sábado, 20 de abril, 2024
25.1 C
Natal
sábado, 20 de abril, 2024

Os 60 anos da Sudene

- Publicidade -

Diácono Francisco Teixeira
Coordenador Estadual do Serviço de Apoio  aos Projetos Alternativos Comunitários

No período de 27 a 29 próximos, em Natal, reunir-se-ão atores sociais e agentes políticos, estudiosos e lideranças populares, do nordeste e outras regiões do Brasil, sob a liderança da Arquidiocese de Natal, para lançarem um olhar reflexivo sobre o Nordeste do presente, após os 60 anos da criação da Sudene. A Sudene emerge como fruto de esforços coletivos protagonizados por atores sociais das mais variadas correntes políticas e ideológicas, ávidos por transformações profundas no Brasil e, particularmente, no Nordeste, suscitadas pelos movimentos sociais da década de sessenta, e assimilado por líderes religiosos da Igreja Católica, como Dom Helder Câmara, representando a CNBB, e Dom Eugênio de Araújo Sales, à frente do Movimento de Natal,estimulados, inclusive, pelas grandes inovações do Concílio Vaticano II.

Logo cedo, esses bispos perceberam que não seria possível imaginar a difusão da fé católica, alicerçada no Evangelho de Jesus, dissociada da realidade subumana em que vivia a maior parte da população nordestina. Acreditavam que para reverter essa realidade tão penosa, tornava-se imperioso cuidar primeiro das pessoas, especialmente dos mais pobres que, na sua maioria, vivia subjugada pela força da opressão e exploração da parte da burguesia rural. Tornava-se urgente colocar a realidade do nordeste na pauta das preocupações dos brasileiros e da agenda política nacional, despertando a consciência nacional não somente para as mazelas que assolavam o povo nordestino, mas, acima de tudo, para as oportunidades e riquezas que a região oferecia como potencial para o seu próprio desenvolvimento e do Brasil.

Sem sombra de dúvidas, a Igreja Católica foi quem mais mobilizou as forças sociais e lideranças comunitárias por todo esse imenso território. Fez isso estimulada pela força da fé, alimentada na esperança de que um mundo novo, de paz e justiça social, seria possível. E que esse novo mundo está ao alcance de homens e mulheres de boa vontade, independentemente da raça, do credo religioso ou político, da cor ou do sexo, desde que estejam movidos pela força da solidariedade e do desejo de servir ao bem comum. A criação da Sudene foi a realização de um sonho coletivo, plasmado pela fé de inúmeras pessoas, jovens e adultos, pobres e ricos, cheias de amor ao próximo e à região.

Agora, no tempo presente, onde as dificuldades parecem suplantar tão insígnias conquistas, é preciso assumir o nordeste, resgatando o seu organismo de planejamento – a Sudene – como o referencial capaz de agregar sonhos, somar esforços e estimular a criatividade dos filhos do nordeste. É preciso articular as forças vivas e comprometidas com o bem comum, os militantes sociais e agentes políticos, pesquisadores das academias e técnicos do campo, convocando-os para se unirem em torno de um novo tempo para o Nordeste. Ninguém poderá ficar alheio, como mero espectador.

A luta deve ser de todos os nordestinos. É o que se propõe o Seminário alusivo aos 60 anos da criação da Sudene. Recentemente, o ministro Mangabeira Unger afirmou, na reunião dos governadores do nordeste ocorrida em Natal, que “não há solução para o Brasil sem solução para o Nordeste”.  E continuou: “aqui vive quase um terço dos brasileiros. Aqui estão alguns problemas nacionais em sua forma mais intensa, e ao mesmo tempo exemplos de grande progresso. A região deveria estar no centro da agenda nacional, mas não apenas como um plano do governo no momento, e sim, como um projeto de Estado”.

Essa verdade deve se converter em ação, movimento, trabalho, busca incessante de todos os nordestinos. Responsabilidade maior recai sobre nossas lideranças políticas, religiosas, dos movimentos sociais e líderes comunitários. Como é bom ver a Igreja Católica comprometida com o Evangelho encarnado na realidade do Povo de Deus!

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas