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Pescador não quer morar longe do rio

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Cerca de 15 anos atrás, quando procurava um lugar para abrigar sua mulher, que estava grávida, o pescador Ilton Soares da Silva, 52, construiu uma casa de pau-a-pique num banco de terra rodeado pela água da maré, na comunidade do Mosquito, próximo à foz do rio. Uma ilha, cujo acesso é uma ponte improvisada com estacas e tábuas, resto de portas e janelas encontradas por ele nas ruas. “Aqui já existia uma base como se fosse de uma casa. Eu aproveitei ela e construí um vão. Depois, quando a família foi crescendo, aumentei um pouquinho”, conta.

Ilton passa agora por um dilema. Morador de uma área de risco, de acordo com laudo da UFRN, solicitado pelo Ministério Público Estadual em 2012, ele vai ter que sair do local. “Disseram que vão me dar um apartamento do Minha Cada Minha Vida. Mas lá é longe do rio. Eu não tenho carteira assinada para poder pagar as contas de porteiro e essas coisas que tem que pagar. Não sei como vai ficar. O rio é o principal. É de onde eu tiro a nossa comida”, lamenta.
#ALBUM-5112#
A dona de casa Cosma Monteiro, 43, esposa de Ilton, também não quer sair de perto do rio. “Eu gosto muito daqui. Só queria que ele tivesse uma carteira assinada, porque trabalha um, dois meses numa construção e depois pronto, a gente fica dependendo só do rio”, diz. Quanto tira por mês, da pesca, não dá para saber. Quando consegue um pouco de camurim, saúma ou, raramente, mero, dá para se conseguir até R$ 50 em um dia, por exemplo. “Mas não é sempre que tem peixe. Ontem, mesmo, só peguei o suficiente para a gente comer. Quando o rio manda, a gente vende, apura um pouco. Mas tem dia ele não manda”, revela.

Ao longo dos anos, o pescador viu cada vez mais lixo e esgoto contaminarem o Potengi. Se falta serviços como energia e água, onde os moradores recorrem a ligações clandestinas, a falta de saneamento causa uma situação preocupante. A água servida e o esgoto correm direto para o rio e até mesmo lixo caseiro é jogado na maré.

#SAIBAMAIS#No Passo da Pátria, o boqueirão que deveria levar água tratada até o rio, recebe esgoto de toda a vizinhança durante a sua jornada, segundo conta o servente e pescador Jair Alexandre da Costa, 48 anos. Ele, que pesca de mergulho, utilizando a técnica da apnéia, já viu muito lixo no fundo das águas, mas relata uma limpeza que teria acontecido recentemente.

Mais um morador das margens do Potengi, ele conta que foi demitido na semana passada do emprego onde estava havia dois anos e meio. “Agora vou passar um tempo vivendo da pesca. Penso em ficar assim até o ano que vem”, declara. A esposa é empregada doméstica e, de acordo com ele, a família consegue se sustentar com as duas fontes de renda.

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