Everaldo Lopes [[email protected]]
Num domingo como outro qualquer, num 26 de setembro de 1915, segundo noticiou o matutino “A República”, ABC e América pela primeira vez se enfrentaram, tendo como local a praça Pedro Velho, hoje Cívica. Na verdade, não era estádio, mas um descampado quase em frente a residência do governador do estado. Era um jogo amistoso, já que não havia ainda sido fundada a Liga de Esportes Terrestres. Eram apenas rapazes filhos de boa família, bastante identificadas, já que as únicas bolas existentes em Natal eram trazidas por rapazes natalenses que estudavam na Inglaterra. Poucos tinham esse privilégio, daí serem todos nossos primeiros atletas. Por ser o ABC, dono de um time mais preparado, nesse amistoso, os abecedistas resolveram escalar uma equipe reserva no primeiro tempo, com esta formação: Avelino, Batalha e Borges, Cabral, Paraguai e Freire, Bigois, Moacir, Mousinho, Nóbrega e Moura. O América com Oscar Siqueira, Lélio e Gato, Carvalho, Gallo e Toínho, Barros, Carlos Siqueira (irmão de Oscar), Neco, Garcia e Felipe. Cem anos depois, ABC x América está às portas, não do centésimo clássico, mas o primeiro nos festejos do centenário.
Globo fica. E o Força e Luz?
Sei – e quem aprecia o futebol também sabe, que sempre existiram “donos de time”, mesmo temporariamente, e o RN não será nenhuma exceção. Nos velhos tempos do “Juvenal Lamartine”, o saudoso João Machado chegou a tomar para ele a manutenção do Clube Atlético Potiguar. Assumiu com tanto gosto e devoção que o rubro-negro chegou a ser conhecido como “o Atlético de João Machado”. O menino travesso, como era também chamado, o pequeno Atlético chegou a ser conhecido, muito raramente surpreendia algum adversário. A familiaridade entre Machado e o Atlético era tão visível que – mesmo sendo presidente da federação, ele continuou sendo “dono” do Atlético. Era o Atlético do doutor João, como dizia o administrador do estadinho do Tirol. Não foi só JM quem assumiu o comando do Atlético. Por coincidência, o primitivo Globo EC foi mantido durante alguns anos pelo empresário húngaro, residente em Natal, Imre Fried. O extinto Club EMSERV era do empresário e deputado estadual Ruy Barbosa, foi fundado em 1972 e encerrou suas atividades 23 anos depois, em 1995. Definitivamente. O futebol da capital ainda teve pequenas associações de vida curta e nenhum centavo em conta bancária. Foram os casos do Racing das Rocas, Vênus, da Cidade da Esperança, Grêmio EC em atividade apenas dois anos (1956/57), e o Clube Atlético Potengi, que sobreviveu apenas um ano, tendo como treinador Francisco Diá,
O recordista (2)
A coluna desta quinta-feira está sendo aberta citando o saudoso João Machado, para justificar um pequeno texto sobre ele. Depois do exemplo de JM, num passado distante temos desponta o empresário Marconi Barretto assumindo a paternidade do Globo FC e Força e Luz E.C. com o detalhe de que, passando a investir no futebol de Ceará Mirim a cidade ganha um estádio de nível médio, o Globo FC tem instalações para crescer muito mais. Recursos financeiros não faltam.
Recordista (3)
Marconi Barretto confessou que há muito tinha vontade de construir um estádio na sua cidade berço – Ceará Mirim, e isso fez, inclusive ganhando o aumentativo de Barrettão (com dois tt) da cidade do vale verde. Muitos municípios do interior possuem seus “donos” de times, geralmente uma equipe só mantida por um desportista endinheirado, donos de muitas terras, aplica um pouco de sua fortuna e se entretém com o futebol.
FALTA DE ASSUNTO
Não bastassem os muitos problemas enfrentados pelos brasileiros no seu dia a dia, eis que os deputados Andrés Sanchez (eleito no último pleito) e Goulart, respectivamente do PT e PSD estão trabalhando em um projeto visando a criar o dia nacional do Corinthians Paulista, estabelecendo o 1º de setembro – data de fundação do clube. Se conseguirem votos suficientes, partirão para o Senado tentando obter os votos necessários. Se a moda pegar, logo aparecerão “padrinhos” do Flamengo, Grêmio, Inter, EC Bahia, Sport. ETC. Esperemos.
ABC x AMÉRICA É JOGO 13
No dia em que fazem o primeiro clássico no ano do centenário, ABC e América estão no Concurso 642 da Loteria Esportiva, mas o teste não é dos mais atraentes, já que estão incluídos jogos sem maior expressão. No 642 estão Veranópolis x Novo Hamburgo, Central x Sport, XV de Piracicaba x Botafogo de Ribeirão Preto, Corinthians x Mogi Mirim. Os outros jogos são ABC x América Vitória x Bahia, Inter x Grêmio/RS, Sta. Cruz x Náutico e Avaí x Figueirense. Bom, mesmo, é quem fizer os 13 pontos, o número do clássico potiguar.
