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Revisitando a osteopatia

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Jorge Boucinhas
Médico e professor da UFRN – [email protected]

Desta feita aborda-se um tema por estar ligado a um agradável acontecimento local.  O osteopata-etiopata francês Dr. Georges Domingos, referência na Europa em traumatologia do esporte por ter vasta experiência com atletas de alto rendimento, especialmente por ocupar o cargo de Presidente da A.I.O.S. (Association Internationale des Ostéopathes du Sport), atualmente ministrando aulas a nível de graduação e pós-graduação sobre Osteopatia Esportiva em Portugal, na Escola Superior de Saúde de Lisboa e na Federação Portuguesa de Osteopatia, e na França (no I.N.S.E.P.), e que foi um dos fundadores da Escola de Osteopatia do Brasil, volta ao país com o desafio de difundir os benefícios oferecidos pelo seu campo de estudo e trabalho.

Retorna como osteopata do Armstrong Dragons, time de rugby de Natal/RN (admirem-se: tem-se aqui adeptos de tal modalidade desportiva!) e estenderá seus cuidados àqueles que necessitem desse tipo de atendimento nesta bela cidade.

A área de atuação é ainda pouco difundida no Brasil. A formação completa consiste numa graduação de seis anos, pois na Europa é considerada um campo profissional em separado,  tal como ocorre nos Estados Unidos, país onde veio à luz. No Brasil está ainda sendo ministrada apenas em forma de pós-graduação, reconhecida especificamente na área da Fisioterapia.

Todo paciente atendido passa por uma anamnese, no curso da qual são identificados os pontos nevrálgicos que precisam ser trabalhados. A partir dela institui-se um protocolo terapêutico, o qual consiste em sessões de manipulações e toques. Quando se trata de uma patologia tratável por ela, em um máximo de três a quatro sessões usualmente alcança-se o resultado almejado.

Obviamente nem todas as enfermidades podem ser beneficiadas, mas uma vasta gama de pacientes há que mudam bastante e melhoram sua qualidade de vida após manipulações adequadas.  Trabalha-se preferentemente com as dores de coluna em geral, seja qual for a sua etiologia, alcançando aliviar lesões osteoarticulares secundárias à prática de esportes ou outros esforços físicos, e algias resultantes de processos inflamatórios crônicos. Ainda se observa respostas satisfatórias nos portadores de cefaléias e enxaquecas (que respondem bem à manipulação dos ossos do crânio), bem como nos problemas viscerais, principalmente nos relacionados ao aparelho digestivo. Em Pediatria vem crescendo a aplicação no tratamento dos distúrbios do sono e no déficit de atenção, afora as indicações anteriormente citadas.

A proposta da Osteopatia restringe-se ao aspecto mecânico das vertentes da saúde. Visa estimular, facilitar e direcionar a movimentação de ossos e articulações buscando o realinhamento fisiológico das estruturas.  Isso é realizado, como já visto, inclusive nos ossos do crânio, os quais, diferentemente do que muitos pensam, não é rígido mas possui pequenas áreas passíveis de movimentação, sendo que seu enrijecimento é responsável por muitos dos casos de dores de cabeça. 

Fato curioso é que na Europa, em muitos países, disponibiliza-se o profissional na sala de parto para prestar assistência ao recém-nascido e, com a manipulação, permitir a manutenção da mobilidade fisiológica do crânio.

Raramente se associa o uso de algum medicamento à prática clínica quotidiana, mas, quando isso se faz necessário, a opção é por fitoterápicos. 

Faz-se obrigatório ressaltar que não realiza milagres e nem busca se afastar dos tratamentos da Medicina tradicional, pois o fato é que se complementam e, muitas vezes, a resposta à manipulação evita um procedimento mais invasivo.  Infelizmente ocorre no Brasil um excesso de medicalização de sintomas, com abusivo número de prescrições de analgésicos e anti-inflamatórios, os quais minimizam a dor mas não tratam a causa do problema.  Lógico que essa prática tem uma raiz cultural forte e não é fácil de erradicar, embora já não seja de observação corriqueira em muitos outros países. Na Suíça, por exemplo, curiosamente há dados que indicam que os osteopatas estão sendo mais procurados do que os médicos que praticam medicina convencional quando se torna necessário tratar dores articulares, mas sempre deixam claro que não buscam disputar espaço, pelo contrário, afirmam que cada uma dessas áreas tem sua aplicabilidade, sua demanda e seu lugar no mercado de saúde.

É, portanto, bem vinda a notícia da chegada do Dr. Georges Domingos a Natal, já no mês vindouro. E que ele ajude (certamente o fará!) a conservar em boas condições as funções articulares dos habitantes desta ensolarada (nem sempre!) cidade.

Até o Domingo que vem!

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