Nadjara Martins
repórter
Rodrigo Marinho Rezende, 18 anos, morador da rua Abreu e Lima, Conjunto Pitimbu, acordou às 10h da manhã da última terça-feira (16), com um ruído estranho na janela da cozinha. Quando abriu a porta do quarto, se deparou com dois homens de camisa polo, calça jeans, portando chaves de fenda, que se passariam normalmente por operários. Mas não eram. “O primeiro recuou quando me viu, mas depois me mandou voltar para o quarto. Disse que o segundo homem estava armado”, diz o rapaz. Rodrigo se trancou no quarto e ligou para a vizinha. Quando ela chegou, cinco minutos depois, não havia mais ninguém. Nem as duas televisões (uma de 42 polegadas), joias e R$ 200 em dinheiro vivo.
Na noite da quarta-feira (17), por volta das 19h, foi a vez da filha do aposentado Francisco de Assis Rocha, morador da rua Presidente Juscelino Kubitschek, Pitimbu, ser surpreendida. Priscila Oliveira chegava com o filho Lucas, 5, quando foi abordada por dois homens e uma mulher. O vizinho tentou ajudá-la, mas a resposta do assaltante foi um tiro para o alto. Eles levaram o fiat uno branco, aparelhos eletrônicos e R$ 250. “Ela passou a noite toda doente, tremendo do susto”, conta Maria de Fátima Trindade, mãe da vítima. O carro foi localizado na manhã de ontem em Felipe Camarão.
Casos de roubos, arrombamentos e arrastões se tornaram frequentes no conjunto Pitimbu, segundo os próprios moradores, há pelo menos cinco meses. Somente na rua Escritor Humberto Campos dez pessoas dizem ter sido alvos de arrastões e assaltos. “Nós que trocamos as lâmpadas dos postes da rua, R$ 200 cada uma”, conta a dona de casa Rosângela Amaral. A casa dela já foi arrombada três vezes, e os dois filhos foram assaltados em menos de dois meses, segundo o petroleiro Gilmar Medeiros, esposo de Rosângela. “Moramos aqui há 30 anos e nunca esteve assim. Mais de dez pessoas já foram assaltadas só nesta rua”, acrescenta.
Os casos mais comuns são arrombamentos de casas e assaltos a mão armada. “Tiroteio é toda noite. Hoje estamos completamente entregues”, afirma Gilmar. O Pitimbu não possui base policial própria – o bairro é atendido pela 11ª Delegacia de Polícia e pela 2ª Companhia da Polícia Militar, ambos no conjunto Cidade Satélite. Há apenas uma base da Polícia Rodoviária Estadual (CPRE), que dá um suporta na área.
“Nós ajudamos até onde dá, mas a bandidagem está muito grande. Temos uma viatura só para fazer as diligências em toda Natal”, diz o sargento da base, Erivaldo Henrique. Segundo a base, as notificações são praticamente diárias. A reportagem solicitou os de arrombamentos, furtos e roubos à Secretaria de Estado de Segurança e Defesa Social (Sesed) desde a última segunda-feira (14), mas os dados mais uma vez não foram enviados.
Entretanto, o delegado da 11ªDP, Sílvio Fernando Nunes, alega que o número de assaltos diminuíram. “É um bairro em que temos muitos arrombamentos e roubos a veículos, geralmente feitos por carroceiros, mas nós temos sentido uma diminuição. Fazemos ações em conjunto com a Polícia Militar para coibir”, alega. O major Rodrigues Barroso, comandante do 5º Batalhão da PM – que atende a área do Pitimbu – afirma que o patrulhamento da área ainda é precário devido ao número reduzido de policiais e viaturas. Isso incentivaria os bandidos a agirem.
“Fazemos várias operações para coibir, com a Rocam, Choque, Cavalaria, mas a criminalidade sempre muda o modis operandi. Mesmo que chegassem novas viaturas (hoje apenas duas cobrem o bairro Satélite e mais três adjacentes) eu não teria como colocar para rodar por causa da falta de homens”, aponta Rodrigues.
O comandante da PMRN, coronel Francisco Araújo, afirmou que tem intensificado a realização de blitz na área. “Nesse caso específico, estávamos sem viaturas na área, mas o batalhão já recebeu sete viaturas e deve receber mais três na semana que vem. Acredito que isso vai ajudar a atenuar os assaltos”, garantiu Araújo.
