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O farol e um lugar lindo assim

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Nelson Mattos Filho [[email protected]]

Tem lugares que marcam nossas vidas por motivos diversos e tem aqueles que mesmo sem nunca termos ido até lá, conseguem a façanha. Posso fazer uma pequena lista com lugares assim que me marcaram, mas alguns são verdadeiras utopias e outros muitas vezes estão tão próximos que chegam a ser distantes. Entenderam? Vamos dizer que sim!

Desde que embarquei no Avoante e comecei traçar rotas pelos mares do nordeste me deparei na Carta Náutica com o Farol do Itarirí, localizado na Praia de Itarirí, litoral norte baiano. E o segundo farol da costa da Bahia, no sentido norte/sul, e o primeiro que avisto durante a noite. Isso porque, tiro uma linha reta a partir de Maceió e na grande maioria das vezes passo longe do Farol de Estância. É com a orientação dos cinco lampejos brancos daquele Farol, que aproximo novamente da costa. Mas o fato marcante não é esse.

Na primeira vez em que naveguei naquelas águas, na companhia dos irmãos Pedrinho e Manoel Correia, lá da praia potiguar de Enxú Queimado, pela manhã ao lançarmos ao mar as linhas de pesca, embarcamos várias bicudas, cavalas e dourados. Foi uma festa! Depois disso, sempre que navegamos no través do Itarirí pegamos pelo menos um peixinho. Pense num rio abençoado!

Pois é, aquele lugar tem para mim esse fascínio e sempre desejei conhecê-lo melhor. Nas minhas andanças rodoviárias entre Salvador e Natal, ao seguir pela estrada da Linha Verde, rodovia litorânea que liga a Bahia com Sergipe, era uma tentação visualizar a placa indicativa da Barra do Itarirí, mas nunca havia tempo disponível para entrar e sempre me prometia na ocasião da volta. Porém, a promessa nunca era cumprida.

No último final de semana de março fui a Aracaju/SE, de carro, e na volta não teve desculpas: Entrei na estradinha de barro, de 6 quilômetros, entre um vasto coqueiral, e fui me apresentar a essa prainha gostosa, convidativa e que me abastece de peixe quando cruzo suas águas.

A praia que fica distante 160 quilômetros de Salvador, lembra uma vilazinha de pescadores dessas que aparecem nas revistas. Algumas barracas estendem suas mesas na areia à beira do rio, que tem um banho maravilhoso. Um cheiro de peixe frito no dendê invade o ar num insinuante convite para uma cerveja bem gelada.

A praia tem uma bela paisagem de dunas, rio, mar, mangue e mata verde que é um bálsamo para nossa alma e me bateu uma bruta vontade de ficar ali para sempre. Conta com boa infraestrutura de hospedagem entre pousadas, hotéis, resort e até com o aconchego de casas de nativos. Tudo isso vi numa bela manhã de Segunda-Feira.

Caminhei um pouco pela beira do rio. Conversei com alguns pescadores, mas observei que nem tudo são flores naquele paraíso. Soube que nos finais de semana a praia se torna ponto de caravanas de visitantes que transformam a tranquilidade em um bem escasso. Mas tudo bem, a modernidade tem suas desvantagens.

Mais uns passos pela areia e sai em busca daquele amigo solitário que orienta minhas navegadas noturnas. Cinco lampejos brancos e uma pequena pausa para a escuridão da noite. E assim vou navegando por vinte milhas afora.

Pergunto aqui, confirmo ali e sigo em frente. – Na segunda à direita! – Não Zé, na terceira! – É mesmo, na terceira. Entre informações e desinformações consigo achar a rumo que me levará até ele. Mas para confirmar, atalhei uma garotinha que caminhava na estrada e perguntei novamente: Como chego ao Farol? – Siga nessa estradinha que é lá em cima! Segui!

Era uma estradinha mesmo e parecia estar abandonada há um bom tempo. Cruzamos um mata-burro e fiquei me perguntando como ainda podem existir coisas assim nesse mundo tão cheio de novas regras. O piçarro acabou e deu lugar a uma clareira de areia branca. Parei o carro e Lucia apontou uma pequena construção: Olha, tem uma casa! Desci do carro, olhei em volta e respondi: Não é casa. É uma capelinha, pois aqui é um Cemitério. Veja as cruzes!

O Farol estava lá com toda sua imponência e do alto do morro se esparrama uma vista maravilhosa. Tive vontade sim de sentar um pouco e pensar na vida, porque sobre aquele monte paira uma áurea de paz e luz. Quem sabe um dia eu volte.

Valeu ter ido até a Barra do Itarirí e agora, quando avistar aqueles cinco lampejos brancos vou dizer assim: Pense num lugar bonito! E ao lado daquele Farol existe uma pequena capelinha… .

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