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RN cresce, mas não retoma liderança

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Andrielle Mendes – Repórter de Economia
 
A produção de camarão no Rio Grande do Norte deve crescer 25% em 2011. A expectativa é que o estado produza 25 mil toneladas este ano. Em 2010, produziu 20 mil toneladas. A média de crescimento fica acima da nacional. No Brasil, a produção deve subir 13,3%. Apesar do avanço, o estado não retoma a posição de liderança no País, ocupada pelo Ceará desde o ano passado. Os números foram apresentados ontem pela Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC) durante o lançamento da Feira Nacional do Camarão (Fenacam) e da World Aquaculture Society 2011 – maior reunião da aquicultura mundial – mostram que o setor já dá sinais de recuperação.    

Em 2010, a produção de camarão caiu 10,33%, o estado perdeu 2 mil hectares de área de produção e deixou de ser o maior produtor de camarão do País. A redução foi consequência das enchentes registradas em 2008 e 2009 e também das oscilações do câmbio. “O setor se recuperou e superou a questão cambial, destinando quase toda a produção para o mercado interno”, explicou Itamar Rocha, presidente da Associação. Atualmente, 97% da produção nacional é comercializada dentro do próprio País. A meta, segundo ele, é voltar a exportar e recuperar a posição que sempre foi ocupada pelo estado: a liderança.

Durante o lançamento da Fenacam,  que ocorre de 06 a 10 de junho juntamente com a World Aquaculture Society (WAS), maior reunião mundial de carcinicultura, o secretário estadual da Agricultura e Pesca, Betinho Rosado, anunciou o investimento de, pelo menos, US$36 milhões no cultivo de pescado em águas interiores. Atualmente, o estado cultiva cerca de 2 milhões de peixes em espelhos d’água. Segundo dados da secretaria, o RN possui 1 milhão de hectares de  espelhos d’água. Deste total, apenas 1% (correspondente a mil hectares) pode ser utilizado para o cultivo de peixes, de acordo com a legislação nacional. Parece pouco, mas se aproveitado pode transformar o RN no maior produtor de peixe em águas interiores da América Latina.    

O desafio, segundo Itamar Rocha, é legalizar o micro e pequeno produtor, concedendo licenças ambientais e disponibilizando linhas de crédito específicas. O RN reúne 40,5% de todos os criadores de camarão do Brasil. Quase 90% é micro e pequeno produtor, tem dificuldades de obter licenciamento e praticamente não tem acesso a crédito, o que aumenta ainda mais o desafio. Embora o Ceará, principal concorrente do RN, também enfrente dificuldades para licenciar a atividade, não possui micro e pequenos criadores, mas médios e grandes capazes de superar crises com mais facilidade. Para crescer, os produtores de camarão precisam de um ‘empurrãozinho’, afirma Itamar Rocha. Segundo ele, outros estados criaram uma política de incentivos para o setor. “No Ceará, não tem micro e pequeno produtor. Só tem médio e grande. O cenário é diferente. Eles conseguem se sair melhor durante uma crise. Aqui no RN os produtores precisam do guarda-chuva do governo”, compara.

De acordo com Itamar Rocha, o Rio Grande do Norte já produziu 35 mil toneladas de camarão por ano e pode produzir ainda mais se tiver apoio governamental. Na próxima terça-feira, Itamar Rocha, da ABCC, se reúne com produtores de camarão. Tentar encontrar formas de alavancar a produção. Depois disso, deve se reunir com o vice-governador Robinson Farias, secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos para tentar agilizar a concessão das licenças ambientais, considerado principal entrave da atividade.  Felipe Taunay é dono da Anequim Pescados, fábrica de beneficiamento de camarão em Extremoz. Há 11 anos na atividade, confirma que o setor está se reerguendo. “Enfrentamos seis anos de muitos problemas, mas o mercado está melhorando”, afirma.

Serviço

Fenacam 2011

Data: 06 a 10 de junho

Local: Centro de Convenções

Setor consegue minimizar impacto do novo Código

A votação do Código Florestal foi adiada para a próxima semana. O governo federal, segundo Itamar Rocha, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão, tenta conquistar, com a manobra, o maior número de adesões. “O governo tinha condições de  aprovar o Código, mas queria conquistar a maioria absoluta”, avalia. Depois de se reunir com vários deputados federais em Brasília e conversar diretamente com o relator do projeto Aldo Rebelo (PC do B/SP) , Itamar Rocha e representantes do setor  conseguiram incluir duas alterações no Código, minimizando possíveis efeitos negativos.

“Nossa proposta está no Código. Aldo Rebelo (relator do projeto) aceitou proteger as fazendas de camarão e as salinas. Incluiu um artigo no código reconhecendo que Salgado e Apicum não são áreas de manguezal devido ao alto nível de salinidade, portanto não são Áreas de Proteção Permanente, e que isso não pode ser alterado nem por ato do poder público”. Itamar Rocha temia que as alterações do Código afetassem a carcinicultura e a produção salineira, dois carros chefes da economia potiguar.

Conforme divulgou o Globo, a manobra de abortar a apreciação do texto do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) foi comandada pelo líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), que temia a derrota em plenário.

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