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PF prende repassador de propinas

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São Paulo (AE)  – O empresário Milton Pascowitch, apontado como operador de propinas da empreiteira Engevix na Diretoria de Serviços da Petrobras, foi preso preventivamente ontem na 13ª fase da Operação Lava Jato. Pascowitch é considerado peça central das investigações envolvendo suspeitas de recebimento de propinas pelo ex-ministro José Dirceu, pelo ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque e pelo PT. Por meio da Jamp Engenheiros Associados, o lobista pagou R$ 1,45 milhão em 2011 e 2012 à JD Assessoria e Consultoria, de Dirceu. Para Duque – que está preso preventivamente desde 16 de março -, a Jamp pagou em 2013 R$ 1,2 milhão à D3TM Consultoria e Participação, do ex-diretor e seus filhos.

Os investigadores da Lava Jato acreditam que a Jamp era uma empresa de fachada usada para esquentar dinheiro de propina. Segundo a força-tarefa, não há aparente relação justificável para a relação comercial formal entre as partes.
Em despacho, Moro ressalta existência de materialidade dos crimes atribuídos ao operador e risco de destruição de provas
Na ordem de prisão, o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro – responsável pela condução da Lava jato na primeira instância -, destacou que do total repassado por Pascowitch a Dirceu, a maior parte, R$ 1,15 milhão, foi depositada no ano de 2012, quando o Supremo Tribunal Federal julgava o processo do mensalão. Segundo Moro, este pagamento “coloca em dúvida” se de fato a empresa do ex-ministro recebeu de Pascowitch por “serviços de consultoria”.

O ex-ministro da Casa Civil foi condenado no julgamento do mensalão a 7 anos e 11 meses por corrupção ativa e atualmente cumpre a pena em regime aberto. No âmbito da Lava Jato, ele é investigado em inquérito que apura repasse de recursos de empreiteiras do cartel à JD.

Duque é réu em ações penais, sob a acusação de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O ex-diretor de Serviço era indicado do PT e ocupou o cargo entre 2003 e 2012.  A Justiça Federal também decretou o bloqueio de R$ 78 milhões de Pascowitch e de outros investigados na nova fase da Operação Lava Jato.

No seu despacho, Moro ressalta a existência de materialidade dos crimes atribuídos ao operador e o risco de destruição ou ocultação de provas. “A gravidade concreta da conduta de Milton Pascowitch é ainda mais especial, pois há indícios de que propinas também foram pagas, por seu intermédio, para agentes políticos e para financiamento político”, escreveu o magistrado.

Propinas
Para Moro, a participação de Pascowitch “é mais análoga a dos profissionais que se dedicaram, diferentemente dos empreiteiros, exclusivamente à prática delitiva, intermediando propinas, ocultando e dissimulando o produto do crime, em operações complexas de lavagem de dinheiro, inclusive com transações e contas secretas no exterior”.

O juiz cita depoimento do ex-vice-presidente da Engevix Gerson de Mello Almada, no dia 18 de março. Nele, o empreiteiro diz que a função de Pascowitch “era equivalente” à do doleiro Alberto Youssef – peça central da Lava Jato. “A empresa Jamp tem envolvimento com pagamentos com lobby segundo o próprio Gerson Almada junto ao Partido dos Trabalhadores e junto à Diretoria de Serviços da Petrobras”, reforçou o procurador da República Carlos Fernando Lima.  Ontem, Almada foi dispensado de depor na CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados, em Brasília, após anunciar que ficaria em silêncio.

Milton Pascowitch foi preso pela manhã em sua casa, na zona sul da capital paulista. O irmão de Milton, José Adolfo Pascowitch, foi levado coercitivamente para depor na Polícia Federal. Foram feitas busca e apreensão na casa dos irmãos.

Outro operador

Na operação, a Polícia Federal acabou prendendo também um segundo operador de propina do PP, Henry Hoyer de Carvalho, no Rio. Não havia decreto de prisão, mas ele foi detido após a PF encontrar munição de uso restrito em uma das três armas antigas que ele tinha, em sua residência. Identificado como Henry por Youssef, ele é sócio em duas empresas e já foi assessor do ex-senador Ney Suassuna (PSL-PB). Seu nome também havia sido identificado pela Polícia Federal nas agendas do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa.

Dez lobistas são apontados como operadores de propinas no esquema de corrupção instalado na Petrobras e desbaratado pela Operação Lava Jato. Os nomes foram indicados em sua delação premiada pelo ex-gerente executivo Pedro Barusco, braço direito de Duque na Diretoria de Serviços.

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