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Resistência à eólica causa surpresa

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O posicionamento contrário de parte da população de Galinhos quanto à instalação dos parques  eólicos no município repercutiu entre os estudiosos e defensores deste tipo de energia renovável. Em reportagem publicada pela TRIBUNA DO NORTE domingo passado, parte dos moradores defenderam que a construção das usinas eólicas descaracterizaria o ambiente e traria transtornos à população. O diretor geral do Centro de Estudos Estratégicos em Recursos Naturais e Energia (Cerne), Jean Paul Prates, definiu o caso de Galinhos como “raro” e disse que questões técnicas envolvendo a comunidade seriam suficientes para sanar as divergências. Ele comentou, ainda, que “máfias locais” impedem a expansão turística e a melhoria da infraestrutura da região.
Território onde serão assentadas as torres com os aerogeradores já foi demarcado em área de dunas
“O pessoal primeiro tem que cuidar do que é básico para depois debater assuntos mais complexos. O tratamento do lixo, a qualidade da água e a infraestrutura de Galinhos são problemas antigos e até agora sem nenhuma solução”, ressaltou Prates. Entretanto, ele disse que não é contra o diálogo da comunidade com empresários e órgãos defensores do meio ambiente em relação à viabilidade da instalação dos parques eólicos na área das Dunas do Capim. “O que eu acho um absurdo é o pessoal não se entender. Tudo tem uma solução técnica e Galinhos precisa descobrir o que quer ser”, advertiu.

Para a maioria dos moradores do município distante 166 quilômetros de Natal, contrários ao empreendimento eólico, a colocação das 35 torres constantes no projeto do Consórcio Brasventos pode descaracterizar a paisagem natural e contribuir negativamente para a exploração turística. De acordo com Jean Paul Prates, a polêmica em torno de Galinhos é a mesma vivida pelas indústrias de geração de energia através da força dos ventos em diversos países do mundo. “As eólicas enfrentam e debatem, mundo afora, a instalação dos aerogeradores”. A mencionada discussão se dá, basicamente, em torno do barulho gerado pelas hélices e à presença visual das torres. Em alguns países europeus, a instalação ou não das usinas é definida através de plebiscito.

Conforme argumentação do diretor geral da Cerne, a comunidade de Galinhos deve fazer um balanço entre as perdas e ganhos proporcionados pela instalação da usina eólica no município. “Se a perda for apenas o desvirginamento da área, então vale a pena. Mas, se for além disso, é preciso uma maior discussão. Sou favorável aos debates, mas defendo que a cidade se organize em relação aos problemas anteriores”. Ele destacou, ainda, que “não é admissível que uma comunidade que não cuida do próprio lixo grite contra os empreendimentos de energia eólica”.

A presidenta executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Melo, afirmou que esta é a primeira vez que a população de um município brasileiro se posiciona contrária à instalação de um parque eólico. “Estou surpresa em relação a este assunto. Eu, sinceramente, ainda não entendi este movimento. Em todos os parques em funcionamento ou em construção no país, a comunidade se sente atraída pela oferta de empregos e desenvolvimento da área”, afirmou. Os representantes do município de Galinhos defendem que a geração de empregos se dará por um curto intervalo de tempo e nenhum dos moradores irá ocupar um cargo relevante no parque eólico. “Abrir vagas de emprego, mesmo que seja por um intervalo de tempo pré-determinado não é uma coisa ruim”, ressaltou Jean Paul Prates.

Do ponto de vista de Elbia Melo, o movimento que está em curso em Galinhos é contrário ao que vem acontecendo em todo o  Brasil atualmente. “Talvez a gente faça uma visita ao município para verificarmos o que está, de fato, acontecendo”. A promotora Rachel Germano, coordenadora do Centro de Apoio às Promotorias de Justiça (CAOP), afirmou que o Ministério Público vem acompanhando o processo e irá se posicionar em relação ao assunto após a publicação da decisão do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema/RN) quanto à liberação da licença de instalação do empreendimento.

FIQUE POR DENTRO

Principais impactos ambientais:

– Interferência na avifauna e fauna;

– geração de processos erosivos;

– uso e ocupação de Áreas de Preservação Permanente (dunas);

– patrimônio arqueológico;

– geração de ruídos com o funcionamento dos aerogeradores;

– modificação da paisagem.

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