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O protesto do poeta

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Woden Madruga [ [email protected] ]

Acaba de cair na minha bacia das almas um imeio de Virgílio Maia, o advogado e poeta, o poeta e advogado, xilógrafo, cordelista, andejo pelas trilhas da etnografia, jogando no time Armorial de Ariano Suassuna,  autor de muitos livros,  cearense nascido em  Limoeiro do Norte, região do Jaguaribe, parede-meia com a Chapada do Apodi, olhando para Baraúna. Tudo e muito mais. Está na lista dos melhores nomes da literatura nordestina. Virgílio Maia mora em Fortaleza, entre os fóruns e o dragão do mar, e acaba de ingressar na legião dos brasileiros preocupados com o que pode acontecer com a Copa do Mundo por estas arenas tropicais. É mais ou menos o mote de seu imeio que tem o título de sotaque forte – ACHTUNG! Confira:

– Sobre a anunciada possibilidade de se convocar o Exército Brasileiro para, durante a Copa da FIFA, reprimir brasileiros em ruas, praças e arenas brasileiras, calha lembrar este trecho que A. Teixeira escreveu quando do transcurso do aniversário de quarenta anos do Domingo Sangrento, ocorrido na Irlanda do Norte, em 30 de janeiro de 1972.

Vai o texto:

“E é erro recorrente dos protagonistas políticos (que costuma sair muito mais caro em caso de azar), o de se considerar os militares como uma espécie de ‘polícia musculada’ para missões especiais onde as ‘polícias regulares’ falharam. É que, numa situação de aperto, como normalmente são as que exigem esse gênero de decisão, os decisores tendem a esquecer-se que a preparação tradicional dos militares (ao contrário da dos bombeiros, por exemplo), não inclui qualquer preocupação com o ‘bem-estar do inimigo’ (antes pelo contrário…). E isso é um risco que se costuma pagar em sangue quando as situações se descontrolam.”

Aí está a experiência do homem da lei, o doutor Virgílio. E o poeta? Abro os seus “Sete chuvas para meu pai” e releio o poema: “Na noite morna,/ normal em seus silêncios de cicios,/ em suas mais noturnas quietudes,/ trovão não se ouvira,/ nem relâmpago gizara/ a onomatopeia visual dos átimos./ Mas sem que se desse fé, chovera,/ pois a manhã molhada se espreguiça/ na moldura dos caixilhos./ E toda a apreensão agora se equilibra,/ bispando na folhagem,/ cai, não cai,/ abaulada promessa de babugem.”

Uma das principais obras de Virgílio Maia é o livro-álbum Rudes Brasões – Ferro e Fogo das Marcas Avoengas, numa edição primorosa da Ateliê Editorial, de São Paulo, 2004.  Devia estar em todas as bibliotecas dos sertões brasileiros. Pelo menos nas públicas, das escolas e universidades. Guardo, entre suas páginas,  um cartão/bilhete de Oswaldo Lamartine, datado de 17 de fevereiro de 1993, a propósito da edição original, “Álbum de Iniciação à Heráldica das Marcas de Ferrar Gado”, de 1992, ponto de partida para o “Rudes Brasões”. Escreveu Oswaldo:

“Woden

Veja q bela pesquisa sobre a nossa heráldica dos currais. Espie só como o tempo não desbotou o caixão da marca de uma família (pp.44-47) – e isso nesse mundo de deslembrados…

Bem q tudo isso merece um comentário seu em letras de imprensa. E se o fizer, mande para o homem (o endereço dele é um aboio de bonito: Rua Sertão dos Inhanhuns – Fortaleza/Ce).

Um abraço, do velho amigo-velho

Oswaldo Lamartine”

José da Penha

Marechal Porpa, que está se doutorando em História, passa pelo Barro Vermelho e me deixa um exemplar do Diário de Pernambuco, do dia 26, quarta-feira, chamando a atenção para a secção “Diário de Pernambuco há 100 anos”. Olho lá, está escrito: “Quinta-feira, 26 de fevereiro de 1914 – Acontecimentos do Ceará – Rio, 24” Leio a notícia:

“Telegramas de Fortaleza informam que o povo reunido em “meeting” de protesto contra a morte do capitão José da Penha, dirigiu-se ao palácio do governo, onde discursou o coronel Franco Rabello, governador do Estado. O governo do Estado encontrou grandes dificuldades em conseguir um trem especial para conduzir o cadáver de José da Penha, visto os embaraços opostos pela companhia ferro-viária”.

Na mesma coluna, um segundo telegrama, datado de 25, e procedente do Rio de Janeiro: “O marechal Hermes da Fonseca recebeu comunicação telegráfica do coronel Franco Rabello noticiando a morte do capitão José da Penha. Contam de Fortaleza que por motivo do triste acontecimento o carnaval fora suspenso ali. O enterro do malogrado capitão, que se realizou ontem, teve extraordinária concorrência, fechando o comércio e verificando-se outras manifestações de pesar”.

Como já foi publicado aqui, o capitão José da Penha, norte-rio-grandense de Angicos, morreu em combate enfrentando os jagunços de Floro Bartolomeu protegido politico do padre Cícero. Foi no dia 22 de fevereiro de 1914, era domingo de carnaval. Em seu livro Padre Cícero – Poder, Fé e Guerra no Sertão, o escritor Lira Neto registra:

“A notícia do falecimento de José da Penha provocou o cancelamento de todos os bailes e entrudos em Fortaleza. Os cinemas foram fechados a cidade inteira trocou as máscaras carnavalescas pelo luto”.


Rei e rainha

Da leitora Maria Águeda Ferreira, em imeio para a coluna:
– Esta “invenção” da Fundação José Augusto em criar um rei de carnaval estadual e uma rainha da mesma estirpe não é um fato somente esquisito, estranho. É simplesmente ridículo.

Carnaval

Os jardins do Palácio da Cultura (outrora Palácio Potengi, sede do Governo, hoje abrigando a Pinacoteca do Estado) estão sendo palco para fuzarcas do carnaval. A programação começou com o Baile das Kengas.
Alberto Frederico de Albuquerque Maranhão, o governador mecenas, estremece em seu túmulo.

Chuva

Não choveu ontem, um pingo sequer, em qualquer ponto do Rio Grande do Norte. É o que mostra o boletim da Emparn.

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