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O desastre de Dilma

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Woden Madruga [ [email protected] ]

A crônica política não aprovou a entrevista da presidente Dilma Rousseff ao Jornal Nacional, da Rede Globo, noite nublada de segunda-feira, apresentado ao vivo diretamente do Palácio da Alvorada. Na bancada, o apresentador William Bonner com a Patrícia Poeta, sempre bonita. Na cabeceira, a candidata do PT, sempre Dilma que, na qualidade de presidente da República, foi entrevistada em casa, na residência oficial. Privilégio que os demais candidatos não têm. Se o Conde de Miramonte vivo fosse, diria que a entrevista foi “mo-no-tô-na”. Para o repórter político Ricardo Noblat, do jornal O Globo, “foi um desastre para Dilma”. Leio algumas manchetes nas edições onlaine dos jornais: “Dilma erra sobre a inflação de Lula”, “Dilma se esquiva de responder perguntas sobre o mensalão”, “Dilma se recusa a comentar comportamento de petistas diante do mensalão”.

Para o jornalista Ricardo Noblat, em sua coluna diária de O Globo, o apresentador William Bonner “empurrou a presidente Dilma Rousseff para o canto do ringue” e que a presidente ficou “atarantada” e que não conseguiu  nem respeitar nem o tempo que lhe cabia para encerrar o programa. E acrescenta: “De longe, a entrevista foi um desastre. Para ela”.

O analista político Josias de Souza, do UOL, abre o seu comentário sobre a entrevista com um título bem sugestivo, sintetizando o que ele viu e ouviu no Jornal Nacional: “JN: Dilma mudou muito, e não deixou endereço”. O artigo, que é longo, começa assim:

“Com o passar dos anos, as pessoas mudam muito. Por exemplo: a Dilma que foi ao ar na noite desta segunda-feira no ‘Jornal Nacional’ não tinha nada a ver com a Rousseff que prevaleceu na sucessão de 2010 como protótipo de eficiência gerencial. Em menos de quatro anos, a personagem perdeu o colorido e o discurso. Hoje, surpreende mais pelas perguntas que é obrigada a ouvir do que pelas respostas que não consegue dar”.

Josias comenta cada resposta que a presidente Dilma deu às perguntas de Bonner e de Patrícia Poeta. No rasto da onda de escândalos havidos no governo de Dilma, incluindo as CPIs da Petrobrás, Bonner perguntou (anotado por Josias de Souza): “Qual é a dificuldade de se cercar de pessoas honestas, que evite esta situação que nós vimos de repetidos casos de corrupção? Não há uma sensação no ar de que o PT descuida da questão da corrupção?”

Josias comentou a resposta da presidente Dilma:

“A Dilma de 2010, durona e irascível, talvez colocasse o inquiridor petulante para fora da biblioteca do Alvorada a pontapés. A Rousseff de 2014, treinada para suportar o insuportável, repetiu o mesmo lero-lero ensaiado que vem recitando na série de entrevistas e sabatinas que a campanha lhe impõe: No meu governo e no do presidente Lula, a Polícia Federal ganhou autonomia, ela respondeu. Nos nossos governos, o procurador-geral não é chamado de engavetador-geral da República. Criamos a CGU e a Lei de Acesso à Informação, blá, blá, blá…”

O texto de Josias de Souza chega a três laudas, ultrapassa, com folga, o espaço deste Jornal de WM. Não dá para transcrevê-lo na íntegra. Mas o leitor poderá encontrá-lo, como eu fiz, na internet. Transcrevo, agora, o seu final:

“Dilma pede um voto de confiança. Mas um telespectador refratário à reeleição, talvez pergunte aos seus botões: por que diabos eu deveria confiar uma bandeja com um copo de leite a uma presidente que se esquiva de explicar desastres que envergonhariam qualquer garçom de boteco? Aliás, se fossem repetidas num botequim, algumas das perguntas que soaram no Alvorada, talvez terminassem numa troca de sopapos. Mas a Dilma de 2014 já não é a mesma Rousseff de 2010. Ela mudou muito. E não deixou endereço.”

Arrogância
Para o jornalista Ricardo Noblat, Dilma Rousseff teria sido arrogante na entrevista:

– Passou arrogância. Exibiu uma de suas características marcantes –  a de não juntar coisa com coisa, deixando raciocínios pelo meio. Foi interrompida mais de uma vez, porque não conseguia parar de falar, e fugiu de respostas diretas a perguntas.

E mais:

– Perguntaram-lhe sobre corrupção. Dilma respondeu o de sempre: nenhum governo combateu mais a corrupção do que o dela. Bonner perguntou o que ela achava de o PT tratar como heróis os condenados pelo mensalão. Foi o pior momento de Dilma (terá sido mesmo o pior?).

Pesquisa
Anuncia-se para amanhã nova pesquisa do Ibope no rasto das eleições no Rio Grande do Norte. Para presidente da República, Governo do Estado, Senado.

Aula Magna
O Frei Leonardo Boff é quem vai proferir a Aula Magna da UFRN referente ao segundo semestre letivo, dia 27, no auditório da Reitoria. Falará sobre “Ecologia e o papel da universidade do mundo contemporâneo”.

Bossa e Jazz
Começa amanhã o Fest Bossa & Jazz da Praia de Pipa, mas hoje tem um aperitivo do evento em Ponta Negra, palco montado em sua Praça Ecológica, com o Sesi Big Band, o Candeeiro Jazz e Ed Motta, como convidado especial. A partir das 19 horas, entrada grátis.

Literatura

O Prêmio São Paulo de Literatura já tem os 10 finalistas da categoria Romance (Melhor Romance de 2013). São: Adriana Lisboa (com Hanói); Alberto Martins (Lívia e o Cemitério Africano); Ana Luísa Escorel (Anel de Vidro), Bernardo de Carvalho (Reprodução), Carlos de Brito de Mello (A cidade, o inquisidor e os ordinários); Joca Reiners Terron (A tristeza extraordinária do leopardo-das neves), Marco Lucchesi (A maçã envenenada), Rodrigo Lacerda (A República das Abelhas) e Sérgio Rodrigues (O Drible).
Os vencedores do São Paulo Literatura serão conhecidos no mês de novembro. O valor do prêmio é de 200 mil reais.

Violão
Hoje à noite (19h30), no Auditório Onofre Lopes, da Escola de Música da UFRN, tem o recital do violonista canadense Thierry Régin-Lamontagne, detentor de vários prêmios internacionais. No programa, Bach, Albeniz, Tarrega, Paganini, Villa-Lobos, Tom Jobim.

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