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PF prende 17 pessoas suspeitas de integrar grupo de extermínio

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Ricardo Araújo – repórter

Após um ano de investigações, a Polícia Federal deflagrou, na madrugada desta terça-feira, 6, a Operação Hecatombe. Durante a ação, 17 pessoas foram presas, das quais sete são policiais militares, comerciantes e desempregados. Entre os presos está um ex-soldado expulso da Polícia Militar. A identidade deles não foi divulgada pela instituição. A suposta quadrilha,que atuava no extermínio de ex-presidiários, traficantes e assaltantes teria cometido, ao longo de dois anos, 22 assassinatos, conforme investigações da PF. Dentre as próximas vítimas estariam uma delegada de Polícia Civil, um promotor de Justiça do Estado, além de um agente da Polícia Federal.
Um dos suspeitos foi detido na zona Norte de Natal
#SAIBAMAIS#As execuções por encomenda ou relacionadas ao tráfico de drogas, eram especialidades dos integrantes do grupo. Policiais militares também foram mortos pela quadrilha entre os anos de 2011 e 2013. De forma “organizada, estruturada e profissional”, segundo o superintendente da Polícia Federal no Rio Grande do Norte, Kandy Takahashi, os integrantes dividiam tarefas e arquitetavam as execuções.

“O elevado índice de homicídios no Estado nos chamou atenção. A investigação da Polícia Federal foi para identificar a quadrilha, em decorrência da coincidência de nomes envolvidos nos crimes”, afirmou Takahashi. Ele classificou os integrantes da suposta quadrilha como “extremamente profissionais, não se preocupando com deixar rastros dos crimes e atuavam com sangue frio”. Além disso, o grupo era “auto-sustentável”. Isto porque a encomenda de morte variava entre R$ 500 e R$ 50 mil, de acordo com a “importância” da vítima.

O delegado da Divisão de Direitos Humanos da Polícia Federal, Alexandre Ramagem, disse que o grupo preso é extremamente perigoso. “Havia a participação de policiais militares, o que dava uma capacitação aos integrantes da quadrilha”, destacou. O desapego à vida e a banalização da violência identificadas no suposto grupo de extermínio chamaram a atenção do delegado. “Eles matavam por dinheiro e até mesmo de graça, só para testar uma pistola nova”, asseverou Alexandre Ramagem.

Além dos crimes cometidos e da lista de próximas vítimas, a quadrilha estudava a possibilidade de resgatar um soldado da Polícia Militar que foi preso em março deste ano e conduzido ao Pavilhão Rogério Coutinho Madruga, em Alcaçuz. Para isto, eles chegaram a confeccionar fardamentos e coletes com os distintivos da Polícia Federal. Nenhum dos itens apreendidos durante a operação foi exposto durante a coletiva de imprensa realizada na sede da PF na manhã de ontem. Todas as decisões relacionadas à divulgação de informações da Hecatombe foram tomadas pela assessoria de imprensa da instituição em Brasília, que optou por não divulgar os nomes das pessoas presas.

O titular da Secretaria de Estado de Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), Aldair da Rocha, destacou que as investigações que levaram à operação começaram na Divisão de Inteligência da Secretaria, que compartilhou informações com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual. A participação da Polícia Federal foi requisitada em decorrência da falta de equipamentos e agentes  suficientes no Estado para atuar na investigação do caso, que pode envolver mais homicídios dos que até agora identificados. Além disso, novas prisões poderão ocorrer, visto que, as investigações não se encerraram e correm sob segredo de Justiça.

– Operacionalização

As ações da suposta quadrilha de extermínio ocorriam a partir de coordenadas traçadas por um soldado aposentado da Polícia Militar. Mesmo detido no Pavilhão Rogério Coutinho Madruga, considerado de segurança máxima no Complexo Penitenciário de Alcaçuz, o investigado mantinha contato com os demais integrantes através de ligações telefônicas e em visitas sociais.

– Como agiam

Dois ou mais integrantes da suposta quadrilha seriam os mentores dos crimes. Eles escolhiam as vítimas e as indicavam aos demais membros.

– Divisão de tarefas

Outros três ou mais suspeitos atuavam no levantamento das informações das vítimas, como horário de saída e retorno do trabalho, identificação de endereços, estudo do cotidiano e análise do local ideal para o assassinato.

– Tática

Após análise do levantamento inicial feito pelo grupo, os líderes idealizavam a melhor tática para atuar, culminando com a execução da vítima. Os crimes ocorriam a qualquer hora do dia e, na maioria, dos casos, não deixavam pistas. Testemunhas oculares foram mortas em alguns casos.

– Cobertura

Enquanto três ou quatro suspeitos de integrar a quadrilha efetuavam a ação, outros aguardavam em áreas próximas ao local do crime. Eles davam cobertura para a fuga e avaliavam o comportamento da vizinhança, quando os crimes eram cometidos em áreas públicas.

– O pagamento
A suposta quadrilha cometia crimes de pistolagem gratuita ou através de encomendas que custavam entre R$ 500 e R$ 50 mil.

– Perfil das vítimas

De acordo com a Polícia Federal, o perfil das vítimas é o mais diverso e as execuções ocorriam por motivos que variavam desde rixas pessoais, passando por dívidas com tráfico de drogas e até mesmo para testar uma nova pistola adquirida pelo bando. 

– Mortes

Conforme levantamento da Polícia Federal, em dois anos, ocorreram 22 homicídios, além de cinco tentativas de assassinato.

– Lista

A PF identificou que um delegado de Polícia Civil, um promotor de Justiça do Rio Grande do Norte e um agente federal, cedido à instituição no Estado potiguar, estariam na lista de possíveis vítimas do suposto grupo de extermínio.

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