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Phil Collins volta ao mercado

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Não são muitos os músicos que dispensam alguém, um assessor de imprensa ou do marketing da gravadora, para fazer a conexão entre ele e o jornalista, ao telefone. Phil Collins está dentro dessa simpática minoria. Com cinco minutos depois do horário combinado, o telefone da mesa toca. Um número norte-americano. A voz do outro lado chama o jornalista pelo nome. “Aqui é o Phil Collins, tudo bem com você?”. Polido, falante, Collins ganhou com a mudança definitiva para a Flórida.
Aposentado desde 2011, Collins dá primeiro passo para um possível retorno à indústria da música com anúncio de lançamento de seu discografia completa, em grande projeto de remasterização
A nova casa de sete dormitórios e 1,1 mil m² de área construída, com vista para o skyline de Miami, a poucos metros da água cristalina da baía de Biscayne, foi comprada há um mês e alguns dias antes da ligação ao jornal. Na manhã da entrevista, conta Collins radiante, foi entregue um enorme piano de cauda posicionado na sala de estilo mediterrâneo.

Depois de anos morando na Suíça, o músico britânico de 64 anos decidiu mudar para a Flórida a fim de ficar mais próximo dos filhos mais novos, Nicholas e Matthew, frutos do último casamento dele, com Orianne Cevey, matrimônio que chegou ao fim em 2008.

Aposentado desde 2011, ele só se apresentou diante do público recentemente em um evento na escola das crianças. Além disso, Collins preferiu manter o papel de pai, um comportamento negligenciado por ele, segundo o próprio, com os outros três filhos frutos de outros dois casamentos malsucedidos.

O primeiro passo para um possível retorno às atividades como músico foi dado quarta-feira, 2, quando foram revelados os dois primeiros discos escolhidos dentro da discografia de Collins a serem relançados em um grande projeto de remasterização de todo o catálogo dele. As novas versões dos álbuns ainda virão com bônus de faixas não lançadas e outras surpresas saborosas para os fãs do ex-Genesis.

“Vou ser sincero com você”, ele começa. “Nunca fui muito fã de relançamentos. Mas eu posso garantir que esses aqui não são algo de uma gravadora fazendo só para ganhar algum dinheiro. Não, não. Eu participei de todo o processo de remasterização, de escolha das canções que serão bônus.”

Os dois primeiros discos escolhidos para esse relançamento completo foram Face Value, estreia solo originalmente de 1981, e Both Sides, um álbum mais rústico, o quinto da carreira, lançado em 1993. As capas das novas versões foram “remasterizadas” também, com atuais de Collins substituindo as antigas. “Esse sou eu hoje.”

Dois discos
É bastante particular a escolha de Phil Collins para abrir os relançamentos da discografia solo com Face Value (1981) e Both Faces (1993). Doze anos separam os dois discos e ambos também não compartilham uma estética similar.  Enquanto o primeiro foi bem recebido pela crítica e chegou ao topo no Reino Unido (e ficou em sétimo lugar das paradas nos Estados Unidos), Both Sides também vendeu razoavelmente bem, mas causou estranhamento dos fãs acostumados àquele soft rock. No trabalho de 1993, Collins experimentou mais, gravou tudo sozinho em casa e deixou o piano para trás. Não por acaso, foram poucos os hits produzidos por esse álbum.

Curiosamente, em contrapartida, ambos os discos foram abastecidos de sentimentos complexos criados pelos términos de casamentos. Face Value encontra forças diretas no fim do relacionamento com a primeira mulher de Collins, a canadense Andrea Bertorelli. Both Sides surgiu após o fim com Jill Tavelman. Collins ainda se casaria e se separaria uma terceira vez, mas nenhum álbum foi criado por causa disso.

Vida agridoce
O site de Phil Collins, remodelado para anunciar os relançamentos de todo o catálogo do músico, a começar por Both Sides e Face Value, ambos nas lojas no dia 6 de novembro, escancara um dos mais marcantes versos do ex-integrante do Genesis em carreira solo: “Take a look on me know” (“olhe para mim agora”). A citação vem da música Against All The Odds, hit com o qual ele ganhou o Grammy de melhor performance pop. O uso da frase faz sentido. Collins quer que esse relançamento escancare a sua versão atual, aos 64 anos, aposentado da música e pai de dois filhos em tempo integral. 

A citação é ainda mais densa, contudo. A música é um exemplo perfeito daquilo que Collins foi capaz de fazer ao longo da carreira – e que lhe rendeu ótimos frutos, como os £ 115 milhões de sua fortuna, reveladas pelo jornal Sunday Times, em 2011, e seus 100 milhões de discos vendidos. Collins foi especialista em versos sofridos, embebidos de camadas pop, prontos para o rádio. Against All The Odds é assim: um grito de desespero do eu lírico, que não se conforma de ter perdido a amada, a única “que o conhecia de verdade”.

Há doçura e felicidade na voz do Collins que vem do outro lado do telefone. Ele afirma estar contente também, com a nova morada na Flórida, com a proximidade dos filhos, uma relação que nunca havia experimentado. Em 2004, Collins chegou a afirmar que se aposentaria e “ninguém iria notar sua ausência”. Havia um humor inglês ali, autodepreciativo, mas também uma crítica do músico que, muitas vezes, não foi levado a sério pela crítica por ser “pop demais.” A aposentadoria de hoje, na verdade, deveria acontecer 11 anos atrás, conta ele.

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