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Polícia apreende 3 mil dinamites

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Roberta Trindade – repórter

Mais de três mil bananas de dinamites, mil espoletas, dezenas de sacos de 25 quilos cheios de dinamites granuladas, duas pessoas detidas para averiguação, um depósito e dois paióis sob a guarda da polícia. Esse é o resultado de uma operação que ocorreu durante toda a tarde de ontem e madrugada de hoje, na estrada que liga a cidade de Carnaúba dos Dantas (distante 40 quilômetros de Natal), na região Seridó do Rio Grande do Norte até Picuí na Paraíba. Com a apreensão, a polícia pode ter encontrado o “fio da meada” para desbaratar as quadrilhas que agem em alguns Estados, como Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Os bandos explodem caixas de auto-atendimento com dinamites e roubam todo o dinheiro. A ação se espalhou por todo o Nordeste do país em poucos meses. Pelo menos 50 policiais participaram da operação. Agentes do Serviço de Inteligência da Secretária de Segurança Pública e Defesa Social, policiais da Divisão de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor) e policiais militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e o Grupo Tático de Operações (GTO) estiveram à frente da ação.

Três mil bananas de dinamites, espoletas, dinamites granuladas foram apreendidas durante a operação em Carnaúba dos DantasO delegado geral da Polícia Civil Ronaldo Gomes informou que após a prisão de um homem em Lajes, a polícia conseguiu chegar até os artefatos em Carnaúba dos Dantas. “Ele (Heronildes Roberto Soares) nos contou que poderia comprar dinamite a hora que quisesse. A partir daí pedimos que ele comprasse o artefato. Foi feito o pedido e, logo depois, Roberto concretizou a compra. A dinamite lhe foi entregue dentro de um escritório, momento em que o rapaz (identificado como Franklin) recebeu voz de prisão”. 

A venda foi concluída dentro do escritório da empresa: Comercial Manoel Lucas Explosivos. “Uma caixa com 25 quilos de dinamite por R$190. As espoletas foram vendidas por R$ 130”, contou Ronaldo Gomes.

A empresa funciona na avenida Juvenal Lamartine, no bairro Don José de Lima Dantas. Populares se aglomeravam para ver a ação dos policiais. O escritório, a residência do proprietário da empresa (Manoel Lucas Dantas de 57 anos que estava na Paraíba) e o depósito tomam parte da avenida. Os dois paióis estão localizados em uma estrada carroçável.

José Lucas Dantas, filho de Manoel, disse que o pai trabalha legalmente e que tudo é vistoriado pelo Exército. “Trabalhamos neste ramo há dez anos”.

Já José Cândido é funcionário da empresa há quatro anos. Ele disse que foi uma “tremenda falta de sorte”, o funcionário ter vendido as dinamites sem autorização legal. “Nunca aconteceu isso. Foi a primeira vez. Franklin e Sônia acabaram presos. Eles são apenas empregados. Nós só vendemos com autorização do Exército. Nunca aconteceu isso em dez anos ”, disse o homem.

Questionado sobre a origem dos artefatos, José afirmou que as dinamites são originais de uma empresa localizada no Estado de Minas Gerais. “É com permissão do Exército”, garantiu.

Ronaldo Gomes disse que a polícia vai investigar detalhadamente a origem das dinamites e que não existem dúvidas de que os artefatos encontrados dentro do depósito não estão legalizados. “Não há código de barras nas dinamites. Podem ser provenientes de contrabando ”, frisou.

Possibilidade remota, mas ainda estudada pela polícia é a procedência das dinamites estarem ligadas à roubo de  pedreiras em outros Estados, como o que ocorreu em Alagoas no ano passado. Sheila Freitas, titular da Deicor disse que somente hoje a polícia vai fazer a contabilidade geral de tudo que foi apreendido durante a operação da polícia. “Iremos verificar também em quais artigos do Código Penal Brasileiro iremos enquadrá-los. Há ainda a Lei do Desarmamento”, concluiu.  

Paraíba também investiga bando de assaltantes

A polícia paraibana também investiga a ação dos assaltantes de bancos que agem usando explosivos nas ocorrências. Na Paraíba, foram quatro municípios assaltados. A suspeita é que o bando, com ação em vários estados do Nordeste, tem estocada cerca de uma tonelada de dinamites. Segundo o secretário, Cláudio Lima, o explosivo tem como procedência o furto de uma pedreira no município de Messias, em Alagoas, no final do mês passado, quando um grupo de seis homens teria invadido o local e furtado a dinamite.

O secretário Cláudio Lima afirma que é muita coincidência a série de explosões ocorrer exatamente após o registro do assalto no município alagoano. “Ainda não podemos afirmar que essa dinamite veio de Alagoas, mas é um indício que os assaltantes estejam realizando as explosões dias depois do furto à pedreira em Alagoas”.

 Cláudio Lima chama a atenção para que os crimes de explosões de cofres e caixas eletrônicos têm acontecido em cidades do interior, onde o policiamento é menor e também neste período as agências bancárias estão com maior fluxo de dinheiro para a realização de pagamentos de aposentados.

Capim, Gado Bravo, Mulungu e Riachão do Poço foram os municípios que tiveram cofres e caixas eletrônicos explodidos. pelos bandidos.  Nos dez primeiros dias de 2011 já foram registrados quatro crimes deste tipo, enquanto que no ano de 2010 foram 26 assaltos a bancos em que bandidos se utilizaram de explosivos. Wagner Dorta, chefe da 2ª Delegacia Regional da Polícia Civil da Paraíba, acredita que seja viável a hipótese de que a dinamite utilizada nos assaltos na Paraíba tenha procedência do assaltos ocorridos em Alagoas.

Apreensão e prisão em Lajes na região Agreste

As polícias militar e civil prenderam na manhã de ontem um homem e apreenderam 31 dinamites, 200 metros de fio para detonação e 108 espoletas elétricas. Heronildes Roberto Soares foi preso dentro da casa onde estavam os artefatos. A prisão ocorreu às 10 horas da manhã de ontem, na rua Pedro Barbosa, no bairro Seahc, em Lajes, região Agreste do Rio Grande do Norte.

Material apreendido na cidade de Lajes, na manhã de ontem por homens das Polícias Civil e MilitarApós Heronildes ter sido encaminhado para o destacamento da Polícia Militar, na cidade, o acusado passou a ser custodiado pela Polícia Civil. Várias diligências foram realizadas durante toda a tarde de ontem, 10, com o objetivo de encontrar mais artefatos na região. A principal lacuna que a polícia quer preencher é a origem da dinamite – artefato, identificado pelos policiais como sendo utilizado em ações criminosas onde caixas eletrônicos são explodidos e o dinheiro é roubado. Somente nos três últimos meses o RN foi alvo de nove ações de quadrilhas que explodiram ou arrombaram caixas de auto-atendimento em diversas regiões do Estado.

Fontes da TRIBUNA DO NORTE dão conta que as dinamites podem estar sendo desviadas de pedreiras instaladas no RN.

O argumento de Heronildes à polícia não convenceu. O homem contou que as dinamites eram utilizadas em buracos para instalação de postes de energia. Mas, descobrir a origem do  artefato não é tão difícil assim. As dinamites possuem um código de barras que funciona como uma  identidade. É este código que irá ajudar a polícia a desvendar o mistério.  

Os policiais militares de Lajes receberam várias denúncias de que Heronildes estava amedrontando  os moradores do bairro onde morava. “Ele andava armado e foi visto com uma pistola, aparentemente, de nove milímetros. Ameaçava quem reside na localidade”, contou o comandante do pelotão de Lajes, tenente Renê Pereira. 

Populares ao avistarem Heronildes na casa onde ele morava, avisaram o cabo PM Osvaldo que acionou os outros policiais militares. Um agente da Polícia Civil também foi ao local. “Ninguém esperava encontrar dinamites na casa dele. Os policiais se depararam com os artefatos em cima da mesa da cozinha, perto de um fogão. Um risco enorme de explosão”, disse o tenente que afirmou: “Nos surpreendeu muito a quantidade de artefato. É um número exagerado. Apenas uma banana já é suficiente para detonar um caixa eletrônico, resta agora saber o que ele pretendia fazer com tudo aquilo”, completou o PM.

O Comando Geral da Polícia Militar foi avisado, assim que as dinamites foram encontradas. “Daria para fazer um grande estrago”, detalhou o comandante geral da PM, coronel Francisco Canindé de Araújo.

Araújo acionou o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) para recolher todo o artefato sem que houvesse perigo de explosão. Policiais do Bope seguiram para Lajes, por volta das 14 horas da tarde. As dinamites foram colocadas em uma mesa e ficaram guardadas na sala do delegado – local refrigerado (ar  condicionado).

Assaltos aos caixas eletrônicos começaram em julho de 2010

Os assaltos aos caixas eletrônicos de agências bancárias no interior do Rio Grande do Norte começaram em julho do ano passado. Na madrugada do dia 19 daquele mês (uma segunda-feira), uma quadrilha com cerca de seis integrantes, entre eles uma mulher, invadiu as agências do Banco do Brasil em Umarizal e Martins, cidade do Alto Oeste potiguar, e explodiu vários caixas.

O primeiro ataque foi contra a agência do BB em umarizal. Segundo informações da polícia, com base em imagens do circuito interno de câmeras das agências, a mulher foi a responsável pela instalação dos explosivos. Cerca de cinco homens, encapuzados e armados, deram cobertura à ação. A explosão destruiu parte da agência. Em seguida, o  bando repetiu a operação na agência do BB em Martins. As primeiras suspeitas recaíram sobre uma quadrilha que já vinha realizando ataques semelhantes, com uso de explosivos, contra agências bancárias no interior da Paraíba. No território potiguar, o bando só voltou a agir cerca de quatro meses depois do ataque no Oeste. No dia 09 de novembro foi explodido o caixa eletrônico do Bradesco em Lagoa Salgada. O modus operandi da quadrilha foi idêntico: ação na madrugada e uso de TNT. A força da explosão destruiu a agência. A polícia obteve informações de que eram seis homens. O ataque seguinte ocorreu três dias depois: um caixa do Banco 24 Horas e outro do Bradesco foram dinamitados na cidade de Extremoz.

Uma semana depois, na madrugada do dia 20 de dezembro, outro ataque, desta vez na cidade de Bom Jesus (Agreste). Cerca de 10 homens, durante a madrugada, explodiram um caixa eletrônico do Bradesco, mas exageram na quantidade de dinamite e tudo ficou destruído. O bando precisou fugir sem levar nenhum dinheiro. O carro utilizado na fuga foi encontrado, horas depois, próximo a Cajazeiras, na Paraíba. Em janeiro deste ano ocorreu o sexto assalto com dinamite. Em Vera Cruz, na madrugada do dia 15, os bandidos explodiam o caixa eletrônico do Bradesco.

Na madrugada do dia 20 de janeiro último, a quadrilha com cerca de 10 homens e armas de grosso calibre furaram os pneus das viaturas da PM em frente a delegacia de Brejinho. Divididos em quatro carros, um Siena, um Pálio, uma Parati e um Fox, os bandidos se dividiram. Parte do bando invadiu a agência do Bradesco e explodiram o caixa. No dia 27 foi a vez do caixa em Bom Jesus e Monte das Gameleiras.

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