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Que rumo queremos tomar?

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Pe. Edilson Nobre
Vigário Geral da Arquidiocese de Natal

A Campanha da Fraternidade deste ano de 2015, com o tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e o lema: “Eu vim para servir”, nos proporciona a oportunidade de fazermos uma leitura antropológica, sociológica e epistemológica  da participação da Igreja no contexto sociopolítico e religioso ao longo da história. Este tema tem sido aprofundado, sobretudo, durante a quaresma, mas a discussão não se fecha com o término deste tempo litúrgico. Cabe-nos identificar o papel que esta tem desempenhado  nos mais diversos contextos vividos nestes séculos passados e ousarmos  identificar pistas para que a sua ação na sociedade hodierna seja atraente, convincente e transformadora.

Lembra Dom Leonardo Ulrich, secretário geral da CNBB, na introdução do texto base da Campanha da Fraternidade que “a Igreja, as comunidades de fé, os cristãos, são ativos na sociedade. Eles, pelo diálogo e pela caridade, cuidam das pessoas que são excluídas da sociedade. Ao mesmo tempo, participam ativamente das discussões e proposições que visam o bem de todos”. Já o Papa Francisco, na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, nº 49, nos diz: “prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e comodidade de se agarrar às próprias seguranças”.

A Igreja tem, de fato, em todas as épocas da história, desde sua origem até os dias de hoje, desempenhado um papel preponderante junto à sociedade, no seu processo de evolução e transformação, assumindo formas e práticas libertadoras, conforme as exigências sócio-pastorais vividas em cada época.

Voltando-nos, particularmente para a nossa história aqui no Brasil, vamos identificar que já na década de 80 a Igreja teve  sua participação no processo de redemocratização, através de movimentos pela abertura política, como o da anistia e diretas já.

Nos séculos 20 e 21 houve uma efervescência de novos movimentos sociais, Comunidades Eclesiais de Base, Pastorais Sociais, Movimento Fé e Política, Semanas Sociais e Grito dos excluídos.

No contexto atual a sociedade brasileira vem passando por transformações profundas que marcam uma mudança de época. São mais de 200 milhões de habitantes, com um perfil demográfico onde se constata a diminuição do número de crianças e o aumento do número de idosos, com uma população urbana de 85%, acarretando numa situação de favelação, poluição, violência  drogadição, enchentes por um lado e escassez hídrica por outro. Se constata ainda que mais de 50% dos domicílios não têm coleta de esgoto e que 273 mil toneladas de lixo ao dia não têm destino adequado. A mobilidade urbana torna-se cada vez mais caótica e é estarrecedora a onda da corrupção que vem sendo desvendada, não apenas nas grandes cidades, mas em todo o país. Até parece que a prática da honestidade deixou de ser regra e passou a ser exceção.  Daí a onda de manifestações e inquietações da parte dos brasileiros que estão pagando um preço muito alto por estes atos abusivos, absurdos e imorais. Não casualmente a Igreja se coloca do lado daqueles que defendem a reforma política e a participação popular neste processo para que este quadro seja revertido.

Não é insignificante recordar, e o texto base da CF/2015 lembra isto, que as minorias pedem da Igreja e da sociedade uma atenção especial. São os grupos étnicos ou culturais (indígenas, quilombolas, pescadores, nômades), os dependentes químicos e portadores de necessidades especiais que ainda não conquistaram devidamente os seus espaços e que esperam a nossa força e a nossa solidariedade. Lembra  o Papa Francisco: “Pequenos, mas fortes no amor de Deus, como São Francisco de Assis, todos nós, cristãos, somos chamados a cuidar da fragilidade do povo e do mundo em que vivemos” (EG, 216).

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