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Obras de Museu da Rampa continuam paradas

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Suzi Rocha
repórter

Orçada em R$ 8,7 milhões, a obra do Museu da Rampa, iniciada no dia 17 de junho de 2013, no Bairro dos Santos Reis, Zona Leste de Natal, está paralisada desde outubro de 2014. O Governo do Estado não tem prazo para a retomada e entrega da construção. A Secretaria da Infraestrutura do Rio Grande do Norte (SIN), alega que “aguarda a Caixa Econômica Federal aprovar a readequação das planilhas para que a obra seja retomada e posteriormente entregue”.
Prédio localizado no bairro de Santos Reis está abandonado, com toda sua estrutura depredada e ferragens expostas ao sol e chuva
A Rampa foi usada por hidroaviões da filial da PanAm (Pan American World Airways), no Brasil, durante a Segunda Guerra Mundial, quando Natal serviu de base norte-americana. A ideia inicial da Secretaria de Turismo de Natal era inaugurar o Museu da Rampa antes da Copa do Mundo do Brasil, em 2014, para que o local pudesse ser visitado pelos turistas estrangeiros que passaram por Natal durante o evento, principalmente os americanos, mas isso não aconteceu. De acordo com o Governo do Estado, as justificativas para a não retomada da obra seriam questões técnicas no projeto executivo, além de um acordo de acesso ao Rio Potengi com a colônia de pescadores.

Em maio de 2014, quando o Museu da Rampa deveria ter sido entregue à população, a Secretaria de Estado de Turismo informou à reportagem da TRIBUNA DO NORTE, através da assessoria de comunicação, que o atraso nas obras seria pela necessidade de adequações no projeto e planilhas de novas análises pelo Ministério do Turismo, responsável pelo repasse de recursos, além da Caixa Econômica Federal (responsável pelo repasse financeiro). O órgão garantiu que já havia sido solicitado um aditivo de contrato até o final de 2014, sem reflexo financeiro para que as obras continuassem.

O prédio está abandonado, com toda sua estrutura depredada, servindo de abrigo para moradores de rua e usuários de drogas. A situação no interior do que deveria ser um museu, é de abandono e risco para a saúde pública, uma vez que a água da chuva invade o local onde surgem diversos criadouros do mosquito Aedes Aegypti.

Lauro da Silva Nascimento, de 62 anos, pescador que mora no entorno da obra, reclama da situação. “Eu fico triste, envergonhado e desacreditado. Tanto dinheiro já veio pra que isso aqui fosse hoje um lugar bonito, e olha aí o que nós temos? A nossa segurança fica em risco também, porque o prédio abriga marginais”, lamentou o idoso.

A assessoria de comunicação da Secretaria de Infraestrutura informou que já foram feitas as fundações, as demolições necessárias, a execução de parte dos pilares do Memorial do Aviador, assim como o início da recuperação do prédio do Museu da Rampa. Falta ainda finalizar toda a estrutura do prédio, acabamento, pintura, instalações elétricas e hidráulicas, construção do pier, recuperação da rampa, construção do estacionamento, continuidade na construção do prédio do Memorial do Aviador (com lanchonete, banheiros e espaço para eventos).

A obra
Valor:
R$ 8,7 milhões
R$ 7,6 milhões para as obras físicas (convênio firmado junto ao Ministério do Turismo, com repasse financeiro pela Caixa Econômica)
R$ 1,1 milhão para aquisição de mobiliário e equipamentos
Responsável:
Governo do Estado (Secretaria de Infraestrutura/ Secretaria de Turismo)
Status:
A meta inicial da Secretaria de Turismo era de inaugurar até maio de 2014, depois o prazo foi prorrogado para outubro do mesmo ano. Apesar disso, as obras continuam paradas, aguardando análise do Ministério do Turismo e Caixa Econômica. Até o momento foi pago R$ 932.801,79

Prédio foi marco da aviação e da 2ª Guerra Mundial
O prédio da Base, hoje conhecido como A Rampa, possui importância histórica, pois representou um verdadeiro marco na história da Aviação e da 2ª Guerra Mundial. Na década de 30, utilizou-se o local como uma improvisada estação de passageiros da “Panair do Brasil”, depois desapropriada pelo Governo Federal, em 1937. Nas proximidades do prédio havia uma rampa de acesso e um hangar, para os hidroaviões do “Sindicato Condor”, empresa alemã de transporte aéreo.

As obras de construção da Base de Hidroaviões foram iniciadas em março de 1941, sendo realizadas mediante contrato firmado com o governo dos Estados Unidos. O período de construção prolongou-se até março de 1944. O prédio foi construído para assegurar as operações dos aviões de patrulha da Marinha Americana, empenhada na guerra anti-submarina e nas atividades de salvamento de aviões no mar, ao longo da costa do nordeste do Brasil.

Com a decretação do Estado de Guerra, o governo brasileiro apossou-se de toda a área vizinha à Base – 40.127,36 m2 – utilizando-a inicialmente como uma base de apoio a um grupo de 24 aviões Catalina PBY-5A, da Marinha Americana, e dos aviões Martin Marine PBM, que também ali operavam.

Em dezembro de 1945, após o término da 2ª Guerra, a Base foi considerada sem utilidade para as forças armadas dos Estados Unidos. Foi então o prédio transformado em clube social. Na ocasião, foi construído o flutuante com um pequeno cais de acesso, que também servia de pista de cancã para os freqüentadores do clube.

Posteriormente, passou a ocupar o local o Cassino dos Oficiais da Força Aérea. O prédio acha-se implantado naquela área de 40.127,36 m2, de onde se descortina uma das mais belas vistas do Potengi. O imóvel da Rampa apresenta um partido de planta retangular, desenvolvido em dois pavimentos. Possui um mirante, que foi de grande utilidade durante o período da II Guerra Mundial.

Trata-se de uma edificação muito vazada, com sólidas arcadas, possivelmente abertas após a Guerra, com a finalidade de adaptar o prédio a sua condição de clube. À época, o muro que protegia a Base, certamente muito elevado, foi demolido. Substituiu-o um outro muro, mais baixo, decorado com os distintivos da FAB.

Na área de implantação da Base, existiu um berço de ferro, com rodas maciças de borracha, que descia a rampa e transportava os aviões anfíbios, do rio para o pátio de estacionamento. Hoje, daquela rampa restam dois trilhos de ferro, testemunhas de uma época de intensa agitação mundial, quando Natal teve um papel de relevante importância, tendo se tornado conhecida internacionalmente como o “Trampolim da Vitória”. Toda a área, onde funcionou a Base de Hidroaviões de Natal está classificada como bem patrimonial e cultural. *Fonte: Fundação Rampa.

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