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O futuro da pesca e carcinicultura no RN

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O Seminário Motores do Desenvolvimento do RN Pesca, Aquicultura e Carcinicultura foi marcado por cobranças do setor produtivo acerca de investimentos e apoio para os setores e pela exaltação das potencialidades naturais do Estado. No discurso das autoridades, dos produtores e pesquisadores presentes no evento, ficou subjacente a possibilidade de o RN se tornar um dos principais produtores do país e passar a ter peso no comércio exterior, além da falta de apoio para a pesca e aquicultura no Estado.
Autoridades, produtores e pesquisadores presentes no evento têm uma opinião unânime: o RN pode se tornar um dos principais produtores de pesca do país e passar a ter peso no comércio exterior. Mas precisa vencer os entraves
#SAIBAMAIS#O Ministro da previdência, Garibaldi Alves, cobrou do Ministério da Pesca investimentos em tecnologia para embarcações, beneficiamento de produtos e para a área de infraestrutura portuária. Garibaldi Alves pediu ao ministro Marcello Crivella o engajamento do governo federal para concluir a construção do Terminal Pesqueiro de Natal, que atenderá a pesca oceânica e aos pequenos produtores. “É uma obra monumental que não podemos deixar virar um elefante branco”, disse o ministro.

Durante a sua palestra no Seminário Motores do Desenvolvimento, Crivella ressaltou a estagnação da pesca extrativa, por conta da diminuição dos estoques de peixes, e o crescimento da aquicultura. “O Rio Grande do Norte, como outros locais do país, tem grande possibilidade de crescimento. Cada corpo d ´água, e eu vi que há muitos no Estado, é um foco para a criação de peixes”, disse o ministro. A solução apontada por Crivella para conseguir dar um salto na produção de pescado no RN e no Brasil é o Plano Safra da Pesca, que irá investir R$ 4,1 bilhões na aquicultura nos próximos anos, lançado no último mês pela presidenta Dilma Rousseff.

A burocracia e os custos para se obter o licenciamento ambiental , como impeditivos do crescimento da piscicultura no Estado, foram abordados no Seminário do Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte pelo presidente da Confederação Nacional dos Pescadores Abraão Lincoln. Ele criticou a postura adotada pelos órgãos ambientais e defendeu a desvinculação do Ministério da Pesca atrelado hoje ao Ministério do Meio Ambiente. “É preciso dar autonomia para que possa realizar o trabalho, para tratar, regulamentar, sem que a questão ambiental seja sempre posto como entrave”, disse.

O empresário Gabriel Calzavara defendeu em sua palestra a parceria firmada com a frota japonesa para a pesca do atum, sem deixar de cobrar a necessidade de o Brasil possuir a sua própria frota atuneira. “Conseguimos grandes resultados ano passado usando apenas quatro embarcações”, comemorou o empresário, que solicitou aos representantes do governo estadual, federal, da indústria e setor pesqueiro esforços no sentido de dar “um salto em tecnologia”. O projeto apresentou em faturamento 18 milhões de dólares, dos quais 61% foi movimentado dentro do Estado. “Não podemos mais ver uma frota estrangeira, sendo protagonista na pesca do nosso atum”, sentencia.

Itamar Rocha, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC), apresentou números do setor no Brasil e no mundo e criticou a inércia das autoridades brasileiras, que têm assistido a queda da produção e aumento da importação de pescado pelo país. Ele voltou a falar sobre a dificuldade para obter licenças no Rio Grande do Norte, o risco de importar camarão de países sem tradição no setor como a Argentina, e as limitações trazidas pelo novo Código Florestal, aprovado com vetos pela presidenta Dilma Roussef.

Muitos dos gargalos que atravancam o setor a carcinicultura e o setor pesqueiro de modo geral, segundo ele, passam pelo Estado. “Estamos perdendo espaço por pura incompetência”, afirmou. Segundo Itamar, o culpado pelo atraso do setor não é o IBAMA, como se chegou a dizer, “mas o Estado, que é quem licencia”. Sem medo de atingir as autoridades, afirmou que de nada adianta ter ‘todo este potencial’, se nada é feito para aproveitá-lo. Ele citou o caso de países asiáticos, como o Vietnã, que mesmo com menor extensão territorial, conseguem produzir mais do que o Brasil. “Vamos encarar as coisas com seriedade. O Vietnã começou a produzir camarão ‘ontem’”, afirmou. “Nenhum país precisa de licença. E aqui precisa. Precisa e ninguém dá”, acrescentou.

Avanço

O consultor chileno Carlos Wurmann fez a última palestra do seminário e citou algumas possibilidades de planejamento para conseguir levar o Brasil ao nível de desenvolvimento desejado. O cultivo do atum, por exemplo. Hoje, poucos países conseguem dominar o ciclo completo do atum e produzi-lo em cativeiro. Apenas a Austrália, o Japão e poucos outros. “O Brasil ainda não percebeu que o cultivo do atum pode ser estratégico para o país nos próximo anos. Não vi ainda nenhuma autoridade brasileira falar nesse assunto e nem pensar no cultivo do atum como estratégico a longo prazo”, disse Carlos Wurmann. Estar limitado a um planejamento de curto prazo é um dos pontos fracos do país, na visão do chileno.

Apesar de ver alguns pontos fracos no modelo brasileiro, Carlos Wurmann disse acreditar que o Brasil irá alcançar grandes patamares nos próximos 10 anos, caso o crescimento dos últimos anos continue. “De 1972 até 2010 passou a ser o décimo quinto produtor no mundo, apesar de todas deficiências colocadas na discussão nesse seminário hoje. Então, até 2021 o Brasil será fatalmente o principal produtor pesqueiro do mundo”, analisou.

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