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O pequeno grande heroi

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Pode-se começar falando de O Homem-formiga pelo fim. Com uma advertência – quando começarem os créditos, não faça como sempre costuma ocorrer. O público levanta-se e sai correndo das salas. Dessa vez, é bom ficar. Existem duas cenas adicionais durante os créditos. São elas que, verdadeiramente, fecham a história – ou, na verdade, a reabrem.
Um heroi minúsculo vestido de Homem de Ferro. A piada está em dotar o herói liliputiano de superpoderes e nisso o filme é competente
O Homem-formiga já surge com a promessa de uma continuação. Naturalmente que ela depende da bilheteria, mas você pode apostar que teremos, sim, O Homem-formiga 2, 3… A publicidade anuncia – Você nunca viu maior herói que esse. E, naturalmente, trata-se de uma brincadeira, porque o ‘descomunal’ o imensurável Homem-formiga é só isso mesmo, uma formiguinha no uniforme do Homem de Ferro. A piada do filme é dotar o herói liliputiano de superpoderes. E isso o filme faz, e bem.

Mas teve uma produção tumultuada. Edgar Wright acumulava diversas funções – produtor, roteirista, diretor. Por incompatibilidade criativa, a Marvel exonerou-o da última, mas manteve os créditos de roteirista e produtor associado.

 Para apagar o incêndio, Peyton Reed foi chamado para assumir a direção. Peyton quem? Você sabe. Ele dirigiu comédias familiares como Sim, Senhor, com Jim Carrey e Zooey Deschanel. E assume agora a função de contar a história do Ant Man. O filme pertence à nova geração dos heróis da Marvel. Esquisito como qualquer guardião da galáxia, é totalmente referencial. O tempo todo fala-se dos Vingadores, da S.H.I.E.L.D e até de filmes como o Titanic de James Cameron. Tudo isso compõe, digamos, um quadro. Fornece um charme. Mas a história mesmo é de paternidade. Paul Rudd veste o uniforme do Homem-formiga, e você sabe (o filme explica) que a capacidade de aumentar e diminuir de tamanho, incorporando poderes, está ligada aos experimentos do cientista Michael Douglas com átomos.

Ele desenvolveu um método de alterar a distância entre os átomos e isso leva à variação de tamanho. Ela é perigosa – depende de um uniforme, e de um capacete, que vai neutralizar os efeitos lesivos dessa compressão/elasticidade no cérebro.

Na abertura do filme, o jovem Michael Douglas descobre que empresários mal-intencionados querem se apossar de sua fórmula. Abandona a empresa e se isola. Corte para os dias atuais. Scott/Paul Rudd está preso por ter bancado o Robin Hood, violando códigos de segurança de um conglomerado para devolver dinheiro roubado aos pobres.

Justamente essa sua habilidade de ladrão o leva a ser convocado por Douglas para violar os códigos de segurança da antiga firma – na qual ainda trabalha sua filha, aparentemente associada ao vilão que prossegue com as pesquisas de Douglas, mas precisa do uniforme (do capacete) do seu Homem-formiga.

Tal é a trama geral – Rudd, transformado em Homem-formiga, precisa roubar algo vital do laboratório do vilão. E o vilão precisa roubar seu uniforme. Só que o uniforme não explica todos os poderes de Rudd. Ele consegue se comunicar com as formigas, inclusive voadoras, e elas formam um exército a seu serviço. Formigas não são individualistas. Trabalham em grupo. Por mais que iniciativas individuais sejam necessárias e bem-vindas em momentos pontuais de O Homem-formiga, a força do filme está no coletivo. Num mundo cada vez mais individualista, a força da Marvel está na celebração do coletivo – dos Vingadores à união de Rudd, Douglas Evangeline Lilly (a filha) e as formigas.

Existem reforços adicionais, como os três patetas (latinos), todos, como Rudd, saídos da cadeia e que se incorporam ao grupo e viram mocinhos. Lutam contra o mundo do capital e o establishment militar que só pensa em transformar pesquisas em armamentos e se apossar deles. O cartaz com o minúsculo Homem-formiga montado no Homem de Ferro não é mera coincidência. Todos conhecemos o alter ego do Iron Man – Tony Stark. Tudo isso incrementa a história, mas o tema, a tragédia do filme, é familiar. Passa pelo desejo de Rudd de se converter, aos olhos da filha pequena, no herói que ela pensa que ele é, e no de Douglas de também recuperar a estima de Lilly. A aventura é legal, os efeitos, ótimos, e o elenco cria empatia. O Homem-formiga é grande diversão.(Informações da  Agência Estado)

Pym tem seu traje de herói roubado por Scott Lang
Hank Pym é um dos melhores e mais obscuros personagens da Marvel – outra criativa invenção do Stan Lee, Larry Lieber e Jack Kirby. É o herói indie, digamos, cujos poderes, encolher até o tamanho de uma formiga, nunca foram valorizados o bastante – por fãs de quadrinhos ou até pelos outros heróis. Nas HQs, trata-se de um personagem complexo, lapidado por arrependimentos, más decisões e uma criação assustadora: o robô inteligente e insano Ultron.

Carregar tamanha carga dramática e superpoderes pouco impressionantes dos quadrinhos para as telonas seria demais para o Doutor Pym, conhecido como dono da mente mais brilhante das HQs da Marvel – e fugiria da estratégia não muito ousada do estúdio, cuja fórmula tem se mostrado estática demais. Mais fácil era incluir Pym como o mentor do novo Homem-Formiga, este sim, mais jovem, divertido. Um anti-herói leve e adorável, como os personagens de Guardiões da Galáxia. Um movimento equivalente ao exibido nos quadrinhos, aliás.

Pym tem seu traje de herói roubado pelo personagem Scott Lang, um larápio de bom coração e dedos leves. O ator que o vive nos cinemas, Paul Rudd, é divertido, simpático, fácil de ser aceito por um público que, convenhamos, nunca achou que o poder de encolher até o tamanho de um inseto poderia ser tão interessante como superforça, habilidade de voar ou de regeneração. Com um herói tão complexo em diferentes opções, a Marvel busca o simples. Pym é mentor de Lang, a voz que comanda o rapaz durante suas missões. Brilhante, é jogado ao papel de coadjuvante para que Lang possa se comunicar com um público mais casual.

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