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‘Protesto’ marca início da Fenacam

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Gabriela Freire – repórter

A 10ª edição da Feira Nacional do Camarão (Fenacam) foi aberta ontem sob um manto de protesto. As fitas negras cobrindo a logomarca do governo federal em todo o material promocional da feira, espalhado ao longo de todo o pavilhão do Centro de Convenções de Natal, onde se realiza o evento, representa bem a insatisfação da organização do evento com o que eles consideram uma falta de apoio à atividade.
Para Itamar Rocha, falta de patrocínio é retaliação do Governo
#SAIBAMAIS#Essa é a primeira edição da Fenacam sem patrocínio do Ministério da Pesca e Agricultura (MPA). O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC), Itamar Rocha, interpreta essa ausência como retaliação ao processo judicial contra a importação de camarão argentino, que o governo federal vem analisando desde o ano passado. A ação civil pública foi protocolada pela ABCC na 8ª Vara Federal em Brasília no último dia 27 de maio e foi distribuída, através de sorteio, para o juiz federal Márcio de França Moreira.

“Estamos em um impasse total. É a primeira vez que o Ministério da Pesca não participa. E é exatamente na hora que a presidenta Dilma Rousseff lança um programa de apoio à produção que não é feito nenhum tipo de ação. A única coisa que faz é liberar a importação do camarão argentino. Eles estão querendo botar o setor de joelhos”, declarou Rocha.

A TRIBUNA DO NORTE tentou uma declaração do MPA, através da assessoria de imprensa, sobre a falta de incentivo para realização de Fenacam, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

Para o presidente da Associação Norte-Riograndense dos Criadores de Camarão, Orígenes Monte, a carcinicultura está passando por uma “campanha prejudicial”. O tom do discurso foi repetido pelo presidente da Associação Cearense dos Criadores de Camarão, Cristiano Maia, e pelo presidente da Comissão da Agricultura da Câmara Federal, o deputado cearense Raimundo Gomes. “Nosso objetivo é impedir essa norma que o Ministério adotou (que autoriza a importação), sem ter as análises de risco em termos técnicos e científicos consistentes”, garantiu.

A importação de camarão é proibida no Brasil desde 1999. Mas em dezembro do ano passado uma Análise de Risco à Importação (ARI) para a espécie pleoticus muelleri, conhecido como camarão vermelho, abriu espaço para entrada do produto originário da Argentina.

Por enquanto, os requisitos sanitários ainda estão em análise. A ABCC teme a introdução de doenças no mercado brasileiro. “As consequências seriam desastrosas para o setor pesqueiro brasileiro, em especial, da carcinicultura, pois os riscos de introdução de doenças virais são reais e catastróficos”, diz o presidente da entidade, Itamar Rocha. Segundo ele, o Equador e o México já fecharam suas portas para as importações de camarão e pescado desses países, incluindo o Brasil, exatamente pela decisão de importar camarão da Argentina, que por sua vez importa pescado da Tailândia. Rocha também questiona a capacidade dos técnicos responsáveis pela Análise de Risco de Importação. Segundo ele, nenhum possui experiência no trato com crustáceos.

Através de nota enviada a TN na semana passada, o Ministério da Pesca disse que, por meio da Análise de Risco de Importação, concluiu-se que o camarão argentino não oferece riscos sanitários à biodiversidade nacional e à carcinicultura brasileira.

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