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O anjo bom

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O Papa Bento XVI assinou ontem o decreto que formaliza a condição de beata, de Irmã Dulce. A informação foi confirmada via telefone pela superintendente da Obras Sociais de Irmã Dulce, Maria Rita Pontes, junto ao postulador da causa, Dom Ricardo Petrone. A formalização do ato somente ocorre a partir da publicação do documento no Jornal do Vaticano, o que acontecer no dia seguinte, ou seja, neste sábado (11).

Com o reconhecimento final do papa, Irmã Dulce passará a se chamar “Bem-aventurada Dulce dos Pobres”. Um dia após o decreto papal, o processo de canonização já pode ser iniciado. A cerimônia de beatificação está programada para o primeiro semestre de 2011, no Parque de Exposições da capital baianaA disposição do Vaticano de transformar o ‘Anjo Bom da Bahia’ – como a freira ficou conhecida -, em beata foi anunciada pelo cardeal arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Geraldo Majella Agnelo, no dia 27 de outubro, mês em que o Vaticano reconheceu um milagre ocorrido por intercessão da freira. Faltava apenas a assinatura de Bento XVI no processo, que foi iniciado em janeiro de 2000, pelo próprio Dom Geraldo. Desde junho de 2001, o processo tramitava na Congregação das Causas dos Santos do Vaticano.

Com a assinatura, a religiosa se torna a primeira beata baiana, ficando a apenas um passo da canonização, quando será considerada santa, embora, no coração dos baianos, Irmã Dulce já tenha sido conduzida aos altares. Para ser canonizada, será necessário a comprovação de mais dois milagres, que, também deverão ser reconhecidos pelo Vaticano.

“Mesmo não sendo uma surpresa, pois esperávamos a assinatura do papa até o dia 15, ficamos muito felizes, esse é um dia de muita alegria para nós. Agora, podemos começar a preparar uma festa para os devotos de Irmã Dulce, como ela merece”, diz Maria Rita.

A data prevista, que ainda depende da aprovação do Vaticano, é o dia 22 de maio de 2011, um domingo, dia dedicado a Santa Rita de Cássia, de quem a freira leva o nome. Com expectativa de um público estimado em 50 mil pessoas, a cerimônia, que deverá ser presidida por Dom Geraldo, se realizará no Parque de Exposições, em Salvador.

Maria Rita já tem audiência marcada com o governador Jaques Wagner na próxima semana, para discutir a ajuda financeira e de logística que espera receber do governo para as comemorações. “As obras não tem condições de custear a festa sozinha”, explica. Ela pretende apelar ainda para o senador e ex-presidente José Sarney. “Como ele apoiou a eleição da presidente eleita, Dilma Rousseff, e se diz devoto de Irmã Dulce, espero que ele nos ajude e interceda por nós junto a ela”, diz.

Dulce dos pobres

Com o reconhecimento final do papa, Irmã Dulce passará a se chamar “Bem-aventurada Dulce dos Pobres”. Um dia após o decreto papal, o processo de canonização já pode ser iniciado. A cerimônia de beatificação do Anjo Bom do Brasil está programada para o primeiro semestre de 2011, no Parque de Exposições da capital baiana.

O milagre validado pelo Vaticano passou por três etapas de avaliação: uma reunião com peritos médicos (que deram o aval científico), com teólogos, e, finalmente, a aprovação final do colégio cardinalício, tendo sua autenticidade reconhecida de forma unânime em todos os estágios.

Uma graça só é considerada milagre após atender a quatro pontos básicos: a instantaneidade, que assegura que a graça foi alcançada logo após o apelo; a perfeição, que garante o atendimento completo do pedido; a durabilidade e permanência do benefício e seu caráter preternatural (não explicado pela ciência).

Segundo o médico Sandro Barral, um dos peritos que participou do processo de análise do milagre, a graça validada ocorreu em 2001, em uma cidade do interior do Nordeste. “Foi um caso de pós-parto, em que a paciente apresentava um quadro de forte hemorragia não controlável. Em um período de 18 horas, ela chegou a passar por três cirurgias, mas o sangramento não cessava. Contudo, sem nenhuma intervenção médica, a hemorragia subitamente parou e a paciente passou a ter uma impressionante recuperação”, explica.

Conforme relatos da época, o fim do sangramento ocorreu no mesmo instante em que um grupo de orações pedia a intercessão de Irmã Dulce em favor da parturiente. “A corrente de orações foi proposta por um sacerdote, contemporâneo de Irmã Dulce, que chegou, inclusive, a enviar para a família dela um pedaço de tecido do hábito que pertenceu à religiosa”, afirma o assessor de Memória e Cultura das Obras, Osvaldo Gouveia.

Ainda segundo dados do processo, ao ser chamado à casa da mulher em trabalho de parto, o médico que a atendia achou na ocasião que estava indo assinar seu atestado de óbito, em virtude da gravidade da situação, mas ao chegar ao local encontrou a mãe já recuperada do sangramento e com o bebê em seus braços. A identidade da paciente e o local do milagre só poderão ser revelados um mês antes da cerimônia de beatificação da Irmã Dulce.

Dom Matias faz elogio

Na avaliação do Arcebispo de Natal, Dom Matias Patrício de Macêdo, a  formalização da condição de beata de Irmã Dulce também pode ser traduzida como prova da presença universal da Igreja Católica.

“A atitude do Papa Bento XVI de valorizar mais uma brasileira, honrando-na com uma posição nos altares, deixar transparecer a ideia de que a santidade pode ser encontrada em qualquer lugar do mundo, e não apenas na Europa, como víamos antigamente”, comemorou o sacerdote.

De acordo com Dom Matias, a trajetória de Irmã Dulce a faz um exemplo a ser seguido por todos os cristãos. “Ela é modelo para todos aqueles que desejam levar uma vida regida pelos ensinamentos de Jesus Cristo e sua beatificação certamente é muito importante para a Igreja brasileira”, comentou.

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