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Para ouvir com o corpo

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Yuno Silva
Repórter

‘Sabe quando o pé reage antes do ouvido processar o som? É um disco de camadas, cada instrumento dança de uma maneira diferente, mas não são músicas de pista, de balada, e sim para se ouvir com o corpo. Para se deixar levar”, disse a cantora e compositora Tulipa Ruiz sobre “Dancê”, terceiro álbum da carreira. Em turnê nacional para apresentar o novo trabalho, ela desembarca em Natal no próximo dia 12 de julho acompanhada por sua banda de sempre (guitarras, baixo e bateria) turbinada por naipe de metais. “É uma experiência nova e tem tudo a ver com o perfil do projeto. A presença deles (dos metais) foi fundamental para a concretização da ideia”, garantiu Tulipa em entrevista por telefone ao VIVER.
A cantora paulista Tulipa Ruiz está em turnê nacional para divulgar seu terceiro álbum, “Dancê”, que conta com participações luxuosas como a do pianista e arranjador João Donato
Paulista nascida em Santos, Tulipa Ruiz, 36, faz parte daquele grupo de artistas que já deixou de ser independente (entenda como ‘de curto alcance’) e também não está no hall dos medalhões – Tulipa transita em um estágio intermediário, turma que tem total liberdade criativa e assume riscos sem a preocupação de atender expectativas.

Para os fãs da cantora um aviso: algumas músicas dos dois primeiros discos também fazem parte do repertório do novo show, mas todas foram reembaladas com arranjos inéditos para manter o clima “Dancê”. “Estamos muito empolgados com esse show, gosto muito de Natal e quero passar essa energia pra vocês aí”, disse a cantora, que já se apresentou na capital do RN dentro da programação dos festival Mada e DoSol e no finado projeto Agosto da Alegria, da FJA.

Tulipa Ruiz compara o trabalho lançado em meio deste ano a uma lente de câmera: se no primeiro disco “Efêmera”, de 2010, ela fez foco no “detalhe e deu um zoom”; “Tudo Tanto” (2012) equivale ao “plano americano”; enquanto o novo dá uma “geral na cena”. Os dois últimos saíram com patrocínio do projeto Natural Musical e do Governo Federal/Ministério da Cultura via lei Rouanet de incentivo.

“O resultado de ‘Dancê’ tem muito das pessoas que estão comigo nos shows: do palco sempre vejo uma galera dançando e quis dar uma resposta a isso, a essas figuras que estão ali de forma espontânea. Fiquei imbuída desse sentimento”, justifica.

Das onze faixas registradas em “Dancê”, a cantora e compositora assina dez em parceria com o irmão Gustavo Ruiz, também guitarrista e produtor dos três discos, e uma solo. “Sempre compomos junto, consequencia de nossa convivência, acabamos somando um na ideia do outro”. Tulipa conta que quando apresentou as novas músicas para o irmão achava que já estavam prontas. “Pelo contrário, ele acrescentou bastante. Foi bem interessante o processo, pois dessa vez exercitamos muito a área que o outro domina: geralmente eu faço a letra e ele a música, agora pensamos tudo de forma conjunta e muita aconteceu na estrada”.

Para Tulipa compor é “um exercício”, mas afirma que prefere guardar lampejos criativos para não desviar a atenção. “Quando acaba uma turnê é que começo a organizar essas ideias. Claro que tem coisas que vem sem controle, como (a música) ‘Megalomania’, que lancei como single e não está em disco nenhum. É uma música de turnê (do ‘Tudo Tanto’)”.

Participações
A atenção especial de Tulipa Ruiz em “Dancê” é percebida antes mesmo do primeiro acorde. A iluminação coreografada, assinada por Marcos Franja que trabalha com a banda Nação Zumbi, faz as vezes de cenário; o figurino de Vivi Barcellos revela a personalidade da cantora; e as participações especiais atestam que a cantora está bem na fita e antenada com o que anda acontecendo na cena musical brasileira: o novo disco reúne nomes que vão da mais atual música contemporânea, representada por Felipe Cordeiro (parceiro em “Virou”, canção que ainda agrega o pai do músico paraense, Manoel Cordeiro, um dos mestres da guitarrada característica de Belém).

A banda Metá Metá (SP) está em “Algo Maior”, o músico e produtor Kassin participa de “Físico”, e os veteranos João Donato (“Tafetá”) e Lanny Gordin, que emprestou sua guitarra à “Expirou”, também entram na festa.

“As únicas participações que eu sabia e queria eram a do Manoel e do Felipe Cordeiro. As presenças do João Donato e do Kassin foram pedidas pelas músicas ao longo do processo. ‘Tafetá’ é absolutamente donatiana, e seria impossível não fazer o convite. É uma declaração de amor ao João”.

Fetiche
Tulipa Ruiz defende que o artista, hoje, “precisa estar presente em todos os lugares para alcançar todos os públicos”: no palco, com CD físico e em plataformas digitais como YouTube, iTunes, Deezer e Spotify, entre outros serviços para compra ou audição online (streaming).

Outro detalhe que ela destaca é o fetiche pela arte da capa, de sua autoria. “Estou apaixonada, o desenho tem movimento, um efeito de animação, e quero ver como fica aplicada no tamanho do vinil. Ainda não sei como fazer, não é tão simples produzir uma tiragem de vinil aqui no Brasil, mas quando sair vou comprar uns 20. É um desafio pessoal, ou não me chamo Tulipa”, brinca.

Seu lado desenhista segue firme, produzindo estampas para a marca Brocal (brocal.com.br), que ela montou em parceria com Heloísa Aidar, empresária que também responde pela agenda da cantora paulista. “Sempre desenhei, estampava camisetas, mas não tinha tempo de articular isso. A Brocal foi a forma que encontramos para colocar as estampas de forma cuidadosa em camisetas, vestidos e caderninhos. As roupas trazem o corte que eu queria”, finaliza.

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