDs, brincos, sandálias e colares.

A estimativa é que o projeto demande R$ 1,7 milhão e que sejam necessários mais R$ 30 mil para implantar um curtume (local onde se processa o couro cru), além de R$ 50 mil para equipar com máquinas de costuras, por exemplo, a linha de produção com foco no couro. O sistema de beneficiamento atenderia a todo o Mato Grande e não apenas ao Assentamento Rosário. “O produto não só vai valer mais como vai gerar empregos”, diz Livânia.

Só no Paraná ela afirma que existem 17 unidades de beneficiamento semelhantes e novos mercados já se abriram para os pequenos produtores.

Procurado por meio da assessoria de comunicação em Brasília, o Ministério da Pesca e Aquicultura não respondeu sobre as unidades existentes no estado nem no Brasil.

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