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Olhos voltados para o nacional

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Luiz Freitas – repórter de Economia

Mesmo em meio a crise econômica que atinge a Europa, o Rio Grande do Norte está em busca de retomar a captação de turistas estrangeiros por meio de fretamento de voos, os chamados charteres. Com o início da alta estação europeia, esse tipo de voo internacional ganha visibilidade. Até o final de julho, serão quatro voos em operação, vindos da Holanda, Portugal, Espanha e Argentina, trazendo uma média semanal de 260 passageiros por  aeronave, segundo o presidente da Empresa Potiguar de Promoção Turística (Emprotur) Cláudio Porpino. Apesar das boas perspectivas de retorno dessas operações, a Emprotur não perde de  vista o foco no turismo doméstico, em franca ascensão e com expectativa de crescimento de 15% em 2010.

Até o final de julho, serão quatro voos charteres internacionais vindos da Europa e Argentina. Crise afastou visitantes de outros paísesPara o turista estrangeiro, os charteres trazem a facilidade de preços menores como principal atrativo. Para o Estado, é tempo de movimentar a economia com o crescimento do fluxo de turistas. De acordo com a Secretaria Estadual de Turismo (Setur) os quase 230 mil estrangeiros que visitaram o RN em 2008, deixaram aqui uma receita de US$ 163,76 milhões, a maior parte em Natal. Por outro lado, os 1,97 milhões de turistas nacionais geraram uma receita de US$ 451,33 milhões, razão suficiente para a  Emprotur manter seus esforços sobre o turismo doméstico.

Voos

Na terça-feira, teve início a operação do voo Madri-Natal, com capacidade para 388 passageiros, operado pela empresa Iberojet. A operação deverá se estender até abril de 2011, tendo como meta a realização de 40 viagens. Segundo Porpino, a expectativa é de que essa operação renda R$ 30 milhões ao RN. “O turismo é uma atividade significativa, que traz reflexos para inúmeras outras atividades. Aqui no estado ela movimenta cerca de 50 setores. De acordo com nossas pesquisas esse será o retorno para nossa economia”. Os dados mostram que os turistas espanhois têm um gasto médio diário de 120 euros, durante sete dias.

“Mesmo sabendo da crise econômica na Europa não podemos desprezar o turismo estrangeiro”. Mas ele reconhece que a situação já foi melhor. “Hoje o turismo regional e nacional estão melhores, se recuperando rapidamente da crise. No plano internacional, o Brasil estava mais competitivo há três anos, o câmbio o tornava um país atrativo. É uma questão de mercado, da situação de cada país”.

O voo  Madri-Natal será o segundo charter a operar no aeroporto Augusto Severo. Atualmente, a cidade recebe o charter Amsterdã-Natal-Fortaleza, pela operadora Fly Brasil. Além deles, há quatro voos semanais regulares pela empresa de aviação portuguesa TAP, que também são utilizados por operadoras.

Em 25 de junho está previsto o voo Lisboa-São Luís-Natal, promovido pelas operadoras portuguesas Terra Brasilis e Abreu. A operação deve continuar até 22 de agosto. Também em julho cinco operadoras argentinas – Desto, Interlands, Thesys, All Seasenses e Euro Vip´s – promovem dois voos conjuntos, nos dias 17 e 24, vindos de Buenos Aires para a capital potiguar.

Turista nacional oferece mais atrativos

Apesar das boas perspectivas dos voos charteres para o Rio Grande do Norte – “a satisfação do turista estrangeiro e a sua intenção em retornar ao nosso estado são bastante altas em nossas pesquisas”, afirma Gustavo Porpino – o presidente da Emprotur reconhece que o turismo nacional apresenta melhores atrativos.

Os esforços da Emprotur estão voltados para o Sudeste, Centro-Oeste e Sul, buscando divulgar atrativos como o ecoturismo e o turismo de aventura, além das já conhecidas belezas de “sol e mar” potiguares. “Com a economia aquecida e perspectiva de crescimento econômico, o brasileiro está viajando mais. O percentual do turismo interno tem aumentado. A melhor condição de renda e as facilidades de compra e parcelamento estimulam isso”.

A opinião é compartilhada por Pedro Nogueira. “O mercado nacional como um todo e a economia passam por um bom momento. As próprias empresas estão focadas em buscar o turista nacional. Há a facilidade de um voo de menor duração ao invés de se buscar voos que trazem custos mais elevados, em países que passam por dificuldades”.

Porpino lembra o crescimento de 9% do turismo nacional no ano passado, com expectava de chegar aos 15% em 2010. “É um mercado aberto. A viagem deixou de ser um artigo de luxo. 2,1 milhões de brasileiros viajaram de avião pela primeira vez no ano passado”. Ele cita estudos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de que 37 milhões de pessoas ascenderão às classes A,B e C nos próximos cinco anos.

Captação precisa ser estimulada

Para o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH RN), Pedro Nogueira, a captação de charteres tem que ser estimulada. “É uma maneira de atrair turistas, pois o fretamento torna o assento e a viagem mais baratos, sendo o principal atrativo em comparação ao voo regular”.

Ele aponta que a captação de charteres exige antecedência. “A captação deve ocorrer cerca de dez meses antes do início da operação. É uma atividade de risco para o operador e precisa ser vendida com antecedência”. Nogueira estima em US$ 250 mil o custo para um fretamento.

Ele lembra que a crise mundial foi determinante para a diminuição dos charteres. “A crise afetou não apenas o turismo, atingiu os países com os quais operávamos. Hoje temos apenas dois voos em operação, quando já tivemos 17 semanais”. A retomada, no entanto, só viria em 2011. “Se houver um empenho conjunto do setor hoteleiro e das secretarias de turismo, junto a países que já tiveram voos conosco, estimo que haja uma retomada de 30% a 35%”.

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