Carlos de Souza [ [email protected] ]
Minha amiga Sheyla Azevedo enviou este texto, que transcrevo na íntegra: “No prefácio do livro de poesia O Mundo que me Cabe – Palavras, palavras e pequenas invenções, do médico psiquiatra, Adriano Araújo, 40, o amigo Pablo Capistrano deixa transparecer toda a empolgação quando descobre que o companheiro do Movimento Sótão 277 nunca deixara de produzir poesia. Mais de 20 anos após aquele que foi um dos movimentos mais marcantes na pacata Natal do início dos anos 1990, realizado com um bando de jovens cheios de questionamentos e uma inquietação constante que os colocava no patamar ideológico de ter um monte de ideias (malucas) na cabeça e uma vontade imensa de dizer para o mundo. A produção do Sótão 277, na qual Adriano Araújo tinha uma participação efetiva, ia desde fanzines, à realização de happenings, performances em lugares alternativos e até lugares tradicionais como o TAM, com direito a chamar a atenção de intelectuais da cidade, com a escrita de artigos e matérias nos jornais da cidade. O fato é que após entrar para o curso de Medicina e se especializar em psiquiatria, pouco se sabia de Adriano Araújo, até ele ressurgir com esse livro pronto, que será lançado no dia 4 de setembro, na Livraria Saraiva, a partir das 19h, e cuja renda da venda da obra que será totalmente revertida para a realização de uma oficina de geração de renda e economia solidária para pessoas portadoras de transtorno mental, pessoas com problemas relacionados ao uso/abuso de álcool e outras drogas.
“Um turbilhão de sentimentos me invade/ a cada dobrar do tempo/ sou muitas faces de um mesmo olhar/ devoto de uma métrica terçã/ declino diante da sede/ mas não corro o risco de expirar/ mesmo que pense ser tarde/ mesmo que receie o tempo/ cada dia me apetece por si”, fala ele em uma de suas poesias d´O Mundo que me Cabe. A temática do livro não tem relação com o trabalho de psiquiatra. A não ser pelo fato de que Adriano Araújo está unindo sua produção poética à militância na área da saúde mental, com a venda dos livros para patrocinar um projeto.
Educação
Está chegando às livrarias a coletânea A Universidade na Encruzilhada, organizado pelo senador Cristovam Buarque, Editora Unesp, 343 páginas, R$48,00. Esta coletânea de artigos resume quase 50 anos de reflexões de Cristovam Buarque sobre a universidade. Nos 36 textos, escritos entre 1966 e 2013, é possível acompanhar o amadurecimento das ideias do atual senador da República, ex-professor e reitor da Universidade de Brasília (UnB), desde os tempos de estudante.
A obra abarca artigos juvenis, como o discurso de formatura em que Buarque defende a “universidade engajada”, durante o regime militar, produções como “Universidade libertadora”, em que, já professor e reitor da UnB, propõe uma instituição que recupere a velocidade na formulação de ideias, além de textos como “A cor da elite”, em que o senador reflete sobre cotas sociais e raciais.
Os artigos apresentam uma série de questionamentos e propostas para “arejar” o ambiente universitário e aprofundar o diálogo com os desafios contemporâneos. Críticos e afirmativos, os textos defendem a reforma da universidade, apesar de todas as barreiras: “A universidade precisa mudar radicalmente, ser refundada, mas a reforma não poderá ser importada sem o consentimento da comunidade, nem será feita a partir do seu interior, porque não contará com o apoio da comunidade acadêmica”, escreve Buarque.
Cristovam Buarque é senador da República (2011-2018), foi governador do Distrito Federal (1995-1998), ministro da Educação (2003-2004) e o primeiro reitor da UnB escolhido por eleições diretas, em 1985. Formado em Engenharia Mecânica pela UFPE, obteve doutorado em Economia pela Universidade de Sorbonne. Entre outras obras, publicou pela Editora Unesp A Aventura da Universidade (1995).
A Universidade na Encruzilhada, organizado pelo senador Cristovam Buarque, Editora Unesp, 343 páginas, R$48,00
