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O real desfrute do vinho

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Desfrutar de verdade (prazerosamente) do vinho pressupõe abster-se da importância da marca, da influência da crítica e do preço como suposto indício de qualidade, valores que, na grande maioria dos casos, não tem qualquer relação com o gosto pessoal de cada consumidor. Pressupõe pensar única e exclusivamente na própria satisfação, condição na qual o conceito de qualidade é de todo subjetivo, sendo o seu sinônimo mais próximo o termo agradabilidade. Mas quantos apreciadores de primeira instância ou mesmo veteranos levam isso em consideração? Quantos têm coragem de desdenhar daquele vinho pontuadíssimo pela crítica, ou de simplesmente afirmar que não gostou daquele caldo caríssimo? Afinal isso seria declarar-se um ignorante confesso.

O vinho à mesa, em perfeita sinergia com o alimento, é capaz de transformar qualquer refeição
O vinho à mesa, em perfeita sinergia com o alimento, é capaz de transformar qualquer refeição

Os críticos fazem um julgamento de valor baseado em critérios técnicos (objetivos) e experimentação, que não necessariamente apresenta qualquer vínculo com o critério hedônico (subjetivo), observado pelo consumidor comum. O preço exorbitante que alguns vinhos alcançam, é, em geral, o resultado de um alto custo de produção e, sobretudo, de uma soma de valores intangíveis que a aritmética elementar não explica, como: história, tradição, força da marca (grife), desequilíbrio na relação oferta-procura, apelo midiático, influência da crítica, etc. Enquanto complemento alimentar (função maior do vinho), este tem à mesa o seu lugar cativo, que em perfeita sinergia com o alimento é capaz de transformar uma simples refeição numa rica experiência sensorial.

E o que muitos apreciadores ignoram é que essa sinergia não tem qualquer relação com qualidade, pontuação ou preço elevado do vinho, podendo acontecer que vinhos grandiosos frustrem quando saboreados com pratos incompatíveis, e que vinhos simples brilhem quando saboreados com seus pratos cara-metade. Mas o consumo maior do Brasil nos restaurantes não apresenta qualquer relação com esse propósito, com a grande maioria dos bebedores pedindo vinho por modismo, porque gostam de vinho, ou por uma questão de imagem, quando o vinho é um desses caldos, cujo rótulo à mesa transforma num passe de mágica um simples comensal num respeitado connoisseur para um universo de enófilos esnobes.

Seria fácil argumentar que a razão para essa conduta é o desconhecimento sobre harmonização, mas isso não se justifica dada à farta oferta de informações disponíveis no universo bibliográfico e virtual sobre o assunto, aliado a presença, em alguns restaurantes, de sommeliers ou profissionais que o valham, sendo o baixo número de conselheiros de vinhos atuando, sobretudo nos restaurantes do Nordeste, um reflexo desse desinteresse que em nada encoraja os empresários da restauração a investirem naquilo que seria de vital importância para fomentar e consolidar o consumo do vinho.

Foi exatamente essa moda, comum não apenas no Brasil, mas em todo novo mundo do vinho, auxiliada pela fama e pelo sucesso de alguns grandes ícones do velho mundo, que fizeram surgir um duplo conceito sobre o uso da bebida, havendo hoje vinhos para harmonizar e vinhos para degustar, como se comer fosse um ato meramente fisiológico, e como se bastasse ao vinho apenas impressionar os sentidos para ser considerado completo, ignorando a máxima da vida que prega o próprio brilho como reflexo da entrega a outrem.   

Oficina de degustação
Se você quer aprender um novo olhar sobre o vinho, não pode perder a “Oficina de Degustação” que acontecerá no dia 04 de maio, às 19:30h na sala privada do Restaurante Tábua de Carne Roberto Freire. A oficina constará da degustação conduzida de 2 rótulos sul-americanos, com uma rica apresentação em multimídia sobre a técnica de avaliação dos vinhos, seguida de jantar harmonizado com entrada, prato principal, sobremesa e vinhos.

As inscrições já estão abertas no próprio restaurante. As vagas são limitadas. Investimento: R$ 100,00.

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