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Policlínicas não recebem melhorias para nova demanda

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Alex Costa – repórter

A partir desta segunda-feira as policlínicas localizadas nas quatro regiões da capital potiguar passam a operar com um reforço devido ao encerramento das atividades dos Ambulatórios Médico-Especializados (AMES) de Brasília Teimosa, Nova Natal e Planalto. Juntos, os AMES atendiam a uma demanda mensal de 17 mil atendimentos mensais, número de pacientes que devem agora ser remanejados para serem atendidos na Policlínica Zona Norte, no conjunto Santa Catarina, no Centro Clínico José Carlos Passos, na Ribeira, na Policlínica de Neópolis e na Policlínica da Cidade da Esperança. Na primeira semana após o fechamento dos AMES, as policlínicas já sentiram o aumento da demanda de pacientes, que se apresentavam como “acima do esperado” para a semana.
Unidades de atendimento básico já estavam superlotadas antes do fechamento das AMEs
Alegando um período de transição, até a última quinta-feira, a titular da Secretaria Municipal de Saúde manteve reuniões ao longo de toda esta semana com a Cooperativa dos Médicos (Coopmed), com as direções das policlínicas, realizando um levantamento da demanda e das necessidades de cada unidade, bem como com a direção dos AMES, recebendo de volta a gestão dos prédios. Em contato com os Distritos Sanitários Norte II, Sul e Leste, os quais devem receber a demanda de pacientes dos AMES localizados nessas regiões, todos alegaram a necessidade de mais médicos nas unidades e de equipamentos, para que não haja uma demanda reprimida de pacientes.

No Centro Clínico José Carlos Passos (Policlínica da Ribeira), toda estrutura funciona “adequadamente”, inclusive com vários anexos, formando um complexo municipal de saúde. Com o encerramento das atividades do AME de Brasília Teimosa, o Distrito Sanitário Leste (DSL) ficou encarregado de remarcar as consultas com os pacientes agendados. De acordo com a diretora do DSL, Liliane Pinheiro, os distritos sanitários Sul e Norte II estão responsáveis pela remarcação, triagem e encaminhamento para policlínicas que dispõem de vagas para o atendimento de pacientes dos AMES do Planalto e Nova Natal, respectivamente.

“O esforço é exatamente dar conta de tantos pacientes. Estamos nos adaptando e fazendo um trabalho de relocação dos pacientes entre as quatro policlínicas. Por exemplo, se não há vaga para ortopedista aqui na Ribeira, encaminhamos para Neópolis, que está com vagas”, explicou.

Para Sônia Godeiro, presidente do Sindicato da Saúde (Sindsaúde), o fechamento dos AMES é resultado de uma política errada. “Se os AMES fossem públicos desde o começo isso não teria acontecido. A privatização irregular mostra o mau concebimento de um serviço que era para durar por muitos anos. Não chegamos nem a dois anos”, enfatizou.

Segundo Sônia, a esperança está na nova gestão que precisa terminantemente dar prioridade à saúde. “É preciso retomar o trabalho, proporcionar concursos públicos, equipar as policlínicas com material e profissionais. Tudo isso visando a eficiência do serviço público de saúde e evitando a superlotação dos serviços”, finalizou.

Falta de profissionais preocupa

Na semana em que Secretaria Municipal de Saúde (SMS) dava seguimento a várias reuniões que assegurariam a transição dos atendimentos dos Ambulatórios Médicos Especializados (AMEs) para as policlínicas municipais, vários problemas estruturais e de equipamentos para o atendimento clínico foram observados pela equipe de reportagem da TRIBUNA DO NORTE. Em cada Policlínica visitada, funcionários e usuários mostravam-se preocupados com o aumento da demanda de pacientes, que começou a ser sentido em algumas unidades.

AMES E UPAS

Inaugurados entre novembro e dezembro de 2010, os AMEs tornaram-se referência no atendimento médico especializado e de urgência e emergência, com cerca de 98% de aprovação popular, segundo A. Marca. Com mais de 11 especialidades médicas, além de serviços, procedimentos e programas de saúde preventiva, os AMEs realizaram mais de 1 milhão de atendimentos ao longo de quase dois anos, beneficiando mais de 120 mil potiguares.

Zona Leste

Com o fechamento do AME de Brasília Teimosa, o Centro Clínico José Carlos Passos, na Ribeira, será o responsável por absorver a demanda de 300 atendimentos diários que eram realizados da unidade. O problema é que a Policlínica já tem uma alta demanda, de aproximadamente mil atendimentos diários e precisará de mais profissionais para absorver.  “Todos os dias estamos recebendo mais pessoas”, explicou Sânia Câmara, diretora da unidade. Segundo ela, a unidade funciona bem. Uma equipe de 49 médicos e um amplo espaço físico colaboram com o trabalho, apesar de haver um receio sobre o aumento da procura.  Mesmo com todos os serviços funcionando plenamente, o Centro Clínico da Ribeira ainda tem deficiência de recursos humanos em três especialidades, cardiologia, psiquiatria e neurologia, mas, mesmo com as dificuldades, garante a diretora, ninguém fica sem atendimento médico. A unidade possui apenas dois cardiologistas, dois psiquiatras e dois neurologistas, todos profissionais do quadro do Município, com uma média de 16 atendimentos por dia. A demanda reprimida precisa aguardar, tendo em vista que a unidade não marca consultas para além de 30 dias. No total, são 49 médicos. Pequenas cirurgias também são operadas na unidade da Ribeira, que conta com duas farmácias. A Policlínica da Ribeira não tem atendimento odontológico, que é concentrado no Centro Odontológico Norton Mariz, no mesmo bairro.

Centro Clínico José Carlos Passos (Policlínica da Ribeira)

– Especialidades – Alergologista, Cardiologista, Dermatologista, Endocrinologista, Proctologista, Gastrologista, Nefrologista, Oftalmologista, Otorrinolaringologista, Ortopedista, Ultrassonografista, Radiologista, Hematologista, Neurologista, Psiquiatra, Cirurgia Geral, Infectologista, Urologista.

– Quantidade de médicos – 49

– Média de consultas mensais – 18 mil

– Horário de funcionamento – segunda a sexta-feira, 7h às 17h

– Localização – Praça Augusto Severo, 281 – Ribeira

Zona Norte

“A meta é atender a população bem, mas hoje o Centro Clínico Asa Norte já funciona no limite. Temos deficiência de recursos humanos em algumas especialidades. Só poderemos aumentar o atendimento à medida que a secretaria encaminhar novos profissionais”, destacou o diretor da Policlínica da Zona Norte, João Batista Lima.  Hoje, faltam profissionais médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e de laboratório na unidade da Zona Norte. Com a demanda do AME Nova Natal, o problema deve se agravar se não houver investimentos em pessoal. Além disso, faltam remédios e o equipamento de oftalmologia da unidade também está sem funcionamento, por motivos de avaria. A Policlínica Zona Norte dispõe de 30 médicos, tanto do quadro de pessoal do Município, quanto da Cooperativa Médica (Coopmed), que atende em diversas especialidades. O atendimento odontológico dispõe de 12 dentistas, distribuídos em três turnos. Cada médico de 20 horas atende uma média de 40 pacientes por semana, enquanto que os profissionais que trabalham 40 horas atende cerca de 60 pacientes. Mensalmente, são quase 10 mil consultas por mês. De acordo com João Batista, o grande problema da Policlínica Zona Norte é em relação à psiquiatria e a cardiologia. Com quatro psiquiatras atendendo a 170 pacientes por mês, a demanda é considerada alta e geram filas de espera de quase dois meses. Na cardiologia, a situação se complica ainda mais quando apenas um cardiologista atende a toda a demanda existente da Zona Norte, que aguardam até três meses pelo atendimento.

Centro Clínico Asa Norte (Policlínica do Potengi)

– Especialidades – Clínico Geral, Oftalmologista, Psiquiatra, Gastrologista, Ginecologista, Otorrinolaringologista, Cirurgião geral, Dermatologista, Fonoaudiologista, Psicólogo, Infectologista, Urologista, Endocrinologista, Ortopedista, Reumatologista, Pediatra, Proctologista, Odontologista.

– Quantidade de médicos – 29

– Média de consultas mensais – 10 mil

– Horário de funcionamento – segunda a sexta-feira, 6h às 20h

– Localização – Av. Florianópolis, 05 – Conjunto Santarém

Zona Oeste

Na Cidade da Esperança, o diretor da unidade, Eleázaro Damião de Carvalho, ressaltou que a sala de troca de sondas, que passou quatro meses sem funcionar, só voltou a operar devido a uma força tarefa dos funcionários que consertaram o vazamento na parede. “Vontade de trabalhar nós temos. Só nos falta condições e infraestrutura para executarmos um bom trabalho”, disse Eleázaro.  Na unidade, o equipamento para fazer ultrassonografias está limitado a apenas alguns tipos de exames, tendo em vista que uma peça está quebrada. Três das quatro cadeiras de dentista existentes no consultório dentário da unidade estão sem funcionar e os atendimentos ficam limitados ao longo do dia. Há também a carência de pessoal. “No mínimo mais seis técnicos de enfermagem para dar conta da demanda. Eu já solicitei à SMS, mas até agora não veio”, disse. Além disso, as três centrífugas para separação de compostos da urina e sangue foram levadas para o conserto e não mais voltaram. “São equipamentos que já comemoraram os seus 20 anos de uso”, completou. A carência das especialidades está nos clínicos gerais. Segundo Eleázaro, os psiquiatras executam na maior parte das vezes o trabalho de atender e encaminhar pacientes para as especialidades, tendo em vista que atendem a uma baixa demanda de pacientes. Ao todo, 3,8 mil pacientes já são atendidos na unidade.

Policlínica da Cidade da Esperança

– Especialidades – Cardiologista, Dermatologista, Endocrinologista, Gastrologista, Ginecologista, Hematologista, Mastologista, Neurologista, Oftalmologista, Oncologista, Otorrinolaringologista, Psiquiatra, Reumatologista, Urologista, Ultrassonografista.

– Quantidade de médicos – 26

– Média de consultas mensais – 3,8 mil

– Horário de funcionamento – segunda a sexta-feira, 7h às 21h

– Localização – Avenida Pernambuco, 25, Cidade da Esperança

Zona Sul

Com o fim do atendimento médico especializado no AME do Planalto, a Policlínica de Neópolis não está preparada para receber a demanda proveniente desta unidade. Apesar de não ter havido grandes alterações no número de atendimentos, a carência do serviço é percebida com a falta de insumos e com equipamentos de oftalmologia, otorrinolaringologia e cardiologia carecendo de manutenção. A unidade conta com um quadro médico formado por 35 profissionais que atendem os pacientes do SUS através da regulação, em 23 especialidades, com exceção da ginecologia e clínica médica, onde a consulta é marcada na própria unidade. A Policlínica de Neópolis já atende  pacientes do interior, através da pactuação entre a Secretaria Municipal de Saúde e os municípios. As principais deficiências de profissionais estão nas especialidades de cardiologia, endocrinologia e oftalmologia.  Dois cardiologistas ficam sobrecarregados e as consultas só voltam a ser marcadas no final de novembro para atendimento em dezembro. Um endocrinologista e dois oftalmologistas estão com a agenda cheio até dezembro ou janeiro de 2013. A unidade não dispõe de serviços odontológicos, nem de sala de curativo. Outro ponto é a falta de medicamentos na farmácia da unidade em Neópolis. Alguns remédios em falta são o Aletronato, para o combate a osteoporose, Raniditina (para o estômago, em falta há dois meses), Dienpacs 10mg (antidepressivo, em falta há dois meses) e Libritol (calmante, em falta há um mês e meio).

Policlínica de Neópolis
– Especialidades – Clínico geral, Cardiologista, Neurologista, Dermatologista, Nefrologista, Ortopedista, Infectologista, Urologista, Ginecologista, Gastrologista.

– Quantidade de médicos – 35

– Média de consultas mensais – 5,2 mil

– Horário de funcionamento – segunda a sexta-feira, 7h às 21h

– Localização – Avenida Airton Senna, s/n, Neópolis

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