Sílvia Ribeiro Dantas – Repórter
O Rio Grande do Norte vai começar a produzir gasolina em dezembro de 2010, mas isso não vai significar necessariamente a redução no preço do combustível, comercializado hoje em média a R$ 2,668 nos postos do Estado. Os impactos do início da operação da Refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC), implantada no polo de Guamaré e onde será produzida a gasolina, foram apresentados ontem pelo gerente geral da refinaria, Ney Argolo. Ele afirmou que a Petrobras não tem influência sobre os preços. Mas o Sindipostos acredita que não haverá redução nos valores cobrados ao consumidor.
Durante entrevista coletiva, realizada ontem, o gerente da refinaria e o secretário estadual de energia e assuntos internacionais, Jean-Paul Prates, destacaram que na tarde de hoje será assinado um termo de compromisso entre a governadora Wilma de Faria e o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, na presença do presidente Lula e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A intenção é garantir investimentos em equipamentos que garantam um eficiente escoamento da produção, como melhoria das estradas e a construção de um novo porto no estado.
Com previsão de ser concluída em outubro de 2010 e entrar em operação em dezembro do mesmo ano, a refinaria irá demandar um investimento total de US$ 1,84 bilhão em obras. Atualmente, no polo, são produzidos gás liquefeito de petróleo (GLP), diesel e querosene de aviação (QAV), e a partir de 2010 haverá também a produção de gasolina e nafta petroquímica.
Questionado se a produção de gasolina no estado poderá baixar o preço do combustível, Ney Argolo afirmou que a estatal não tem influência nos valores de comercialização do produto, mas é inegável que haverá vantagens logísticas referentes a sua distribuição. “A política de preços é uma questão estratégica nacional e o valor pago na bomba não sofre interferência da Petrobras”, declarou.
De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do estado (Sindipostos), Ismar Medeiros, a expectativa é que o preço do combustível seja reduzido no Rio Grande do Norte, mas ele demonstrou ceticismo a respeito dessa modificação. “Torcemos que o preço diminua, porque toda a população potiguar ganharia com isso. Mas não temos muita esperança de que isso realmente aconteça, pois o estado já produz diesel e gás natural e não percebemos qualquer redução em relação a esses dois combustíveis”, destaca Medeiros.
Primeira fase da refinaria custará US$ 215 milhões
A Clara Camarão é a 12ª refinaria da Petrobras instalada no Brasil e para a sua implantação, o polo de Guamaré deverá passar por três fases de ampliação.
A primeira etapa deve ser concluída em outubro de 2010 e possibilitará a entrada em funcionamento da refinaria em dezembro do mesmo ano. “Está previsto o investimento de US$ 215 milhões em novas instalações, que incluem nove tanques e uma unidade de produção de gasolina”, revela o gerente geral da refinaria, Ney Argolo.
Com a conclusão da primeira etapa de ampliação, a capacidade de refino da Clara Camarão será de 21 mil barris de petróleo por dia. Após a fase seguinte, 60 mil barris diários poderão ser refinados e a última, permitirá o refino de 120 mil barris. “O óleo processado será principalmente do território potiguar, incluindo a produção terrestre e marítima”, explica Argolo.
Além de iniciar a produção de gasolina, as ampliações do polo de Guamaré permitirão o aumento no volume de diesel e querosene de aviação (QAV) produzido no estado. “A produção de QAV terá um incremento de 20% em 2010, passando para 547 mil metros cúbicos diários, que irão abastecer os aeroportos de Natal, Fortaleza, Recife e João Pessoa”, detalha o gerente da refinaria.
Presidente
O presidente Luís Inácio Lula da Silva desembarca no Rio Grande do Norte hoje, por volta das 13h. Do aeroporto Augusto Severo, Lula se deslocará de helicóptero até a cidade de Guamaré, onde conhecerá as obras da refinaria Clara Camarão e acompanhará a assinatura de um termo de compromisso entre o governo do estado e a Petrobras.
A refinaria foi batizada Clara Camarão em homenagem à índia potiguar que liderou um grupo de nativas na luta contra os holandeses durante a colonização do Brasil.