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R$ 800 milhões contra enchentes

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São Paulo (AE) – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito da capital, Gilberto Kassab (DEM), anunciaram ontem um plano de R$ 800 milhões para combate às enchentes na cidade. A iniciativa inclui a retirada de 4,18 milhões de metros cúbicos de resíduos da calha do Rio Tietê, ao longo deste ano; a abertura de licitação para a compra de três turbinas para aumentar em 60% a capacidade de bombeamento do Rio Pinheiros para a Represa Billings; a canalização de córregos; a construção de dois piscinões, sendo um deles na divisa entre São Paulo e São Caetano; a construção de um sistema de canais entre São Paulo e Guarulhos para desassoreamento do Rio Tietê; e a criação do Parque da Várzea do Tietê, com a remoção de 5 mil famílias que vivem às margens do Rio. De acordo com o governador, o parque deve ficar pronto em quatro anos e as turbinas estarão em funcionamento em três anos.

Em Mauá, uma das situações mais graves: deslizamentos de terra ocorreram no Morro do Macuco e casas ainda estão ameaçadas“O desassoreamento é eterno. Se passar um verão sem desassorear, há 500 mil metros cúbicos de areia, sofá, geladeira, papel e sujeira dentro do rio. Todo o verão tem de tirar 500 mil metros cúbicos de areia”, disse o governador. “Mas o mais importante são as obras estruturais.”

Além dos projetos, Alckmin assinou ontem decreto para renovar o programa “Novo Começo”, que oferece R$ 1 mil a famílias que tiveram prejuízos com as chuvas. Alckmin lembrou que, atualmente, o governo estadual contribuiu com aluguel social para 15 mil famílias de todo o Estado, sendo que cada uma recebe R$ 300 por mês. Para o tucano, a enchente que paralisou a cidade nesta manhã se deve ao volume de chuva registrado. “Tivemos uma chuva realmente excepcional”, comentou o governador, segundo o qual o governo estadual abrirá licitação para a compra de um sistema de alerta de enchente mais preciso que o atual.

Além das obras, Alckmin ofereceu à Prefeitura de São Paulo 50 caminhões para ajudar na limpeza dos bueiros da cidade e 10 caminhões-pipa para a lavagem de ruas. Segundo o governador, o período de chuva dificulta o trabalho de dragagem na calha do Rio Tietê. Até março, segundo ele, está prevista a retirada de aproximadamente 150 mil metros cúbicos de resíduos, uma vez que no período de chuvas o trabalho fica comprometido. “Se nós conseguirmos manter a batimetria (medição da profundidade dos rios), o sistema de bombeamento e a recuperação das várzeas irão minimizar os problemas”, disse Alckmin. O governador lembrou ainda que, só no ano passado, foi retirado 1 milhão de metros cúbicos de resíduos da calha do Rio Tiete.

Questionado sobre quando o paulistano se veria livre das enchentes, o prefeito Gilberto Kassab afirmou que não é possível dar nenhuma garantia à população. “Qualquer obra tem a sua capacidade. É impossível prometer que qualquer intervenção vai liberar a região de alagamentos, porém as obras (feitas até agora) têm correspondido”, disse.

As enchentes desta madrugada vitimaram até agora 13 pessoas no Estado de São Paulo, sendo a maior parte delas em São José dos Campos. Após a primeira reunião do seu secretariado, o governador já havia anunciado a destinação de R$ 24 milhões ao Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), com o intuito de retirar até 1 milhão de metros cúbicos de resíduos da calha do Rio Tietê.

Em Mauá, já são cinco mortos

Mauá (AE) – Vizinha da Serra do Mar e com centenas de barracos construídos em topos de morros, Mauá, na Grande São Paulo, já contabiliza cinco mortos e 12 feridos em 2011 por causa das chuvas – três somente na madrugada de ontem. Todos foram vítimas de deslizamentos de terra.

Só no Morro do Macuco, uma área de preservação loteada nos anos 1980, o Corpo de Bombeiros retirou quatro corpos de vizinhos soterrados nos últimos seis dias. Assustadas e sem ter para onde ir, centenas de famílias moradoras de encostas prestes a ceder na ocupação, localizada no Jardim Zaíra, acompanharam mais dois resgates no final da manhã de ontem.

Os corpos do estudante Paulo dos Santos, de 16 anos, e de seu vizinho, o aposentado Marcos Marosticon, de 58, estavam cobertos com mais de três metros de terra desde a 1h15.

Perto do Morro do Macuco, na ocupação vizinha chamada Jardim Rosina, a Defesa Civil já havia localizado, durante a madrugada, o corpo de Jairo Garcia, de 42 anos.

O pai do adolescente que morreu, o eletricista Juraci Vieira dos Santos, de 51 anos, havia perdido a casa em um deslizamento, em 7 de dezembro de 2009. Mas ele resolveu construir um novo sobrado de alvenaria do outro lado do morro, em uma parte mais baixa. Na semana passada, após as duas mortes na sua rua, Santos contou ter pensado em deixar o bairro após 28 anos.

“Mas não tinha para onde ir, achei até que na nossa parte a terra estava mais firme. Consegui salvar quatro dos meninos, mas não cheguei no Paulinho, ele já estava no fundo da terra”, contou o pai.

A família do aposentado que também morreu soterrado deixou o bairro e foi para a casa de parentes. O corpo foi localizado às 11h40. Às 18 horas, bombeiros e integrantes da Defesa Civil tentavam convencer famílias a deixar suas casas no topo do Macuco.

Para quem observa os sobrados de cinco andares encravados no alto do Morro do Macuco, a mais de 40 metros de altura e cercados por córregos à beira de transbordar, a tragédia parece iminente mesmo sem chuva. Era o que a dona de casa Irene de Souza, de 48 anos, tentava dizer ao marido, o vigia Geraldo Silva, de 55. As duas casas engolidas pelo deslizamento ocorrido na madrugada desta terça-feira (11) ficavam logo abaixo do sobrado onde mora o casal.

Apesar de a Defesa Civil ter orientado o vigia a deixar imediatamente sua casa, Silva diz que vai ficar. “Aqui eu estou em uma rocha, é firme. Embaixo desabou porque é terra frouxa”, argumentou. “Eu fico monitorando as trincas na parede. Se aumentar, eu saio.”

A prefeitura de Mauá informou que todos os moradores de áreas de risco vão receber auxílio aluguel de até R$ 300,00 mensais se quiserem deixar suas casas.

Capital também sofre com os alagamentos

Na capital, um dos bairros mais afetados pela chuva, segundo os bombeiros, foi o Tremembé, na zona norte. Era lá que a dona de casa Cláudia de Barros Fernandes, de 37 anos, morava com os quatro filhos e o marido em uma chácara na Rua Virgínia de Araújo. No terreno localizado no pé de uma encosta atrás do Cemitério Parque da Cantareira há quatro edificações. Parte de uma delas, porém, foi destruída na madrugada ontem, quando a terra cedeu sobre o imóvel.

Cláudia, que dormia sozinha no quarto de casal, e sua filha caçula, Emanuela, de 8 anos, morreram soterradas. “O marido dela só escapou porque estava na sala com outros dois filhos. Um dos meninos, o mais velho, de 18 anos, não estava em casa”, disse o irmão da vítima, de 48 anos, que também mora no local.

Centro

Engolido pela cachoeira em que se transformou na noite de segunda-feira a escada que liga a Rua Major Quedinho à Avenida 9 de Julho, ambas na região central de São Paulo, o morador de rua Peter Matos Guedes, de 27 anos, engoliu muita água e foi encontrado sem sentidos pela equipe de resgate do Corpo de Bombeiros. Tentaram reanimá-lo com respiração artificial e massagem cardíaca, mas não houve resposta. Guedes chegou a ser entubado, mas não resistiu. O morador de rua morreu à meia-noite, na Santa Casa de São Paulo.

Santos

A forte chuva que alagou a capital paulista também trouxe sustos à Baixada Santista na noite da última segunda-feira. Em Mongaguá, os bairros Agenor de Campos e Itaóca ficaram alagados e três pessoas deixaram suas casas por medida de precaução da prefeitura: trata-se de uma cadeirante que mora com o filho e uma idosa que vive sozinha. Em São Vicente, a coleta de lixo foi suspensa por causa das ruas alagadas, mas normalizada na tarde de ontem.

Em Santos, o fato mais relevante foi um buraco de cerca de cinco metros de extensão provocado pelo desbarrancamento em uma obra na Vila Mathias. A cratera abrangeu o passeio e parte da via, além de poste de energia elétrica.

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