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PSF em Natal enfrenta falta de médicos em 41 equipes

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O Programa Saúde da Família em Natal tem 37 unidades para cobrir 45,5% da população, mas há carência de médicos em 41 equipes do total de 116, e a falta de unidades específicas para o programa causam problemas no atendimento. As unidades do Planalto e dos Guarapes, ambas em reforma, estão funcionando em unidade móvel que passa uma semana em cada bairro.

Unidade móvel passa uma semana nos Guarapes e uma no Planalto para poder atender aos pacientesA única unidade do PSF na Zona Sul, localizada no Planalto, atende também como unidade básica de saúde, mas está interditada há um ano e dois meses, devido a problemas de infiltração. A equipe de reportagem da TRIBUNA DO NORTE esteve no local e conversou com alguns moradores que reclamam do atendimento, realizado em uma unidade móvel.

“Para conseguir ser atendida, estive aqui, um dia antes, às 3h da manhã para pegar uma ficha. Nunca vi ninguém ser atendido em casa por um médico, esse tipo de serviço não existe”, reclama Dolores Costa.

 A diretora da unidade, Hayla Souza, disse que dois prédios estão sendo construídos para atender a região, um deles para  trabalhar só com PSF,  localizado bem próximo da atual unidade e outro na Coophab, que vai funcionar como unidade básica.

No Planalto existem 3 equipes do Programa, mas uma delas não tem médico, dificultando ainda mais o atendimento domiciliar. O ônibus itinerante passa uma semana no Planalto e outra semana nos Guarapes, que também está em reforma.

No bairro Guarapes estão cadastradas 3 equipes do PSF, mas nenhuma delas possui médico, o único que atuava no bairro se aposentou, compulsoriamente, há duas semanas. O diretor do centro, Luiz Carlos Bezerra, disse que as três equipes deveriam atender uma média de 8 mil pessoas, mas enquanto o prédio está em reforma os pacientes são encaminhados para outros locais, como a UPA de Pajuçara.

O diretor disse que o prédio está interditado há dois anos  e o projeto visa ampliar o espaço físico e transformá-la em pronto atendimento.

Quando o ônibus itinerante está no Planalto um carro da Secretaria de Saúde faz o transporte dos pacientes para outras unidade de saúde de Natal.

Foi o que constatou a equipe da TRIBUNA DO NORTE ao visitar o local. Ligia Karla de Oliveira, estudante, que sofreu uma queda em cima do braço, aguardava o carro da secretaria para ser encaminhada a uma unidade que estivesse funcionando.

“Nossa situação é muito difícil, sem atendimento médico no bairro,  ficamos aguardando o carro da secretaria. Se eu não fosse agora, só poderia ir à tarde quando o carro retorna aos Guarapes. A noite não tem esse serviço”.  

José Wilson Silva de Faria, diretor de Organização e Formação do Sindsaúde, disse que o Programa está vivenciando uma crise em todo o país, passando pela ausência de profissionais e a falta de estrutura na Saúde Pública. “Os médicos estão perdendo o interesse pelo programa, porque encontram uma situação caótica nas unidades”.

Secretário afirma existir dificuldades

O secretário de Saúde de Natal, Thiago Trindade, disse que os problemas existem, principalmente por causa da falta de médicos para formar as equipes, mas algumas ações estão sendo realizadas nesse sentido, como a última seleção ocorrida esse mês. “Apenas dois médicos se inscreveram na seleção, ambos vão trabalhar nos Guarapes, onde a necessidade é urgente, pretendemos concluir a obra em 90 dias e a unidade do Planalto até o final do ano. Já o Centro de Saúde da Cophab vai começar a funcionar em um mês”.

O secretário afirma que o programa enfrenta dificuldades em todo o Brasil, mas aqui a primeira medida é a contratação dos 41 médicos. Em seguida, as ações de infraestrutura e capacitação dos profissionais serão realizadas.

“Nosso primeiro desafio é compor as equipes, depois vamos ampliar os procedimentos e atribuições do PSF. Cinco Núcleos de Assistência à Saúde vão ser criados em Natal, um para cada região da cidade.

Além dos profissionais que já atuam no PSF (1 médico, 1 enfermeiro, 1 dentista, 2 auxiliares de saúde bucal, 2 auxiliares de enfermagem e 5 ou 6 agentes de comunitários), a proposta do núcleo é ter profissionais da área de fisioterapia e psicologia. “Queremos resolver o problema de médicos em Natal até o final deste ano”.

Distritos

Distrito Norte I    29 equipes
Distrito Norte II    33 equipes
Distrito Sul      03 equipes
Distrito Leste     11 equipes
Distrito Oeste      40 equipes

Cada equipe atende 3.450 pessoas

Na capital do Rio Grande do Norte existem 116 equipes do Programa Saúde da Família, dessas, 75 estão realmente funcionando, pois 41 equipes não possuem médicos. O valor repassado pelo governo é de 6 mil e 400 reais por equipe completa. As 116 equipes deveriam atender 45,5% da população, mas por falta de médicos cobre apenas 33%.

Cada equipe atende uma média de 3.450 pessoas, divididas em 37 unidades do programa distribuídas nas zonas administrativas da cidade. O bairro que possui o maior número de equipes é o de Felipe Camarão, com 6. O motivo seria a grande densidade populacional e o tamanho do bairro.

O programa busca tratar o paciente dentro de casa, através do trabalho de uma equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros, agentes comunitários e dentistas.

As equipes são instaladas em unidades básicas de saúde, tornando-se responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada.

As equipes devem atuar diagnosticando precocemente as doenças, fazendo um acompanhamento regular do paciente, além de esclarecer as principais ações de prevenção.

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