quarta-feira, 24 de abril, 2024
28.1 C
Natal
quarta-feira, 24 de abril, 2024

Perigo na rede

- Publicidade -

Tádzio França – repórter

O mundo virtual está cada vez mais próximo do real. Nesta fronteira, a chamada “Geração Z” – de crianças e adolescentes que estão crescendo em meio à tecnologia – já vive os dilemas da nova era. Enquanto se maravilham com as possibilidades oferecidas pela Internet e seus aplicativos, as crianças estão ainda mais expostas aos perigos que vêm junto a eles. As notícias sobre o crescimento dos crimes virtuais, ligados à rede mundial de computadores, deixam os pais preocupados. Muitos deles, não tão conectados quanto os filhos, não sabem como agir.
Uso da internet por crianças e adolescentes pode deixá-los expostos aos chamados crimes virtuais. Especialista em segurança da informação orienta o que os pais devem fazer.
“O uso da Internet às vezes é como a ‘pegadinha’ do Cavalo de Tróia, um presente que esconde perigos”, diz Rodrigo Jorge, profissional da área de segurança da informação. Ele é especialista na proteção contra malefícios ligados à rede, e voluntário em Natal da ONG nacional “Criança Mais Segura na Internet”, voltada especificamente à defesa dos pequenos online. Rodrigo ministra palestras que objetivam conscientizar pais e crianças a respeito do uso adequado de novas mídias e a diminuição dos riscos de sua utilização. “Os pais, muitas vezes, não sabem como lidar com a questão e interagir com os filhos, o que aumenta os riscos”, diz.

A interatividade crescente é o que gera as maiores possibilidades de perigos. “As crianças estão aprendendo a ler cada vez mais cedo, e daí para o bate-papo, MSN e redes sociais, é um pulo. Elas querem se comunicar, e o apelo dos computadores, notebooks, iPads, tablets e tudo mais é irresistível”, analisa. O maior medo dos pais é a pedofilia. “Os pedófilos costumam se passar por outra criança para se aproximar. Ganham a confiança aos poucos, e daí marcam encontros, pedem fotos. Há quadrilhas especializadas nisso”, alerta.

“Os problemas são diversos”, segue Rodrigo Jorge. As crianças podem tomar dados dos cartões de crédito dos pais para fazer compras e entrar em sites adultos. Em conjunto, podem fazer o chamado ‘cyberbullying’ contra outra criança. E nas redes sociais, os riscos se multiplicam. “A criança costuma pôr todas as informações pessoais na rede: endereço, telefone, horários, agenda, o que está fazendo ou vai fazer, etc. É um perfil público, exposto a sequestradores, pedófilos, e gente mal intencionada em geral. É um perigo”, ressalta.

Diálogo, informação e a própria tecnologia são recursos que os pais podem utilizar para que seus filhos tenham uma relação saudável com a rede. “Vigilância cerrada é importante. Mas também uma boa conversa, uma conscientização sobre os riscos implicados no contato virtual”, diz. E, de forma mais prática, há as ferramentas de controle que permitem aos pais bloquear determinados acessos e ter acesso aos que os filhos estão vendo.

“Através de um antivírus Kaspersky Internet Security, os pais conseguem determinar o que pode e o que não pode ser acessado. Já com o Spector, pode-se gravar as informações dos sites por onde filho passou”, explica Rodrigo Jorge. Segundo uma estatística, os horários que as crianças mais acessam a Internet é entre as 16h e 19h.

Pré-adolescentes são mais vulneráveis aos perigos virtuais

Crianças em fase pré-adolescentes são as mais vulneráveis aos perigos da web. “Elas vivem num mundo de ilusão. Gostam de aparecer, querem se afirmar, dão mais informações sobre a vida pessoal. São fáceis de serem seduzidas”, explica Rodrigo Jorge.  Há também a curiosidade natural por conhecer gente nova, e ver coisas que muitas vezes são inadequadas à idade.

Há sinais que os pais podem interpretar como indício de que algo errado está acontecendo, segundo Rodrigo. “Se o filho estiver muito esquivo, não quiser mostrar nada do que anda fazendo na Internet, com quem anda falando e os sites que está vendo, é bom prestar atenção”, diz. O consultor de segurança em informação sugere que o computador de casa fique em um lugar mais visível do ambiente, onde se possa ver melhor o uso da máquina. 

Caso os pais tomem conhecimento de que o filho esteja sendo vítima de algum tipo de crime virtual, deve procurar a ajuda da polícia civil do Estado ou Federal. “Já existe um departamento específico para isso, de de proteção à infância e juventude, relacionado a crimes digitais. Os policiais conduzirão o caso a uma investigação interna”, diz Rodrigo Jorge. “Já houve um caso em Natal de um adolescente que foi assediado por um homem mais velho, recebeu uma passagem online e foi para São Paulo, sem ninguém saber. Casos como esse necessitam de intervenção policial”, conta.

CYBERBULLYING

Há crimes virtuais que nascem entre os próprios jovens. O chamado cyberbullying cresce à medida que as relações entre o mundo real e a Internet se estreitam. O bullying online amplia a agressividade de alguns grupos de jovens em relações a outros. Os xingamentos, deboches, discriminações e pressões que começam na rua ou na sala de aula ganham a rede e tomam proporções gigantes.

A mensagem maldosa pode ser encaminhada por e-mail para várias pessoas ao mesmo tempo, ou uma comunidade é criada apenas para agredir determinada pessoa. A aparência física, o cabela, a cor da pele, comportamento, ou uma característica qualquer viram motivo para os agressores virtuais. A vítima acaba por se sentir acuada não apenas na escola, mas em todo lugar.

A tecnologia permite que, em alguns casos, seja difícil identificar os agressores. A sensação de impotência se torna maior e o espaço do medo é ilimitado. Os agressores se “desmancham” no mundo virtual através da troca de mensagens via celular ou em perfis falsos (os fakes) em sites de relacionamentos como Orkut, Facebook e Twitter. Há uma rede entre o agressor, a vítima, e a “plateia” – os colegas que acompanham a perseguição. “Muitas vezes, os pais respondem criminalmente pelos filhos agressores, pois são responsáveis por eles. É uma situação péssima”, diz Rodrigo Jorge.

Para combater esses crimes modernos surgiu o movimento “Criança Mais Segura na Internet”, uma ONG criada em 2009 como objetivo de informar e proteger crianças e adolescentes sobre o uso ético, seguro e legal da Internet, das informações e das novas ferramentas tecnológicas. A ONG é mantida pela Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), possuindo um site que dispõe de vídeos, cartilhas, textos e demais informações orientadoras sobre o assunto. Rodrigo Jorge é voluntário do movimento em Natal há um ano, e atesta a ajuda que ele presta aos pais e filhos. O consultor tem uma palestra agendada sobre o assunto no próximo dia 17/04, às 18h, no NEC Pinguinho de Gente.

Serviço: Criança Mais Segura na Internet: www.criancamaissegura.com.br

Contato para palestras: [email protected]

Mãe cria perfil no Facebook para monitorar passos da filha

A analista de sistemas Edlene Meireles tem uma conta no Facebook que mal atualiza. O perfil na rede social mais popular do momento foi feito, na verdade, apenas para acompanhar os movimentos da filha Ana Beatriz, de 11 anos, na rede. “Sites como esse expõem demais a vida dela. Há três anos eu assisti a uma palestra sobre segurança na Internet, e foi quando comecei realmente a prestar atenção nisso”, diz. Ana Beatriz usa o computador desde os oito anos de idade.

No começo, Ana Beatriz usava o computador apenas para brincar com joguinhos onlines ou imprimir figurinhas para colorir. Mas quando surgiu o interesse em Orkut, MSN, salas de bate-papo e outros elementos de maior interatividade, a preocupação da mãe despontou. “Tive medo do contato dela com desconhecidos. Foi aí que adquiri um bom antivírus e me informei sobre os métodos de controle que os pais podem ter sobre a navegação dos filhos na rede”, diz.

Edlene tem todas as senhas da filha, e sempre verifica os novos amigos e contatos dela. Os álbuns de fotos, por exemplo, são visualizados apenas pela família. “Falo para ela só adicionar alguém se já conhecer previamente”, ressalta. A analista de sistemas também tem o controle sobre os horários que a filha pode acessar, bem como o bloqueio de determinadas palavras e sites. Sem falar da “ronda” sempre feita pelas redes sociais.

Ana Beatriz, como típica pré-adolescente, às vezes se chateia com a patrulha da mãe. Mas sabe que é necessária. “Ela reclama que eu estou invadindo a privacidade dela. Mas temos um ótimo diálogo sobre isso. Falo pra ela sobre os riscos, as estimativas, as consequencias da superexposição. Ela compreende. E também acredito que é um direito dos pais  fazer isso, já que são menores de idade. A tecnologia trouxe novas necessidades de educação e cuidado dos filhos”, conclui. 

DICAS DE SEGURANÇA

1. Mantenha o computador em área comum.

2. Combine os limites de tempo para o uso da Internet e todos os dispositivos sociais.

3. Mantenha atualizado o software de segurança.

4. Combine os sites que seus filhos podem visitar (para crianças
menores). Um local onde você esteja presente quando seu filho usar o
computador ou conferir a adequação do uso à idade dele. Certifique-se de
comprar, instalar e manter atualizado o software de segurança para
proteger seu computador contra vírus, spyware e spam. Crie uma lista de
sites que eles gostariam de visitar. Certifique-se de que eles só usam
sites adequados à idade deles – por exemplo, muitos dos sites de redes
sociais exigem uma idade mínima.

5. Use filtragem de URL. Estabeleça uma filtragem de URL, um recurso de
controle familiar presente na maioria dos softwares de segurança, para
garantir que as crianças não vejam ou acessem inadequados
(pornográficos, violentos, etc.)

6. Faça o download de um serviço de reputação de sites e os visite.Faça o
download de um serviço gratuito de reputação de sites, como o
TrendProtect, e visite cada site da sua lista verificando se eles são
seguros e não possuem ameaças à segurança digital. Esse tipo de serviço
também informa continuamente se o site visitado não contém nenhum tipo
de software malicioso que pode se instalar no seu computador sem seu
conhecimento.

7. Leia as políticas de conteúdo, de privacidade e de segurança dos
sites que seus filhos frequentam.Analise se o conteúdo dos sites é
apropriado à idade deles. Certifique-se de ter entendido como e quais
tipos de informações pessoais podem ser requisitadas pelo site e como
elas serão usadas.

8. Converse com seus filhos sobre fornecer informações pessoais quando
estão on-line. Oriente-os a ficar somente nos sites combinados e a não
darem informações pessoais, como nome, endereço, telefone ou idade. Se
eles precisarem dar alguma informação devido a alguma competição,
pesquisa de opinião ou formulário de associação, peça que conversem com
você primeiramente e só continuem após a sua permissão e envolvimento.
Isso pode abrir portas para spam ou algo mais danoso como spyware.

9. Ignore contatos indesejados com pessoas que nunca encontrou.Contatos
on-line indesejados geralmente cessam quando não respondidos. Se
persistirem, oriente seus filhos a contar para você ou a algum adulto.
Você deve relatar isso ao site ou serviço usado para manter contato com
seu filho e também as autoridades se achar que você ou seu filho estão
de algum modo em perigo.

10. Faça uma verificação manual com seu software de segurança e reveja o
histórico do navegador. Após eles usarem o computador, faça uma
verificação manual para garantir que não foi infectado. Você pode
ensiná-los a fazer isso e deixá-los fazer sozinhos quando tiverem idade
suficiente. Se quiser, também avisá-los de que você irá verificar o
histórico do navegador quando eles terminarem a fim de garantir que não
visitem sites indevidos.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas