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O cinema pensa os direitos humanos

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Com o tema especial “crianças e adolescentes”, começa próxima sexta-feira (20) a 10ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos no Mundo, realizada pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República e produzida pelo Instituto Cultura em Movimento (ICEM).
Longa de Tizuka Yamasaki, “Encantados” será exibido às 20h de sexta-feira
Entre curtas, médias e longas metragens, o evento exibe, até 25 de dezembro, 40 obras sobre os mais diversos temas de direitos humanos em todas as capitais do país. A entrada é gratuita, e a programação completa está no site do evento [Em Natal, acontece no IFRN da Cidade Alta].

A mostra foi criada em 2006 para celebrar o aniversário da Declaração Universal de Direitos Humanos, proclamada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 10 de dezembro de 1948.

Em dez anos, algumas coisas mudaram no cenário dos direitos humanos brasileiro. “O Brasil conquistou avanços importantes, com políticas institucionalizadas, como a criação do mecanismo de combate à tortura, uma recomendação da ONU, e da Comissão Nacional da Verdade. Isso não significa que o país não tenha gravíssimas violações dos direitos humanos em todos os campos, por exemplo da comunidade LGBT, imigrantes, mulheres e negros”, diz Rogério Sottili, à frente da SDH.

A temática desta edição comemora os 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e “surge justamente para contrapor os debates sobre a redução da maioridade penal”, diz Sottili.

“O Brasil está passando por um momento muito difícil por causa da sua conjuntura política, o que acaba fragilizando a agenda de direitos humanos. O Congresso está revendo algumas conquistas históricas, com a ‘PL do aborto’, a questão do Estatuto do Desarmamento e a redução da maioridade penal, por exemplo. São movimentos que ainda não estão consolidados e decisões que ainda precisam ser aprovadas em outras instâncias, mas precisamos ter cuidado e ampliar o debate com a sociedade civil”.

Sottili ressalta que a mostra não pretende ter um discurso ideológico. “A imagem cinematográfica consegue promover valores importantes sem precisar de um discurso ideológico. O cinema fala por si, e isso ajuda na construção de uma cultura dos direitos humanos”, afirma.

Guilherme Xavier, diretor do média Sobre coragem!, que integra a mostra, também aposta no cinema como uma forma de sensibilizar as pessoas para questões importantes. “Eu queria provocar no público a mesma sensação que eu experimentei, a do rompimento afetivo”, conta Xavier.

Ele passou três dias gravando, e morando, na ocupação Vila Nova Palestina, do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), um acampamento em São Paulo com mais de 8 mil famílias sem teto que lutam por moradia. O filme surgiu como um complemento do disco Coragem!, do artista Güido. “Um homem branco heterossexual de classe média querer falar de coragem num espaço como a Nova Palestina parece até provocação, então o que me restou foi apenas dar olhos e ouvidos a uma experiência transformadora que vivi”, acrescenta Xavier.

O diretor diz crer no “potencial de contato libertador” do cinema que, assim, poderia contribuir para avanços nos direitos humanos. “Eu acredito no cinema – e não só nele, mas em diversas expressões artísticas – como um instrumento de quebra da apatia.”

Caráter universal
Além da mostra temática “Crianças e Adolescentes” – que conta com produções como o documentário A alma da gente, de Helena Soldberg e David Meyer, sobre um projeto de dança com adolescentes da Favela da Maré, no Rio –, o evento tem outras duas categorias: Panorama e Homenagem. A diversidade de temas é grande. Na Panorama, o documentário À queima roupa, de Theresa Jessouroun, mostra a violência policial no Rio de Janeiro nos últimos 20 anos. O recém-lançado Betinho – A esperança equilibrista, de Victor Lopes, conta a emocionante trajetória do sociólogo e ativista Herbert de Sousa. Já Colegas, de Marcelo Galvão, é uma divertida aventura sob a perspectiva de três personagens com síndrome de Down.

O homenageado desta edição é a própria mostra que, em comemoração aos dez anos, exibirá filmes de edições anteriores, como o premiado vencedor da edição anterior: Eu não quero voltar sozinho, de Daniel Ribeiro.

(Anais Fernandes, Ag. Dwelle e TN).

Serviço
“Mostra de Cinema e Direitos Humanos no Mundo” . Entrada é gratuita. Em Natal, as exibições acontecem de 20 a 25 de novembro, no auditório do IFRN Campus Cidade Alta, na Av Rio Branco. Confira programação na edição online da TN.

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