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Os mortos entre os vivos

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Valério Andrade
Crítico de televisão

A descrença religiosa elimina a suspeita da dúvida — e, principalmente, afasta a possibilidade da vida depois da morte. Mesmo os que acreditam na imortalidade da alma, como os católicos, se opõem à reencarnação. Em relação à célebre sentença de Allan Kardec, “aqui se faz e aqui se paga”, é confortável e tranquilizador supor que o ajuste de contas se dará no decorrer de uma única existência. Entretanto, não se trata de uma versão do Juízo Final terrestre, mas de um processo punitivo através de sucessivas encarnações.

É exatamente esse processo punitivo, subordinado a imutável Lei, “aqui se faz e aqui se paga”, que vemos em Alto Astral o reencontro entre dois médicos, um morto, outro vivo.

O morto
Na última encarnação, o que explica o seu vestuário moderno, o doutor Castilho (Marcelo Médice) era sócio de Caíque (Sérgio Guizé). Ambos, porém corrompidos pelo dinheiro e ambição, infligiram a ética médica e descumpriram o compromisso assumido no plano espiritual.

Foi dada a chance de redenção a Castilho através de uma nova missão médica com o ex-sócio. Por isso, Castilho assumiu o papel de protetor de Caíque, inclusive, salvando-o quando era menino da morte. Porém, para que a nova missão ser cumprida, era indispensável que Caíque fosse médium – o que, inicialmente ele próprio desconhecia, e, levando-o, posteriormente, a hostilizar Castilho.  Porém, Caíque terminou assumindo a sua mediunidade e a parceria (agora voltada para o Bem) entre os dois médicos seria refeita.
  
O Vivo
Além de Castilho, outra personagem do passado recente de Caíque,  isto é, da última reencarnação, voltou a reencontrá-lo. Laura (Nathalia Dill) era o rosto da moça que ele desenhava desde a infância. Laura havia sido esposa dele, e, para salvá-lo, morreu em seus braços – é por causa desse trauma, herdado da memória espiritual, que Caíque não podia ser cirurgião, por ser incapaz de  superar sua aversão ao sangue.
  
O reencontro
Como se viu em “Escrito nas Estrelas”, a relação amorosa (atual) é um prolongamento de uma situação vivida e interrompida no passado. Embora não tenha consciência disso – e nem acreditasse –, Laura como se tivesse em transe, teve uma noite de amor com Caíque.

Agora, numa inversão do que ocorreu, é Caíque, pela primeira vez incorporando o espírito de Castilho, quem salva Laura da morte, no desastre de carro. Descrente no começo, Laura finalmente se convence de que Caíque não é farsante ou maluco. É apenas médium. Mas aí ocorreu algo que obrigou Caíque a afastar-se de Laura, o que gerou nela a revolta da decepção.

O segredo
 Caíque afastou-se com medo de, mais uma vez, causar (involuntariamente) a morte dela. Ele soube do que aconteceu na última encarnação através de Castilho, e, no plano real, Marcos (Thiago Lacerda), forjou acidentes em que Caíque colocou em risco a vida da mulher que amava. 

É interessante observar que nem tudo o que o espírito sabe tem permissão para revelar. E, por haver extrapolado os limites de sua missão, Castilho foi advertido pelos seus superiores do plano astral.

O Mal
O que se pergunta é: por que, se Castilho é protetor de Caíque, não evitou em todo o decorrer da novela as maldades do irmão adotivo dele? Há duas explicações. A primeira, e mais obvia, é que ele não é dotado dos poderes capazes de enfrentar  o Mal. A outra advém da Lei do Livre Arbítrio, que impede Castilho de alterar o comportamento de Marcos. Entretanto, como não há mal que dure para sempre, seguramente, Marcos será castigado – e o que lhe acontecer, aqui, será apenas o começo da pena que o levará ao inferno do Umbral e se prolongará nas futuras encarnações.

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