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Operação desmantela quadrilha

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Atualizada às 10h12

Uma operação conjunta da Polícia Federal brasileira e das polícias espanhola e venezuelana, com a colaboração da Interpol e da Receita Federal, além de  organismos do governo brasileiro ligados ao controle do mercado financeiro, resultou na prisão de quatro estrangeiros e no desmantelamento de uma quadrilha internacional ligada ao tráfico de drogas e lavagem de dinheiro com ramificações em pelo menos três continentes. Natal era a cidade usada pelo bando para abrir vários negócios de fachada onde o dinheiro de operações ilícitas relacionadas ao narcotráfico era “lavado”.

Operação cumpriu 24 mandatos de buscas e apreensõesBatizada de “Operação Cristal”, em referência a uma antiga boate  do bairro de Ponta Negra, a ação dos agentes federais em Natal e na Espanha resultou também na prisão de quatro dos principais envolvidos no esquema. Em Barcelona (região da Catalunha espanhola), foi preso um espanhol, identificado pela PF brasileira Salvador Costa Arostegui, e a mulher dele, uma cubana. O casal tem residência em Natal e seria o responsável pelas operações imobiliárias e negócios na cidade, através dos quais legalizaria o dinheiro da quadrilha. Uma prisão, de um cubano, foi realizada na capital espanhola, Madrid; e a quarta na ilha de Cuba.

Em Natal, agentes federais cumpriram 24 mandados de buscas e apreensões de dinheiro, armas e equipamentos eletrônicos na casa do casal preso em Barcelona e empresas apontadas como de propriedade da quadrilha. A organização criminosa mantem, em território potiguar, um patrimônio formado por 12 empresas de ramos diversificados, como entretenimento e imobiliário. Somente com o crime de sonegação fiscal, a Receita Federal estima que o bando é responsável pelo desvio de algo em torno de R$ 30 milhões.

A quadrilha, chefiada no Brasil pelo espanhol Salvador Costa Arostegui, contava ainda com ramos na Espanha, na Venezuela e em Cuba e com integrantes de várias nacionalidades, mas principalmente espanhois, italianos e cubanos, além de brasileiros. Para se instalar em Natal, o bando teria contado com a participação decisiva de um “doleiro” espanhol e de um empresário de mesma nacionalidade.

Entre as empresas compradas pela quadrilha estão construtoras, com investimentos em imóveis em regiões valorizadas de Natal e região metropolitana; bares e restaurantes e também um colégio da rede privadas de ensino, na capital, que não foi identificado para a imprensa pela PF. As aquisições, na maioria legalizadas em cartórios do interior do Estado, eram feitas através de “laranjas” que depois passavam procurações para os integrantes da quadrilha.

“Verificamos que a quadrilha formou uma teia  empresarial com o intuito de fornecer um lastro econômico para as atividades ligadas ao narcotráfico”, disse o delegado responsável pelas investigações, Joselito de Araújo Souza.

Durante o cumprimento dos mandatos de busca e apreensão, seis imóveis foram vistoriados. Outras pessoas, que mantêm relações com o casal preso em Barcelona  e ligações com as empresas  do grupo,  tiveram medidas de restrição e sequestro de bens decretados pela 2ª vara da Justiça Federal do Rio Grande do Norte.

PF investigava espanhol há 2 anos por suspeita de tráfico

O espanhol S.C.A começou a ser investigado pela Polícia Federal há dois anos, sob a suspeita de tráfico de drogas. Ao longo das investigações os agentes foram descobrindo os indícios que levaram à confirmação de que um esquema bem maior era operado a partir das atividades dele em Natal.
Documento mostrado em foto pela PF tem nome do espanhol
Um relatório produzido pela Receita Federal identificou movimentações financeiras discordantes do que era oficialmente declarado por algumas pessoas ligadas ao esquema. “Percebemos movimentações atípicas e, a partir daí, começamos a investigar. A nossa finalidade era desarticular essa organização criminosa de narcotraficantes que atuava aqui em Natal”, explicou o delegado da Receita Federal, Marco Aurélio Barbosa.

 No dia 4 de dezembro, a ação conjunta das polícias espanhola e brasileira alertou a Guarda Nacional da Venezuela, que conseguiu interceptar um carregamento de drogas. Foi apreendida cerca de uma tonelada e meia de cocaína, em um armazém no porto da cidade La Guaira (Venezuela). Na operação foram presas seis pessoas. A droga estava acondicionada em dois contêineres, que teriam como destino Barcelona, na Espanha.

Através de cooperação jurídica internacional, informações sobre as suspeitas de atividades ilícitas foram fornecidas direto da Espanha. O indício era de ligação direta com o comércio de cocaína para regiões da Espanha, como Ibiza, além de estreitas ligações do espanhol S.C.A com um grupo de narcotraficantes colombianos responsáveis pelo tráfico de cocaína para a Europa.

Durante a apresentação dos resultados da investigação, a Polícia Federal brasileira informou que a quadrilha havia realizado investimentos  em cidades no México e Argentina. A cidade do Natal seria apenas um local que hospedaria legalmente o dinheiro de origem ilegal, servindo posteriormente para torná-lo legal.

“Era bastante conveniente para eles usarem a cidade como hospedeira dos investimentos. O material apreendido vai servir agora para subsidiar novas investigações para acabar de vez com essa organização criminosa”, disse o delegado federal Joselito de Araújo Souza.

  Com o fim da etapa sigilosa da investigação, terá início à análise de documentação apreendida, além da coleta de depoimento dos envolvidos e a identificação de outros bens. “A quantia movimentada pela quadrilha ainda está sendo apurada. É provável que seja bem maior do que conseguimos apurar até o momento”, disse o delegado da PF, Marcelo Mosele. O delegado explica ainda que a investigação será direcionada, agora,  para estabelecer melhor o que era e como funcionava a quadrilha.

A Operação Cristal faz referência a antiga Boate Azuca, visitada ontem pela manhã pelos agentes.  A Polícia Federal brasileira realizou a operação em parceria com a Unidade de Combate às Drogas e Crime Organizado da Polícia Espanhola, Procuradoria da República do Brasil, Banco Central, Coaf, Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI) e Interpol.

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