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Prevenção começa na juventude

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Não é preciso esperar a velhice chegar para começar a prevenção contra a descalcificação dos ossos e uma possível osteoporose futura. É importante formar uma boa massa óssea até os 35 anos de idade, evitando os chamados descalcificantes — excessos de café, cigarro, álcool, refrigerantes. Deve-se optar também por uma dieta saudável, rica em cálcio. Para fechar a tríade, não pode faltar uma atividade física regular, principalmente caminhadas e musculação.

Mas, de acordo com a reumatologista Maria de Fátima Fernandes, o esclarecimento das pessoas e o acesso à informação hoje é bem maior do que anos. Também é maior a conciência sobre a necessidade de se prevenir contra a osteoporose.

“As pessoas estão mais atentas. A pessoa chega e diz que já está com 50 anos e queria investigar se já tem alguma descalcificação óssea. No passado isso não acontecia. Hoje, um percentual já vem pensando em uma prevenção”, comenta a reumatologista, enfatizando ainda que a incidência maior é entre mulheres, justamente por a osteoporose estar ligada à questão hormonal. “À medida em que o estrogênio baixa, a mulher fica mais desprotegida para descalcificar. O estrogênio tem uma ação formadora de massa óssea também” 

Estacionar sim, reverter não!

Caso seja tratada adequadamente, existe a possibilidade de estacionar o processo de descalcificação dos ossos e a osteoporose. Mas não há como reverter a porosidade no interior dos ossos, gerada pela doença. Existem alguns medicamentos para esse fim, que atuam na formação trabecular, como explica Maria de Fátima Fernandes. “Tem o paratormônio, que é a teriparatida, e atua na formação do tecido ósseo. Então, com ela a gente consegue uma diminuição daqueles espaços. Mas é indicada para uma osteoporose mais acentuada.”

A avaliação de desgaste dos ossos é feita através do exame radiológico de densitometria óssea e de uma avaliação laboratorial sobre o metabolismo ósseo do paciente, que aponta os níveis de cálcio, fósforo, fosfatase e vitamina D.

Quando não é indicada uma osteoporose severa, com risco de fratura iminente, são usadas drogas reabsortivas, como biosfosfonatos. “Mas, hoje, já existem outras drogas. Tem ácido isoeletrônico, que também é um bisfosfonato, que é feita  infusão venosa a cada doze meses. O ácido isoeletrônico também tem uma ação anti-reabsortiva, tem uma indicação em osteoporose instalada também, não pode ser osteopenia; e a vantagem dele é que muitas vezes o paciente tem intolerância gástrica aos medicamentos. É importante isso”, diz a reumatologista.
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De um ano para cá, de acordo com a médica, está sendo usada uma outra droga, o denosumabe, aplicada de forma subcutânea, de seis em seis meses, com boa ação na formação da matriz óssea. “E com esses medicamentos a gente consegue uma reversão parcial desses pacientes, que era osteoporótico.”  

Mudança de conceito

O processo gradual de enfraquecimento dos ossos pode ser dividido em osteopenia e osteoporose, sendo a primeira um grau mais leve de perda de massa óssea, mas que pode avançar se não tratada.

Atualmente, o tratamento da doença é baseado na classificação de risco da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 1994. Ela define como normal uma perda da massa óssea até 10%. Entre 11% e 24% já pode ser considerada osteopenia. Sendo igual ou superior a 25% já é osteoporose.

Mas foram observados cetos detalhes que fizeram essa classificação e o tipo de tratamento mudarem. Hoje, os especialistas sabem que cerca de 55% das fraturas acontecem em pacientes com com osteopenia. Para otimizar a forma de tratar de forma mais eficiente, foi proposto um novo conceito de avaliação.

Ele une os resultados da densitometria óssea com outros fatores de riscos, como pré-disposição devido a características já existentes como idade avançada, presença de fratura prévia, histórico familiar de fratura de fêmur, tabagismo, etilismo e baixo índice de massa corporal.

E isso vale para homens e mulheres, pois eles também apresentam uma baixa do hormônio sexual testosterona, Porém, diferentemente das mulheres, eles têm apenas uma diminuição hormonal, enquanto elas cessam a produção de estrogênio completamente. Também foi constatado que 80% dos casos de osteoporose em mulheres são provenientes da menopausa.

Bate-papo: Maria de Fátima Fernandes Dantas

Recebe pacientes homens com osteoporose em seu consultório?

É menos frequente, pois a osteoporose acomete muito mais as mulheres, mas homens também podem ter a doença. É uma osteoporose secundária a outras causas; deficiências de testosterona nos homens, o hipogonadismo também pode ser uma causa. As disfunções tiroidianas também.

Os sintomas e as reações são os mesmos em homens e mulheres?

A osteoporose é aquela doença que caminha silenciosamente. O início da descalcificação não dá sintoma. O paciente chega ao consultório, se ele tiver a noção da prevenção. Ou, muitas vezes, por que ele tem outra patologia reumática que dá dor. Ele vem pela dor da artrose, por exemplo, e aí a gente, na investigação, faz a pesquisa para osteoporose e encontra naquele paciente que não sabe. O paciente passa a ter dor quando ele começa a ter microfraturas vertebrais, quando ele já está num grau de osteoporose alto.

A partir de que idade a pessoa deve se preocupar com a prevenção?

Desde sempre! O pool de osso, você forma na juventude. Se você, jovem, teve uma vida de atividade física, uma dieta rica em cálcio, foi uma pessoa que não teve esses vícios, de café excessivo, de cigarro, de bebida alcoólica, ingestão de refrigerante demais, de fosfatos que existem nos refrigerantes gaseificados também são descalcificantes. É importante trabalhar para formar uma massa óssea boa. E isso a gente forma até os 35 anos de idade. Depois, você mantém aquela massa óssea até os 45/50, quando começa a haver as disfunções hormonais. Prevenir a osteoporose com 50 anos? Não! A gente deve começar a prevenir na juventude, formando uma boa massa óssea. Se você tem uma boa qualidade de osso, quando chegar a fase de perda óssea, você perde alguma coisa mas não chega a ficar osteoporótico. A não ser quando é uma osteoporose de fatores constitucionais. Existem famílias inteiras osteoporóticas, que logo jovem começam. Mas é muito menos frequente. Se você tem uma pré-disposição genética para ter descalcificação, aí mesmo tendo todos esses hábitos, vai descalcificar alguma coisa. Mas vai ser menos.

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