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Perspectivas plantadas em realidade

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Milton Dantas da Silva
Psicopedagogo e coordenador da Pastoral da Criança no RN

Somos criaturas, cúmplices de um mundo criado. Somos ávidos de bonanças que se entrelaçam na mais cômoda realidade de ser criatura e criador ao mesmo tempo. Fomos colocados na ação de criados em constante movimento que se consagra na medida da realização pessoal e coletiva sempre. Na experiência do viver esta plenitude de criados, tudo se mostra aos olhos da humanidade como tempo que se rotiniza, porém estiliza um jeito novo de ser a cada instante pela natureza do dinamismo que está em cada ser para cada situação. Por isso mesmo é que vivemos o tempo e nele nos integramos, firmando encontro da concretude e abstração inerentes à vida. Caminhamos, mas paramos para estabelecer contatos do acontecido e do vir a acontecer, e, assim, refletimos o vivido, propondo caminhos futuros.

É comum, em final de ano, o aflorar de sentimentos que incentivam a reflexão. Os passos dados durante o ano que passa requerem um espírito avaliador, possibilitando o encontro daquilo que se viveu nas ações concretas com a satisfação da interioridade que enaltece o conforto de espírito, de dever cumprido. É como se abríssemos um celeiro e fôssemos contar semente por semente e encontrássemos os frutos em sua plenitude. Lançando o olhar para este horizonte é que nos transpomos para a continuidade daquilo que se fez. As palavras que se transformaram em ações; as ações que se tornaram vida; a vida que se fez presente em cada encontro, em cada coração justificaram o tempo vivido e, agora, reclamam por novos ares como que dizendo à rotina que tudo precisa ser revivido.

Nesse reviver, que perspectivas acumulamos para o tempo seguinte?

Nada melhor do que pensarmos intensamente nos elementos da própria rotina: o trabalho, o dinheiro, os amigos, a família, o conhecimento, os problemas, os sonhos… numa dimensão que se faça cada vez mais real em consonância com o mundo interno e externo de cada realidade. Não há como prever um tempo de ações se o nosso espírito de rotina não estiver presente na mesma intensidade de nosso ser. Planos se realizam na proporção que as ações anteriores se realizaram e produziram algo capaz de levar à reflexão de valores acumulados ou não. Assim, é preciso que nos interroguemos na constância deste tempo previsto. O que produzimos que pode ser aproveitado? O que não deu certo que precisa ser eliminado? Que faltas cometemos que necessitam ser abonadas? Que potencialidades temos que poderão ser aproveitadas?

É na evidência destas interrogações que podemos enfrentar um novo ano, uma nova fase, um novo alvorecer, estabelecendo o contato íntimo do sonho, porém com produção advinda de algo já realizado ou em caminho de realização. Isto significa dizer que os elementos da rotina citados anteriormente permanecem vivos e, com eles, havemos de encontrar as saídas para a nova fase, o 2015. Não podemos, no entanto, ficar apenas numa leitura de mundo de abstrações sem adentrar na realidade que denominamos de “nua e crua”.  O trabalho no Brasil tem alcançado patamares satisfatórios para a verdadeira felicidade dos cidadãos? Os recursos financeiros têm, de fato, sido distribuídos eficazmente para a geração de uma produção de valores dignos? A família tem sido tratada como, de fato, precisa ser? Os problemas têm sido enfrentados de maneira eficiente e favorável às devidas soluções?

As reflexões colocadas deixam de ser apenas abstrações se cada pessoa ultrapassar os limites do saudosismo de uma época, de um território sentimental, e ir ao mais fiel recôndito da natureza concreta em âmbito global e/ou local, colocando em prática as mínimas tarefas que sejam afim de promover mudanças pessoais e coletivas. É na prática fiel do pensamento que poderemos alcançar a mudança desejada e, na interação, uns dos outros, fortalecermos laços e alcançarmos a promissão.

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