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O carvalho e o vinho

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A barrique ou barrica é um recipiente de madeira utilizada nas vinícolas para fermentar, maturar ou armazenar o vinho. A madeira mais apropriada para a confecção das barricas é o carvalho, nativa de zonas temperadas da Europa, América do Norte, Ásia e florestas francesas. São os mais diversos os tamanhos das barricas, sendo a mais usual para a maturação a bordalesa (barrica de carvalho francês utilizada nos vinhos de Bordeaux com capacidade para 225 litros, o equivalente a 300 garrafas ou 25 caixas de 12 garrafas de 750 ml). Pronta ela mede 95 cm de altura e é composta de aduelas de 20 a 22 mm de espessura. Outras nacionalidades de madeiras empregadas na confecção das barricas são o carvalho americano e o carvalho esloveno.

Toda barrica é submetida a uma tostagem (queimagem), cujo objetivo é expressar os aromas típicos dessa madeira (o carvalho) para que ela possa aportar compostos aromáticos transferindo complexidade olfativa aos vinhos. Essa tosta pode ser leve (5 minutos), mediana (15 minutos) ou intensa (20 minutos), consoante ao contato da madeira com o calor, em geral o grau médio é o que produz mais compostos aromáticos, e é o mais utilizado pela maioria dos produtores. Os vinhos amadurecidos em barrica tornam-se muito complexos em relação ao aroma, adquirindo características por um lado de substâncias naturalmente presentes na madeira, e por outro, de compostos aromáticos produzidos em decorrência da tostagem. Entre os primeiros estão: carvalho, coco, folhagem úmida de bosque (sous-bois), cravo da índia, especiarias e baunilha. Como resultantes da tostagem estão: amêndoas torradas, caramelo, defumado, pão torrado, torrefação (cacau e café) e alcatrão. Dentre os carvalhos mais utilizados na confecção das barricas (o francês e o americano) há inúmeras diferenças de textura (devido à granulometria), aromas e sabores (devido aos compostos gusto-olfativos) aportados aos vinhos. Estes compostos estão relacionados com a região de procedência do carvalho. Sabe-se, por exemplo, que o carvalho da região central da França (Tronçais, Allier…) tem um potencial aromático três ou quatro vezes superior ao da Borgonha e ao de Limousin, e que é particularmente rico em metiloctolatona (aromas de madeira, coco e folhagem úmida de bosque), eugenol (cravo-da-índia), e vanilina (baunilha). O carvalho norte-americano, dada sua forte característica aromática, é recomendado para vinhos com previsão de amadurecimento máximo de 12 meses, que não visam uma ampla complexidade.

Para dar complexidade do vinho, especialistas usam vários estágios de barrica para captar aromas
Para dar complexidade do vinho, especialistas usam vários estágios de barrica para captar aromas

É utilizado também nos grandes tintos da Espanha de Tempranillo, variedade com a qual tem grande afinidade, e nos Shiraz australianos. Outro grande mercado para as barricas de carvalho americano é a América do Sul. Repare que muitos vinhos argentinos e chilenos apresentam nariz doce, o que costuma agradar de imediato aos novos consumidores. Isso se dá por causa da grande presença de baunilha na composição do carvalho dos Estados Unidos. Aliás, é um dos fatores responsáveis pelo sucesso desses vinhos, além do preço vantajoso é claro. A opção do enólogo por uma ou outra barrica também tem muito a ver com o preço. O carvalho francês é bem mais caro do que o carvalho americano.

O Carvalho Como Ferramenta de Complexidade
Além da nacionalidade do carvalho (francês, americano…), da procedência da madeira (Troncais, Allier, entre outras), do tamanho das barricas e da intensidade da tosta, os produtores buscam diversas outras formas de aportar complexidade aos vinhos. Às vezes maturam o mesmo vinho em barricas de procedências e nacionalidades diferentes, outras vezes submetem o vinho a estágios em barridas de usos diferentes (1º uso, 2º uso…), podendo, inclusive, encomendar à tanoaria que suas barricas sejam confeccionadas com carvalhos de nacionalidades e procedências diferentes, tudo isso com o propósito de passar aos seus vinhos valores como, aromas, sabores, texturas e taninos gálicos que os tornem ainda mais complexos.

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