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Ritmo tartaruga gera polêmica

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Alcyr Veras
Economista e professor universitário

Não é o caso da conhecida fábula do escritor Monteiro Lobato em que a Tartaruga, no papel de “mocinha do bem”, vence a competição de uma corrida contra a velocista Lebre, porque esta, desdenhando da extrema vagarosidade da adversária, assume o papel de vilã e resolve parar para descansar à sombra de uma frondosa árvore durante o percurso, o que lhe fez cair em sono profundo.

A atual situação da economia brasileira não se aplica, portanto, à figura da fictícia Tartaruga vitoriosa, mesmo em que pese o rico talento literário e a notável criatividade artística do famoso escritor brasileiro (o qual poderíamos carinhosamente chama-lo de nosso “Walt Disney tropical”). Constata-se que nos últimos três anos, vem ocorrendo redução gradativa no ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Em vista disso, os dois seguintes ditos populares tornam-se cada vez mais eloquentes: que não se pode tapar o sol com a peneira; e que contra fatos, não há argumentos. Caminhando a passos visivelmente mais lentos, a economia brasileira aproxima-se perigosamente do chamado risco estacionário, ou seja, aquela fase em que o baixíssimo incremento econômico é engolido pela depreciação dos ativos fixos (aqueles que produzem a riqueza de um país).  No Brasil, há um péssimo vício histórico muito difícil de ser resolvido. Até hoje não se conseguiu implantar uma política econômica que seja realmente impermeável aos interesses eleitoreiros (principalmente quando se trata de reeleição para cargos majoritários).  Em lugar de projetos de Governo, deveríamos ter projetos de Estado que transcendem os mandatos de governos, e se tornam ações permanentes a serviço do desenvolvimento social e econômico do país.

A atual equipe econômica do Governo Dilma Rousseff parece navegar à deriva. Sem rumo, prevalecem as improvisações e os casuísmos. A ausência de planos e de ações consistentes e sistemáticas, levam à tomada de decisões típicas de ano eleitoral, como por exemplo, redução de tarifas de energia elétrica; congelamento dos preços de combustíveis e das passagens do transporte público. Essas medidas foram adotadas com o objetivo de combater a inflação. Mas, os disparos erraram o alvo, tornando vulnerável o setor energético e descapitalizaram a Petrobras. Enquanto isso, os gastos governamentais continuam em alta. Sem diálogo pró-ativo, diminuem os níveis de confiança do empresariado em relação ao atual Governo. Por falta de inovação e de competitividade, a indústria nacional está sofrendo os efeitos de uma dura retração. O somatório de todos esses aspectos desfavoráveis, faz despencar o montante dos investimentos no país.

Não há previsibilidade confiável, em cenário positivo de curto prazo, para que o Brasil deixe de conviver atualmente com índices tão baixos de crescimento econômico. O assunto tem suscitado posições polêmicas. O Banco Central e o IBGE trabalham com metodologias diferentes para calcular o valor do PIB. O Boletim FOCUS, do próprio Banco Central, registrou queda de 1,2% na atividade econômica no segundo trimestre deste ano. Especialistas, de tendência moderada, dizem que estamos vivendo uma fase de transição que eles chamam de “recessão técnica”. As Consultorias Tendências e Rosenberg Associados, e os Bancos Credit Suisse e ABC Brasil, rebaixaram suas expectativas e acham que o PIB apresentará resultado negativo no segundo trimestre. O Governo discorda das previsões pessimistas dos analistas, e diz que o resultado oficial do PIB sairá no próximo dia 29 de agosto (amanhã). Vamos aguardar!

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