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O livro de Ivoncísio

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Woden Madruga [ [email protected] ]

Hoje à noite, coisa das 19 horas, na Pinacoteca do Estado (Palácio da Cultura), tem o lançamento do livro do escritor e historiador Ivoncísio Meira de Medeiros, “Contando histórias – ensaios históricos e biográficos”, editado pela Fundação José Augusto, com orelhas assinadas pelo sociólogo Tarcísio Rosas. As pesquisas de Ivoncísio vão pelos mares da História – desde a expedição de Gaspar de Lemos, em 1501, para explorar a nova terra encontrada por Pedro Álvares Cabral e que descobriria o nosso Cabo de São Roque apontado em Touros – até chegar aos tabuleiros da literatura. Aqui o leitor, entre outros, encontrará os escritores Jayme Adour da Câmara, José Mauro de Vasconcelos e a poeta e atriz Clarice Palma.

Nos ensaios históricos, Ivoncísio conta toda a história de como o pintor fluminense Antônio da Silva Parreiras pintou o quadro do julgamento de Frei Miguelinho, talvez a peça (2 metros de altura por 3 de largura) mais importante do acervo da Pinacoteca do Estado. O quadro foi pintado em Paris, entre os anos de 1917 e 1918. Ferreira Chaves era o governador do Rio Grande do Norte. Ivoncísio juntou ao seu ensaio cópia do contrato do Governo do Estado com Antônio Parreiras e mais uma entrevista que o artista deu para o jornal A República, de 28 de junho de 1917.

Às folhas tantas, depois de descrever como seria o quadro representando a cena do julgamento do mártir natalense da Revolução de 1817, o repórter pergunta a Parreiras: “Onde vai pintar o quadro?” O pintor respondeu:

– Em Paris,  no meu atelier, à Rua Val de Grace, 6. A tela será resistente para ter longa duração. Empregarei da melhor qualidade conhecida até hoje, que é de fabricação holandesa.

Adiante, Antônio Parreira acrescenta:

– Não precisa dizer-lhe como vou pintar essa empolgante página da história. Como sabe, no meu atelier, farei, ao vivo, a representação de toda a cena, valendo-me dos meus modelos que serão vestidos a capricho. Essas vestimentas terão de ser confeccionadas pelo conhecido artista, célebre no gênero, Mr. Garnier, que é costumier da Ópera de Paris, ao qual nada terei de recomendar, pois tenho plena convicção de que fará um trabalho sem defeitos.

Se fosse Ivoncísio, autografaria o livro diante da tela de Parreiras. Uma boa ocasião  para que o povo se reencontre com Frei Miguelinho e aprecie uma grande  e bela obra de arte. Bom, no livro há outras preciosidades. Por exemplo: a entrevista que Jaime Adour da Câmara deu para a revista “Vamos ler”, em 1939. Nela, o autor de “Oropa, França e Bahia”, conta sua infância vivida nos engenhos de Ceará-Mirim, a revelação do mar:

– Deixamos o engenho ao cantar do galo e viajamos muito. Indiferente a tudo, à natureza, à aproximação dos morros brancos e faiscantes, eu pressentia que alguma coisa de imprevisível ia suceder. Muita terra mole, movediça, um coqueiral enorme, diante de mim uma larga faixa cinzenta. “Olha o coqueira!”, fui advertido. Se o mar era tão grande como me disseram, não tive a impressão da grandeza esperada ansiosamente. Estava vendo tudo, via todo o mar, como estava acostumado a ver de um só relance de vista o Vale do Ceará-Mirim reverdecido de canaviais ou cobertos de água barrosa. Era do mesmo tamanho; apenas o mar tinha outra cor: era cinzento e à sua borda havia muitos coqueiros.

Tem muita coisa importante, bonita e preciosa para se ler no livro de Ivoncísio.

Lembrando Mermoz
Hoje tem o pessoal da Aéropostale sendo recepcionado na Fazenda Bonfim, onde, além do Museu do Vaqueiro, Marcos Lopes também construiu um campo de pouso para servir melhor ao Forró da Lua, outra criação sua. Os franceses estão celebrando mais de 80 anos de voos por estes céus do Rio Grande do Norte. Amanhã, na Assembleia Legislativa do Estado, haverá a abertura (9 horas) da Exposição Memória da Aéropostale.

Sugiro a todos,  incluindo os coleguinhas jornalistas,  uma leitura no livro de Paulo Pinheiro de Viveiros, “História da Aviação no Rio Grande do Norte”. Toda essa história dos pilotos franceses está contada em suas páginas que revelam ainda que a história da aviação mundial, a bravura de seus pioneiros,  passou por Natal.  A primeira edição é de 1974, capa de Newton Navarro, Editora Universitária, prefácio de Américo de Oliveira Costa. Há uma segunda edição, também da Edufrn, saída em 2008.
Paulo Viveiros conta no capítulo 12:

– Pilotando uma Laté 28, com flutuadores, Mermoz, em companhia do observador Dabry e do operador Gimié, saiu de Senegal às 8h55 do 12 de maio de 1930 e, após 22 horas e 15 minutos de voo, chegou a Natal, amerissando na hidrobase da CGA, em Refoles.

Quarta-feira, agora, dia 13, esse voo de Jean Mermoz fez 84 anos. O piloto francês vez inúmeras outras travessias, Dakar-Natal-Dakar. Paulo Viveiros, que à época era repórter do Jornal do Commercio de Recife, anota em seu livro que Mermoz “viajava constantemente sobre o Atlântico, e Natal era a cidade predileta de seus devaneios”.

É nome de rua, onde morei menino. Fica no Baldo, divisa da Cidade Alta com o Alecrim. Começa na rua José de Alencar, oitão do Marista/Vila Lustosa, e vai na direção norte, roçando a Deodoro, a Rio Branco, a Gonçalves Ledo (Santa Cruz da Bica), a Voluntários da Pátria para se encostar, lá em cima, com a Padre Pinto, onde foi o sítio acolhedor de Maria Boa. A rua Santo Antônio colada.

Chuva
Chuvas fortes por estes litorais daqui. No boletim da Emparn registra (até as 7 horas de ontem) 64 milímetros em Baía Formosa e 49 em Canguaretama, ao lado. Em Maxaranguape, 47; Paramirim, 35. A chuva de Natal, até aquela hora, 34 milímetros. Mas no apontar da tarde, quando batuco estas boas notícias, é provável que tenha passado dos 70.

Há chuvas no Agreste e no Oeste e alguma coisa pelo Seridó. Em Acari (Açude Gargalheiras), por exemplo: 13 milímetros. No Oeste: Tibau, 33; Assu, 17; Porto do Mangue, 12. Aqui pelo Agreste: Santo Antônio, 26; Monte Alegre, 25; Serrinha, 21; Nova Cruz, 19; Vera Cruz e Várzea, 16.

Livro
Resma, o livro de poemas de Lívio Oliveira, será lançado no dia 23, coisa das 18 horas, na livraria da Cooperativa Cultural da UFRN.

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