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Resenhas

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Valério Mesquita
Escritor

Mossoró amanhecera fragilizada com a passagem de Zoivo Barbosa para o outro lado da vida. Ele era treinador, roupeiro, massagista e “o mais que se segue”, como costumava dizer. Em se tratando do Baraúnas, “professor” Zoivo estava à frente. Tarde de domingo, sentados na areia do campo, os pupilos ouviam o líder: “Manuel, você pega a bola, olha para a frente e sacode a pelota. Valmir Preto, mata no peito, sapeca pra Branco Piúba. Esse vê uma brecha e mete pra Tonheca”. Ai vem o golpe de misericórdia: “Tonheca, com esse pé 45, dá uma cipuada que o “Quipa” não vê nem a cor da bola. Pronto… “Facim”, “facim”. A gente ganha mais uma buchada”. O sonho maior de Zoivo era chegar à câmara de vereadores, via torcida do Leão do Oeste. Não deu certo. Lá, dizem que o folclore do futebol local ficou mais pobre.

Costa Leitão organizara a festa a seu estilo, lá em Assu. Como Aluízio Alves demorava a chegar por conta das paradas no percurso, Costa deu por iniciada a sessão “falação”. Quase meia hora de blá, blá, blá e nada do cigano. O orador dizia duas palavras e botava os olhos no mundo e nada de Aluízio. “Será que ele não vem?”, alguns perguntavam. De repente, surge o candidato, montado num jumento, trazendo consigo mais bacuraus do que o montante que o aguardava na praça. A marchinha “foi no trem da esperança”, enchia as ruas. Costa Leitão, num misto de felicidade e raiva (pela demora), remendou o seu discurso, enfatizando: “MDB, MDB, você é a esperança do povo mas você é também a bagunça mais organizada do Rio Grande do Norte…”.

Bentinho lutou varias campanhas até conquistar o poder municipal num município do Mato Grande. Parentes e aderentes  mudaram como que da água para o vinho. A primeira dama passou a frequentar as lojas de luxo de Natal e integrar as redes sociais. Certa feita, num magazine, ela já havia passado a vista em mais de dez peças. A pobre vendedora exausta, sofria com as bobas exigências da nova ricaça. Lá pras tantas, já falando difícil chiou: “Gostei desse “vistido” agora me diga, ó “jovi”, ele “dixbota”?”. A vendedora, já subindo as paredes, rosnou: “Sim, senhora. Se tiver paciência de ensinar ele diz: bota, tênis, sapatilha, calcinha, sutiã, tudo o mais que precisar, ele fala…”.

Miguel de Oliveira, líder no município de Baraúnas, destacou-se como um adesista de primeira hora. Se o barco criava água, o velho Migas sempre era  o primeiro a pular. Nos tempos da Arena, MDB, arena-verde voto camarão, etc., etc. Miguel quase não dormia. Seguia os passos de longe dos grandes lideres, com os olhos atentos em quem estava de cima. Leodécio Fernandes Néo, era a pessoa de Tarcísio Maia na região à época. Um jantar foi programado em Mossoró e vários e seletivos amigos seriam convidados para receber o doutor Tarcísio. Miguel, muito esperto, tomou sua providencias. Contratou um fotografo e logo que o governador pôs os pés no salão num pulo só, ele abraçou o líder político e asseverou: “Doutor Tarcísio, convite feito, convite aceito! Quero que abone a minha “afiliação”. Desde já, tenho o “orguio” de ser seu liderado! Trago Baraúna em peso para o seu comando”. Tarcísio Maia não havia dado ainda sequer, boa noite a ninguém.

Uma reunião de diretoria e lideres, acontecia em Natal. Duas veraneios conduziam a comitiva assuense. Em Angicos, no hotel Quixabeirinha, havia uma parada obrigatória dos viajantes. Carne de sol e pirão de rabada eram o prato de choque do almoço da comitiva. Todos admirando a culinária da dona Tetê, a chef e proprietária do restaurante, primeiro e único da cidade. Ela, uma balzaquiana de quadris generosos, passeava pelo salão cumprimentando a todos e quase enfartando “seu Panca”, o maridão que adoecia de ciúmes. Numa das passagens junto à mesa do irreverente vereador Domício, esse comentou com os amigos: “Rapaz… A rabada da Tetê é uma beleza! Tôu com vontade de ficar e comê-la na janta de novo”. O maridão que vinha um pouco atrás, ouviu ainda as últimas palavras. Foi o bastante para dar inicio a um verdadeiro bafafá de cabo a rabo.

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