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O carnaval e o crime

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Woden Madruga [ [email protected] ]

Não, não terminou o carnaval. Pelo que se ouve no rádio e pelo o  que os   jornais e a tevê estampam, as cinzas vão se esticar ainda por muito tempo. Nas manchetes  o destaque não é a vitória da Beija-Flor no Carnaval do Rio de Janeiro. Não. É a ditadura da Guiné Equatorial que financiou a escola de samba campeã. O país africano foi o tema do samba enredo. A polêmica está em todas as partes e por conta da dobradinha samba/ditadura o assunto chegou também as manchetes dos principais jornais do mundo.

Houve um tempo que era muito  comum as escolas de sambas serem financiadas pelo jogo do bicho. Os nomes  dos bicheiros ocupavam o mesmo patamar das celebridades: artistas de teatro, cinema e televisão, jogadores de futebol, seus nomes citados nas altas rodas, frequentadores do colunismo social. Depois se fez descer uma cortina. A ação ficou mais para os bastidores. Mas se sabe que os bicheiros de ontem e os contraventores de hoje permanecem mandando no pedaço. Agora, cede-se um pouco do espaço para os ditadores.

A Guiné Equatorial é apontada como  uma das ditaduras mais cruéis da África. Seu presidente, Teodoro Obiang Nguema, está no poder há 35 anos. Ele veio ver o desfile da Sapucaí. Trouxe toda a família, dezenas de amigos e seguranças, todos hospedados no Copacabana Palace, o mais luxuoso e famoso do Rio. A presença do ditador e seu séquito na avenida do samba e o seu patrocínio à  Beija-Flor  tem provocado repúdio de muita gente boa.  Está nos jornais.

O jornalista e colunista Bernardo Mello Franco, da Folha de S. Paulo, pega o assunto e transforma no  mote de sua coluna de ontem, com o título “O crime compensa na Sapucaí”.  Não se limita apenas a questão  de um regime político ditatorial se metendo no carnaval brasileiro. O  jornalista  vai  mais a fundo quando aborda  o repasse  das verbas públicas para os festejos do Momo. A propósito, Ruy Castro,  jornalista e escritor,  também do time da Folha, escreveu numa de suas crônicas que o carnaval nos tempos de hoje  é uma mina.

Bom, li e gostei do que Bernardo Mello Franco escreveu sobre o carnaval envolvido com o crime e com uma ditadura. Transcrevo algumas passagens.

– Não basta reclamar da Beija-Flor, que levantou o troféu com patrocínio do sanguinário ditador da Guiné Equatorial. Uma conversa a sério sobre o financiamento do Carnaval do Rio precisa discutir os repasses de verba pública às  escolas de samba e o controle da festa mais popular do país por uma entidade ligada ao crime, com as bênçãos do Estado e da prefeitura.

– A escola campeã, comandada há décadas por um contraventor de Nilópolis, está longe de ser exceção.  A simpática Portela tem como patrono um miliciano, a Mocidade Independente pertence a um capo dos caça-níqueis, a Imperatriz Leopoldina está nas mãos de um ex-torturador que virou bicheiro.

– Os quatro já estiveram presos e continuam a reinar na Marquês de Sapucaí, onde têm livro acesso aos camarotes e são reverenciados por artistas e políticos. Eles mandam na Liesa, a liga que organiza os desfiles na Marquês de Sapucaí.

– Em 2008, uma CPI da Câmara Municipal do Rio concluiu que a entidade deveria disputar a licitação se quisesse continuar à frente do Carnaval. O então prefeito Cesar Maia foi contra. Os postulantes à sua cadeira evitaram o assunto. Eduardo Paes venceu a eleição, e pouca coisa mudou no Sambódromo.”

A Guiné
Leio nas folhas  um perfil da Guiné Equatorial e do seu ditador:

– Teodoro Obiang chegou ao poder em  1979, em um sangrento golpe de Estado no qual tirou da presidência seu próprio tio. Hoje, ele é o presidente africano com mais anos no poder.

– Com apenas 720 mil habitantes (população menor que a de Natal), o minúsculo país  enriqueceu graças ao descobrimento do petróleo. O problema é que esse dinheiro jamais chegou à população.

– Mais de dois terços dos cidadãos vivem com uma renda de menos US$ 1 por dia. Quase 90% das pessoas não têm acesso à internet  a expectativa de vida é de apenas 53 anos, o equivalente ao que existia na Europa há quase 200 anos.

– O governo destina 0,6% do seu Produto Interno Bruto (PIB) para a Educação e 20% das crianças estão em estado de desnutrição profundo.

Chuva
Faz hoje uma semana que saiu o último boletim pluviométrico da Emparn. Foi sexta-feira, passada, 13. De lá pra cá não se tem notícias de chuvas por estes pedaços do Rio Grande do Norte. Mas tem chovido.

No Ceará os boletins da Funceme são diários, até mesmo nos dias que não chove. Ontem choveu em 85 municípios, mais nas regiões do Jaaguaribe, do Cariri e  da Ibiapina. As duas maiores chuvas foram no Cariri: Jucás, 65 milímetros, Carius, 64. Tabuleiro do Norte, no Jaguaribe e que faz divisa com a Chapada do Apodi, 55.

Na Roberto Freire
Imeio do leitor Fernando Antônio (Feambeca):

– Descaso total na Av. Roberto Freire. As faixas divisórias da pista estão completamente apagadas o que dificulta e torna perigoso para quem trafega no local. Tem momentos que você não sabe se está no meio, no lado direito ou esquerdo. E veja que é a principal porta de  entrada do turismo da cidade.

– O pior: trata-se de uma rodovia estadual, administrada pelo falido DER e que não está preocupado com a mesma. O ex-diretor, que até pouco tempo passou quatro anos dirigindo o tal departamento de rodagem, nada fez.  Só pensava na Copa do Mundo.

Assembleia 
Assembleia Legislativa voltando a sua rotina de todos os dias. Sem maiores novidades. Nas conversas internas o papo roda em torno das ditas comissões técnicas, blocos partidários, bancadas.

Cantareira 
Telefonema do Mestre Gaspar:
“WM: Avise o pessoal que só reabrirei o Cova da Onça depois que a Prefeitura desmontar a gerigonça  carnavalesca da Duque de Caxias.  Que coisa feia. Aquilo  é surreal.  Enquanto isso permaneço aqui em  Sagi,  vendo o mar, as moçoilas   e torcendo que o nível da Cantareira chegue a 10% antes de terminar fevereiro. Ontem, estava em 9,5%, ouvi no rádio. Dê um abraço em Agnelo.”

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