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PMs torturavam suspeitos para lucrar

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Além dos crimes de extorsão e tráfico de drogas, os doze policiais militares presos durante a Operação Novos Rumos também praticavam tortura. No dia 25 de abril passado, na zona Oeste de Natal, os soldados Thiago Vale Rabelo Teixeira, Damião Alves da Cunha e Marcos Garcia Marinho “constrangeram a pessoa identificada como Branquinho com emprego de violência, causando sofrimento físico e mental, com o fim de obter informações sobre um furto acontecido num estabelecimento comercial”. “O pau vai comer ser o material não aparecer”, disse um dos soldados. Após serem levados aos suspeitos pelo empresário roubado, os PMs usaram a força e aplicaram choques no suspeito. “Tu vai dizer já, já! Cadê o choque?… O meu nome é bater”, enfatizou o militar durante abordagem ao suspeito do furto.

Quatro dias depois, os mesmos soldados receberam R$ 3.500,00 de um empresário após recuperarem caixas de confeitos roubadas por dois homens também na zona Oeste. Um deles, identificado como “Carcará” foi colocado na Viatura 924 após os soldados identificarem que ele era uma dos autores do ilícito e sabia para onde o material roubado havia sido levado. Após três horas dentro da Viatura, “Carcará” começou a gritar: “Alguém me ajude aqui, estou morrendo sufocado. Alguém ajude aqui dentro, estou morrendo sufocado. Abra a janela, sou ser humano também”. Depois que devolveram as caixas de confeito ao empresário e receberem a “recompensa”, os soldados o orientaram a não registrar Boletim de Ocorrência.

#SAIBAMAIS#No mesmo dia, por volta das 12h42, o trio de soldados fez uma incursão na Comunidade do Coqueirinho, em Lagoa Seca. Com objetivo de subtrair qualquer objeto de valor de um homem suspeito de traficar drogas identificado como “Severino”, o torturaram dentro de casa. A interceptação colocada dentro da Viatura 924 capturou a revolta dos populares que assistiam a ação policial.

“Os policiais só aparecem para espancar o povo e tomar dinheiro das pessoas. São um bando de ladrão. É cobrança de pedágio é?”, gritavam os moradores.  Após encontrarem duas armas na casa do “Severino”, os soldados saíram e, na “Viatura do Medo”, comemoraram a “butada (sic)”.

“Ainda bem que deu certo!… aonde a gente não mandar a gente fecha as portas viu boy!”, disse um deles.  Adiante, outro soldado não-identificado comentou: “Ainda dei uma carabinada naquele que estava lá fora. De repente ele se amansou”. Da operação ilegal na Comunidade do Coqueirinho, os soldados estimaram que desfalcaram o bolso do suposto traficante em R$ 5 mil. 

O mesmo soldado Damião Alves da Cunha, dessa vez consorciado aos soldados Márcio José da Silva Martins e Werson Magno de Carvalho, recebeu dinheiro para fazer vista grossa ao funcionamento de uma casa de bingo na Cidade da Esperança. Por cada semana de omissão, eles recebiam R$ 100,00.  Os soldados Antônio Marcos Oliveira da Silva, Wilton Franco da Silva e Anderson Oliveira Frassetti Maria também receberam “vantagens indevidas” para não denunciarem o funcionamento de  “casa de jogo do bicho – Paratodos”. Até mesmo pela devolução de um par de alianças roubadas de um casal, os soldados aceitavam o pagamento de propinas.

Esclarecimento

Através de comunicado, a Companhia Independente de Prevenção ao Uso de Drogas (Cipred) retificou a informação de que o soldado Damião Alves da Cunha fosse lotado na companhia. Segundo o Cipred, o soldado deixou a unidade em agosto de 2014.

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