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Presídios incomodam vizinhos

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Marco Carvalho
Repórter

Tiros, sirenes, correria. Ao primeiro sinal de fuga, são esses os elementos que passam a amedrontar quem mora vizinho a unidades prisionais situadas em meio à área urbana da capital do Estado. Invasão de residências por suspeitos fugitivos e balas perdidas são apenas duas das inúmeras conseqüências de se manter um presídio cercado de casas em um bairro movimentado. O Governo não acena com nenhuma mudança dessa realidade e, ao contrário, parece investir para que unidades prisionais cresçam cercada de casas.
Tereza de Medeiros mora próximo ao CDP de Pirangi e já teve a casa invadida por bandidos em fuga. Ela teme pela segurança da família
Um exemplo é o presídio provisório Raimundo Nonato Fernandes. Localizado na zona Norte de Natal, tem se mostrado um grande incômodo para os vizinhos. Além de tiros durante a madrugada, o problema apontado é o esgoto que corre de forma permanente pela rua. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE conversou com moradores da vizinhança de quatro unidades prisionais da capital e relata os problemas apontados.

Coincidentemente, na noite da segunda-feira passada, mais tiros foram escutados. Dessa vez, três detentos do regime semiaberto, que retornavam para as celas, foram alvo de um atentado. Os homens foram surpreendidos por pessoas ainda não identificadas, que os esperavam em frente ao Presídio provisório.  Os três conseguiram fugir correndo e não foram atingidos por nenhum dos disparos. A dupla se evadiu do local.

Uma senhora que preferiu não se identificar conta à reportagem o sofrimento de ser vizinha do local citado. Segundo ela, em uma das tentativas de fuga da penitenciária, inúmeros tiros foram ouvidos e trouxeram trauma para a sua filha, que não sabia o que estava se passando. “Em outra ocasião, três bandidos chegaram a entrar aqui em casa. Chamei a polícia e eles conseguiram tirar sem que nenhum me machucasse. Mas foi um dia terrível. Até hoje minha filha tem trauma até mesmo quando escuta um barulho de traque de são joão”.

O que é visto com os restantes dos moradores da rua Itapetinga, onde fica o presídio, e adjacências não é diferente.

Apesar de levar “provisório” nos nomes, os Centro de Detenção Provisórios (CDP) tem se mostrado uma alternativa permanente do Governo do Estado para a população carcerária. O que não é temporário é o medo refletido na população em virtude da instalação de tais unidades.

Por trás do CDP de Pirangi, que serve de triagem para a distribuição de detentos por Natal e Grande Natal, a reportagem constata a insegurança. Teresa de Medeiros, 61 anos, já comprou a cerca elétrica para instalar sobre o muro para evitar que fugas terminem novamente em um dos quartos da sua casa. “Isso traz muito perigo para os moradores da redondeza. A gente fica sem saber o que fazer quando ouve tiros. Em uma das fugas, já pularam aqui para casa. Ainda bem que não ocorreu nada demais comigo”, conta Teresa.

Na Travessa Macaé, no conjunto Santa Catarina – zona Norte -, a indisposição com a presença de unidades prisionais já gerou manifestações e abaixo-assinados. “Mas ninguém conseguiu impedir essa construção ai. É um grande problema”, relata a comerciante Rosineide Varela, vizinha da Delegacia de Plantão da zona Norte.

Do outro lado da rua onde mora, o prédio da antiga Deprov (Delegacia Especializada de Defesa da Propriedade de Veículos e Cargas) está com o processo de reforma em fase de conclusão para receber 120 detentos. “Aqui em casa não, mas nos vizinhos já teve caso de bandidos fugirem e invadir as casas”, protestou Rosineide.

A reportagem tentou contato com o secretário da Justiça e Cidadania, Thiago Cortez, para comentar a situação. No entanto, Cortez não atendeu aos telefonemas realizados.

Esgoto é antigo problema na Zona Norte

Quem passa pela rua Itapetinga não demora a sentir o mau cheiro exalado pelas águas que escorrem das unidades prisionais ali situadas. O problema considerado crônicos pelos moradores do Santarém, na zona Norte, parece não ter surtido a atenção das autoridades responsáveis.

Na manhã de ontem, a equipe de reportagem esteve no local e constatou o que se poderia constatar em qualquer dia dos anos mais recentes: a grande quantidade de água vinda de fossas que escorre a céu aberto na rua. Os verdadeiros riachos formados tem origem no presídio provisório Raimundo Nonato Fernandes e no Complexo Penal Dr. João Chaves.

Os moradores já se sentem desanimados em falar sobre o assunto. “Já falamos tanto e não é agora que vão resolver. A rua está ai imunda para quem quiser ver”, protesta a comerciante Maria Cleide.  O incômodo também atinge o comércio de Patrício Pinheiro. “Em época de chuva, isso piora. O nível de esgoto já atingiu limites insuportáveis”. Ele continua. “Chama atenção que o presídio pertence ao Governo e tem todos esses problemas. Se fosse esse esgoto saindo aqui de casa, no mesmo instante batia uma fiscalização”, continuou.

A sujeira força que vem pela calçada a mudar de rumo e até mesmo se arriscar atravessando em uma das faixas da pista. Esse foi o caso de Kaline Oliveira e Lucimar Inácio, que com um bebê de três meses de idade, tiveram que descer da calçada para pista para não passar pelo lamaçal formado.

A reportagem tentou contato com o diretor do presídio provisório, Túlio Glauco de Melo Pereira, mas ele não se encontrava no prédio no momento da realização da matéria. Uma placa na frente do local informa sobre uma obra de “Implantação de estação elevatória de Esgoto” a cargo da Caern. Moradores informaram que a construção está parada.

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