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O romance do ano

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Woden Madruga [ [email protected] ]

Um escritor nascido em Natal, Estevão Azevedo, é o ganhador do Prêmio São Paulo de Literatura, 2015, com o romance Tempo de Espalhar Pedras” eleito “o melhor romance de 2014”.  Desbancou figurões de nossa literatura, como Chico Buarque (“O Irmão Alemão”), Cristovão Tezza (“O Professor”) e Silviano Santiago (“Mil Rosas Roubadas”) que concorriam ao prêmio ao lado de outros finalistas também de alto coturno, como Alberto Mussa (“A Primeira História do Mundo”), Evandro Affonso Ferreira (“Os Piores Dias da Minha Vida Foram Todos”) e Heloisa Seixas (“O Oitavo Selo”).

Estevão Azevedo não é conhecido em Natal. Pelo menos nas rodas ditas literárias, não.  Nunca vi o seu nome citado em nenhum papo por estas bandas. Nem na Flipipa, nem no Flin ou em qualquer outro encontro de escritores já havido por estas bandas nas últimas décadas. Não precisa ir muito longe no tempo. O escritor tem apenas 37 anos, por aí. Quando o seu nome apareceu (era o mês de setembro) entre os 10 finalistas do Prêmio São Paulo de Literatura, a notícia dando conta de que era nascido em Natal, tentei entre os amigos (os que gostam de literatura) uma pista sobre o “novo” escritor. Nonada.

Na sua ficha, encontrada na internet, informava apenas: “Estevão Azevedo nasceu em Natal, no Rio Grande do Norte, e vive na cidade de São Paulo. Formado em jornalismo e letras, editor e escritor. É editor do selo Casa Azul da Editora Globo. Estreou em 2004 com o livro de contos Terceiro Dia. Tinha 26 anos.  Mas na internet, além da fichinha fornecida pela editora Cosac Naify (que acaba de anunciar que vai fechar suas portas), fui encontrar muito material sobre o jovem romancista. Entre elas um texto assinado por José Luiz Passos, também escritor e vencedor do Prêmio Portugal Telecom, de 2013, com o romance Sonâmbulo Amador.
Às folhas tantas, José Luís Passos, que é pernambucano e que vive hoje nos Estados Unidos (professor da Universidade da Califórnia), escreveu:  “Tempo de Espalhar Pedras” é narrado com uma segurança impressionante. Em certos momentos, nos traz de volta a verve da corrupção moral característica do nosso pré-modernismo (…). É um romance forte, mas sem heróis, e cujos protagonistas obedecem um certo automatismo telúrico (…)”

Ainda em setembro, li Tempo de Espalhar Pedras e um romance anterior do escritor conterrâneo Nunca nome do menino, este publicado em 2008. Gostei dos dois. Mais do Tempo de Espalhar Pedras, do seu sertão de pedras e de espinhos, da sua linguagem aqui e acolá arcaica, do vasto sertão brasileiro, lembrando os cactos e os espinhos do semiárido nordestino. Mas o sertão do livro tem sotaques ou jeitos de paisagem que pode ser sertão de Goiás ou sertão de Minas. Bom, mas o sertão está em toda a parte. Alguém já disse.

Gostei muito do amor sofrido de Ximena e Rodrigo (“o úmido mirar de Rodrigo embonitava Ximana”), dos beijus, das mangabas, do sumo dos cajás ressequidos, do voo do gavião-pé-serra, dos cordéis de peleja, das “palavras dando as mãos umas às outras, sem pausas, como um repente sem diferença na entonação e nem início e fim nos versos”. Eram as rezas.

Só não gostei do excesso de “compartilhar” que tem no livro: “compartilhar”, “compartilhada”, “compartilhava”, “compartilhassem”.  No meu sertão não se compartilha.  Bom, mas o Estevão Azevedo (será parente do mestre Ambrósio de Azevedo, de São Paulo do Potengi, de raízes seridoenses?) é, sim, escritor de verdade, aquele que seduz o leitor.
Mas quem é o natalense Estevão Azevedo?

Fracasso da equipe
Deu na coluna de Míriam Leitão, de O Globo:

– A estratégia original da equipe econômica era fazer o ajuste fiscal nos seis primeiros meses para que o país voltasse a crescer a partir do terceiro trimestre de 2015.

– Nada deu certo. O país entra no mês de dezembro sem ter sequer a meta fiscal aprovada, e o IBGE divulgou hoje (ontem) que o PIB continua em retração pelo terceiro trimestre consecutivo.

– Os números mostram que a retração é generalizada na economia. Nem a agricultura se salvou, com o recuo tanto em relação ao mesmo período de 2014. Também caíram a indústria, os serviços, o consumo das famílias.

– O país já perdeu o grau de investimento por uma agência, corre o risco de perder por outra, a inflação está em dois dígitos e o desemprego não para de subir. Ainda não há sinais de recuperação.

Livros
Amanhã, dia 3, na Pinacoteca do Estado (Palácio Potengi), a partir das 19 horas, tem o lançamento do livro de Francisco Antônio Cavalcanti, Diário de Bordo – o legado de Jacques Drouvot.

Na sexta-feira, 4, será a vez da poeta Anchella Monte, autografar o seu novo livro de poemas, Entre Tempos, coisa das 19 horas, na Livraria Nobel, da avenida Salgado Filho, 1782. Edição da Sarau de Letras.

Lenine Pinto
Lenine Pinto embarcando hoje no rumo de Portugal para mais uma temporada em Lisboa. Leva no bisaco de couro alguns exemplares do seu último livro, O Mando do Mar, no qual conta – e prova – que o Brasil não foi descoberto pelos portugueses na Bahia, mas, sim, no Cabo de São Roque, praias do Rio Grande do Norte.

Violão
De 14 a 17 acontece na Escola de Música da UFRN a IV Mostra Internacional de Violão. Tem um bocado de gente boa chegando de fora.

Galeria
Anote em sua agenda:  dia 11, uma sexta-feira de Lua Nova, tem a inauguração da Galeria Flávio Freitas, que fica na avenida Duque de Caxias, na velha Ribeira de todas as artes. E ela será aberta com uma exposição de fotografias (Afetos) e pinturas da artista plástica Angela de Almeida.

Na Procuradoria
A posse do procurador José Adalberto Targino Araújo no cargo de Procurador Corregedor-Geral da Procuradoria Geral do Estado está marcada para o dia 9, às 17 horas na se da Procuradoria, avenida Afonso Pena, 1155, Tirol.

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