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Ponta Negra pé na areia

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Tádzio França
repórter

Antes dos super hotéis e dos restaurantes badalados, curtir Ponta Negra era apenas estender a toalha na areia, saborear um petisco do mar na barraca mais próxima, e aproveitar a praia. Hoje o asfalto divide as atenções com a areia, mas as pequenas delícias da área ainda estão lá – mesmo que os pacotes de turismo mais óbvios não mostrem. Na forma de pequenos restaurantes típicos, cozinha praieira, passeios no mar, e projetos culturais feitos por moradores da vila, Ponta Negra conserva seu lado mais ‘pé no chão’. O sabor original do bairro praieiro.
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Passeio no mar
As escadarias que ligam a orla de Ponta Negra à vila precisam – urgentemente, diga-se – de reparos, mas a ponte cultural e afetiva entre os dois espaços está bem firme. Nas proximidades do Morro do Careca, muitas atividades acontecem. A praia natalense é o cenário que a húngara Gabriela escolheu para trabalhar e viver nos últimos cinco anos. Ela é uma das pessoas a investir no ‘stand up’, passeio em que se rema em pé numa prancha similar (e maior que) a do surf. Sem radicalismos, o stand up proporciona um passeio tranquilo. “Por isso preferimos a maré cheia, sem ondas, que facilita o equilíbrio”, diz.

 As pranchas de stand up são grandes, e podem levar até um adulto com uma criança. Não precisa saber surfar para praticar. “Antes do cliente começar, a gente dá uma pequena aula antes, sobre como se posicionar, mover os remos, nadar, etc. E claro, a pessoa recebe um colete”, diz. Gabriela começa às 8h da manhã, e fica até as 17h, diariamente. Já teve clientes dos sete aos 68 anos de idade, segundo ela. O passeio dura uma hora, a R$30; há um pacote para até 10 horas. Gabriela não cansa nem um pouco do que faz. “Pra mim é um trabalho que também é diversão. Você entra na água e esquece qualquer estresse”, afirma.

O passeio de jangada, uma velha tradição da orla, ainda existe, mas agora sob supervisão  militar de segurança. Assim surgiu  o passeio de “jangalancha”, que é uma jangada adaptada com cobertura e motor de lancha. O modelo foi criado em Maracajaú e Pitangui, e proporciona mais rapidez, serviço de bordo, sombra e espaço.

A Jangada Show e sua jangalancha promove um passeio de uma que contorna o Morro do Careca. O trajeto leva até a Praia das Tartarugas, uma área de preservação ambiental, em cenários que mostram as falésias na lateral do morro, as rochas negras (que deram nome ao local), e de quebra ainda podem surgir golfinhos e tartarugas. O passeio inclui uma parada para 20 minutos de mergulho. Contatos pelo 3301-5549 ou 3641-1515.

Gourmet pé na areia
A música, a cozinha e, principalmente, o cenário fizeram do Old Five um dos lugares mais badalados da orla de Ponta Negra. Localizado a poucos metros do Morro do Careca, tem mesas, cadeiras e um palco na areia, além do ambiente  coberto em forma de varanda. O clima mediterrâneo e arejado é puro charme. Funciona diariamente, das 9h à meia-noite. O cardápio privilegia as iguarias do mar, como o espaguete com camarão, grelhados, risotos e saladas de frutos do mar, filé de peixe, etc. Outros petiscos incluem a batata chili chedar, chicken wings, e o ‘tropical’ sandwich club (com bacon e peito de peru). E só pela manhã servem-se crepes. A música ao vivo rola de quinta a domingo: MPB, reggae e rock de preferência. Artistas como  Rastafeeling e Carmen Pradella sempre estão na agenda. Mais informações pelo 3025-7005. 

Cozinha de praia padrão
Alguns dos pratos mais saborosos dos quiosques da orla vêm da cozinha de André e Andreia Costa da Silva. A mãe dos irmãos começou vendendo ginga com tapioca em Ponta Negra há mais de 30 anos. No final dos anos 90, as exigências de padronização higiênica fizeram com que a família investisse na renovação de negócio. Criaram uma cozinha industrial na vila de Ponta Negra, e fornecem iguarias ‘gastronomicamente corretas’ para outros comerciantes e para eles mesmos, no Quiosque do Simplício, número 4. “A gente fornece para o pessoal que não tem condições de ter uma cozinha  como a vigilância sanitária exige”, diz André.

A cozinha é industrial, mas o tempero mantém o sabor praieiro. No cardápio do quiosque 4 tem iscas de peixe, lagosta, camarão no alho e óleo ou à milanesa, peixe frito ou grelhado (na chapa, em fritura de baixa gordura), uma peixada que foi adaptada para os quiosques (peixe cozido com legumes, tudo natural e feito na hora), caldos variados (peixe, ostra, camarão, sururu, etc.). É o único quiosque que vende caranguejo, na água e sal ou no coco; custa R$9,90 uma porção com duas unidades. Há entrega, mas só para Ponta Negra. Tel.: 3219-5547.

Feitos da Vila
A Vila de Ponta Negra não é só um lugar pitoresco, “escondido” pela badalação da praia. Muitas atividades criativas acontecem por lá. Uma delas é cortesia do Centro Cultural da Vila de Ponta Negra, que reúne e divulga várias manifestações culturais da área. A mais simbólica é a Feira Feito na Vila, cuja 5ª edição será nos dias 05 e 06 de abril. “É um evento que escoa a produção de homens e mulheres da vila, talentos autônomos que resgatam nossa cultura”, diz a produtora Graça Leal. A feira, que rola no largo da Igreja João Batista, oferece desde bons bocados das cozinheiras da vila até chapéus, bolsas, tapetes, sandálias, etc. A programação traz dançarinos de hip hop ao lado  de bambelôs, congos de calçola, pastoril, lapinhas, e outros grupos folclóricos.

Um dos destaques da Feira Feito na Vila veio – literalmente – da cabeça da poetisa Deth Haak. Seus chapéus artísticos e exclusivos são um sucesso. O ateliê “Poesia na Cabeça” tem um portfólio com dez modelos – a maioria femininos – e funciona no terraço da residência da própria Deth Haak, de frente para o mar. Cada peça é única, pois os chapéus são feitos com retalhos e tecidos reaproveitados. “Estamos passando por um momento novo aqui na vila, de valorizar a autoestima das pessoas, de fortalecer a identidade cultural”, anima-se. Contato: 8722-2408.

Há quatro anos, a Casa das Artes tem sido um local que mantém as portas abertas para o teatro e a música praticados em Ponta Negra. “É um espaço privado, mas que permite aos nossos artistas se manifestarem, terem um bom local pra se apresentar”, diz a administradora Carla da Costa. Há ensaios e apresentações. Os eventos dependem da agenda. Há um bar, o ‘Chat Noir’, com serviço de bar. Tel.: 2226-6832.

A Tapiocaria da Vó, ao lado da igreja, é a cara e o sabor da vila. A cozinha é assinada por Maria de Lurdes, uma das rendeiras mais atuantes na área, e cozinheira de mão cheia. A tapioca é o carro-chefe, em recheios camarão, caranguejo, lagosta, bacalhau, presunto, queijo, coco, carne de sol, frango, e ginga, além das doces, com chocolate e doce caseiro. Ainda tem munguzá, bolinhos de queijo, camarão ou carne, sopas (carne, frango, feijão, e caldo verde), e o cuscuz com ovo de galinha caipira, além de sanduíches, caldos, e espetinhos de churrasco. A casa abre de 4ª a domingo, das 10 às 22h. Tel.: 8722-7570.

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