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O prazer de um bom mergulho

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Apesar de a Terra ser o “planeta água”, a fonte pode secar.  O bem natural que dá vida, sacia a sede, limpa, alimenta, diverte e embeleza paisagens, exige cuidados especiais para continuar existindo – e permitindo que a vida continue. Na semana em que se celebrou o Dia Mundial da Água – data instituída há 20 anos pela ONU – no 22 de março, cabe discutir o assunto, e saber por onde passa a conscientização de quem utiliza esses recursos naturais. No Rio Grande do Norte, território onde a natureza é bela e turisticamente explorada, a atenção pode – e deve – ser redobrada. As iniciativas são poucas, mas existem.
Fim de Semana traça o roteiro de  passeios em rios, lagoas e faixas praianas onde a sustentabilidade vai além do discurso
O Dia Mundial da Água propõe  conscientização. A lição é simples: mesmo com o planeta sendo formado por dois terços de água, muito menos de 1% dela é própria para consumo (potável), e grande parte das fontes dessa água (rios, lagos e represas) tem sido degradada pela ação predatória do homem. As consequencias para o futuro, a seguir dessa maneira, serão catastróficas. O problema é global, e também se registra em território potiguar. “A gestão pública de recursos hídricos no RN é péssima, praticamente não existe”, afirma Gilson Bezerra, que cuida da agência de viagens ecológicas Pé na Estrada.

Acostumado a trilhar o Estado através de suas passagens naturais mais belas, Gilson registrou muitos descasos. “As nossas lagoas não contam com uma gestão de preservação oficial. Só através de ações isoladas e particulares”, explica. Segundo ele, vários pontos conhecidos estão sofrendo más ações, como as famosas lagoas de Nísia Floresta, o rio Pitimbu, o rio Doce (de Pureza até Redinha), o Potengi (que recebe 70% do esgoto de Natal), o açude Gargalheiras e a barragem do Boqueirão (que recebem dejetos em determinados trechos), o rio Piranhas, entre outros.

O fotógrafo João Vital, que tira vários de seus melhores cliques da natureza e costuma participar de trilhas, também já registrou passagens não tão bonitas. “Lembro do rio Pitimbu. Estive por lá há cinco anos, e já estava ruim. Parece ter piorado”, diz. “As pessoas não tratam a água como uma questão de sobrevivência. Faltam consciência ecológica, mais cuidado e bom senso. A esperança é que as gerações mais novas obtenham essa consciência”, completa.

A destruição dos mangues pelo crescimento da carcinicultura, a criação de camarão em cativeiro, fez com a Natureza Tour fosse à Barra de Cunhaú para navegar e espalhar conscientização ecológica. Há 14 anos a empresa faz um roteiro baseado na preservação dos manguezais da área. O ecossistema da região, chamado de “Amazônia Potiguar”, tem se mantido firme. “Quando começamos, havia 4.200 hectares de mangue, e atualmente há sete hectares. Fazemos um trabalho de replante, fiscalização e conscientização. As pessoas preservam para continuar usufruindo”, explica o proprietário José do Egito.
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A lagoa do Bonfim, a mais famosa de Nísia, conserva um trecho fortemente conservado pela ação do produtor cultural Marcos Lopes. Há 12 anos ele mantém a pousada Coice da Burra, numa área de preservação ambiental, à beira da lagoa. Todas as atividades desenvolvidas no local visam a preservação do meio ambiente. “Recebo de esportistas conscientes a crianças, até escritores que desejam paz”, lista. Todos os cuidados são tomados, desde as trilhas, passeios a cavalo, e o uso do rio. “Os passeios são feitos em barcos de motor quatro tempos, que não deixam resíduos de óleo. Já é de uso comum na Europa, os outros foram proibidos”, diz Marcos. As águas sempre cristalinas garantem a volta dos visitantes.

O SANTUÁRIO DA LAGOA DO URUBU

O músico Tarcísio Flor conheceu a Lagoa do Urubu, em Nísia Floresta, há 28 anos. Foi amor à primeira vista. Ele conserva na área um belo santuário ecológico, visitado apenas por pessoas em sintonia com a preservação da natureza. “Não é receber por receber. Sou chato, tenho muitas regras, e os visitantes devem ter um perfil consciente”, explica. Na lagoa se pode nadar, usar caiaque e pedalinhos. Em sua chácara ele estuda, planta e colhe. Vê-se árvores seculares cobertas de orquídeas, bromélias raras, plantas tropicais, árvores frutíferas. Tarcísio dá dicas de conservação aos visitantes, jardinagem e horta. A lagoa, sempre ao fundo. As visitas podem ser agendadas pelo 9600-5252/9481-4224.

DE BARCO, PELA BARRA DE CUNHAÚ

Os passeios de barco da Natureza Tur apresenta as belezas da Barra de Cunhaú, ao mesmo tempo que as conserva. Graças ao seu trabalho de replantamento e fiscalização, recuperou três hectares de mangue desde 1998. Não à toa, é chamada de “Amazônia Potiguar”. Os passeios são feitos em quatro barcos que comportam de 65 até 100 pessoas, e há duas opções de percursos: o tradicional, de duas horas e meia, que passa pelos mangues brancos e vermelhos do rio Curimataú e uma parada para banho na Ilha da Restinga, uma praia com barracas e serviço de bar; e o roteiro de três horas, que segue mais fundo pela área amazônica do local. Turistas do sul/sudeste adoram, em especial. Contatos: 3241-4262/9985-1468/9996-8209.

TRILHAS NA MATA DO CATU

Ponta do Tubarão na praia de Diogo Lopes, em Macau RNA Pé na Estrada Trilhas Ecológicas programou, para o dia 31/03, um passeio a um dos poucos lugares que o organizador Gilson Bezerra considera – ainda – livre de ações predatórias: a Mata do Catu, em Canguaretama. A nascente do Rio Catu está dentro de uma reserva onde viveram os índios Potiguaras, séculos atrás. “É um dos poucos lugares preservados, e muito belo”, diz. Gilson também recomenda uma ida à Praia de Diogo Lopes, em Macau, cuja restinga da Ponta do Tubarão é uma reserva de desenvolvimento sustentável que se mantém protegida da carcinicultura, por iniciativa da própria comunidade. Vale conhecer. Reservas: 8804-6505/9945-5701.

LAGOA DO BONFIM/ POUSADA COICE DA BURRA

A pousada Coice da Burra fica à beira da Lagoa do Bonfim, em São José de Mipibu. Ela tem cerca de 24 km e fornece água para 30 municípios. O local funciona com proposta de turismo rural sustentável, e tem cuidados extras com a lagoa. Os visitantes usam as águas para nadar, praticar esportes náuticos (de wind a kite-surf) com equipamentos próprios, além dos passeios oferecidos pela pousada: seja de caiaque, barcos de motor quatro tempos (que não poluem), e barcos à vela que podem ser alugados para grupos maiores. Para hospedagem é exigido o mínimo de três a quatro casais. Grupos escolares também fazem bastante visitas. A APA vai de Bonfim até Guaraíras, passando por 25 lagoas – boa parte, ainda preservada. Reservas pelo 9937-1177.

REGISTROS ENTRE PUREZA E A MATA ESTRELA

Pureza RNEcologicamente antenado e engajado, o fotógrafo João Vital aponta alguns lugares que valem um mergulho, uma visita, e alguns cliques. O “olheiro” de água, no centro de Pureza, é uma das atrações mais tradicionais do Estado. “Aquilo é maravilhoso, mas se quiser curtir com sossego, recomendo a ida só de segunda a sexta, já que no fim de semana vira point de pique-nique, e a confusão é grande”, diz. Em Baía Formosa, região da Mata Estrela, a dica é a Lagoa da Coca-Cola, chamada assim pela cor escura de suas águas, devido às raízes e juncos que formam o ecossistema da área.

PEIXE GALO EM GALINHOS

Pausada Peixe Galo, em Galinhos RNA Pousada Peixe Galo existe há seis anos, na Praia de Galos, em Galinhos. Criada por um empresário do ramo de mergulho, foi pensada para ter uma boa relação com as águas. No braço de mar que passa por trás da pousada, semelhante a um rio, são feitos passeios de barco que levam os hóspedes para conhecer dunas, salinas, e a Lagoa do Capim. Os vistantes também podem pescar, fazer passeio de caiaque, e trilhas. “É um lugar ecologicamente interessante, e as pessoas que vêm para cá têm esse perfil”, afirma a gerente Rose Rocha. Reservas e informações pelo 3552-2001/3552-2006.

A ECOVILA ENTRE TIBAU E PIPA

A Pousada Ecovila Spa da Alma propõe natureza, relaxamento e boas medidas para seus hóspedes. Apesar de localizada na badalada Pipa, o local conserva um ar de tranquilidade distante. Na pousada há um poço de água natural de 140 metros, disponibilizado para uso da cliente; a água é servida em garrafas após ser filtrada. “Essa água é usada para todas as funções da pousada, é algo 100% saudável’, diz Ronaldo Oliveira, um dos proprietários. As atividades do local incluem passeios até a Baia dos Golfinhos, e à Praia das Minas, que tem a maior incidência de desova de tartarugas marinhas do Estado. È proibido passar com veículos na área. O local está numa reserva natural de 15 hectares. Tel.: 3246-2537.

LAGOA DO CARCARÁ

Lagoa do CarcaráUma das mais populares lagoas de Nísia Floresta – apesar do acesso difícil. Mas a chegada compensa. A borda da lagoa tem uma grande faixa de águas rasas com areia alva e águas mornas, boa para banhos demorados. Pode-se praticar windsurf, e dispõe de pedalinhos e caiaques que podem ser alugados aos comerciantes locais. O lugar conta com 14 barracas para atender os visitantes. O paraíso a 40 km de Natal, no entanto, exige cuidados. Há quem reclame do acesso com estradas ruins e sinalização precária, coleta de lixo irregular, e pouca fiscalização dos comerciantes. Falta estrutura, mas sobra beleza.

PASSEIO  TAO PARADISE

A sofisticada pousada Mi Secreto, inspirada nos bangalôs tailandeses, é uma das atrações de São Miguel do Gostoso. O maior atrativo do local é o passeio chamado “Tao Paradise”, feito às margens do rio Catolé, indo até a região de Pureza, onde o rio se torna o Punaú. A água do Punaú é  cristalina, com o fundo de areia branca, fazendo do banho um prazer obrigatório. A limpeza e o cuidado com o meio ambiente são visíveis.  Tel.: 3263-4348/9195-4758.

PONTA DO MADEIRO EM PIPA

O Hotel Ponta do Madeiro, em Pipa, é ecologicamente engajado. Foi pioneiro na região em uma parceria com o Projeto Tamar, que cuida da sobrevivência das tartarugas. Na praia, conta com uma barraca rústica estilizada, e promove passeios de barco na região. Também mantém o Projeto Acesso, que reaproveita e recicla materiais diversos (papel, garrafas pet, vidro, cobre) e doa para associações carentes. O conceito ecológico se une à boa estrutura de bangalôs, chalés e apartamentos – tudo de frente para o mar. Tel.: 3246-4220. 

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